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Viver Expatriado É Viver Em Constante Nostalgia. Porquê?

04.11.19 | Vera Dias Pinheiro

viver-expatriado-e-viver-com-nostalgia

 

nostalgia | s. f. nos·tal·gi·a

(francêsnostalgiedo gregonóstos-ouregresso a casaviagem + gregoálgos-ousdor)substantivo feminino 

1. Tristeza profunda causada por saudades do afastamento da pátria ou da terra natal

2. Estado melancólico causado pela falta de algo ou de alguém.

"[nostalgia", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/[nostalgia [consultado em 04-11-2019].

 

Este ir e vir à nossa terra natal, às nossas origens é passar a viver sempre com uma certa nostalgia dentro de nós. A nostalgia de quem volta às origens, à sua vida, às suas rotinas e, acima de tudo, às suas pessoas. Nostalgia de quem – quando está - gostava que o tempo parasse e pudesse fazer sempre mais: estar mais, ver mais esta e aquela pessoa, ir a mais algum sítio. No fundo, não se sentir um visitante na sua própria terra.  

 

No entanto, estes (poucos) dias em Portugal tiveram duas grandes prioridades: estar com a minha mãe, a prioridade de todas as prioridades - e levar até ela um pouco da nossa fé e esperança, sobretudo com a presença dos netos, pois as crianças que são um “boost” de vida. E depois, dar seguimento a alguns trabalhos e estar com algumas pessoas com as quais tive que cancelar as “despedidas” fosse pela operação repentina nas vésperas da mudança – quem ainda se lembra da minha apendicite sem pré-aviso? - fosse pela repentina mudança de planos na vinda em agosto com prioridades que tiveram que se sobrepor a tudo o resto. Tinha estas portas por fechar e precisei de o fazer.

 

Ainda assim, é importante agradecer (de coração) aos amigos e a todas as pessoas que compreendem, que nos apoiam, que nos ajudam logisticamente, que estão do nosso lado “no matter what”. Assim fica mais fácil e mais leve, este ir e vir, sempre a correr por mais tempo que tenhamos. Assim, temos a certeza que continuamos uma fase diferente da nossa vida e que não deixamos nada/ninguém para trás.

 

E agora em casa novamente, estes dias são invariavelmente envoltos nessa tal nostalgia. Aos poucos, com o regresso às rotinas, voltamos a sentir-nos em casa, voltamos à nossa vida cá, às videochamadas, aos grupos do WhatsApp e nas insistências para que nos venham visitar.

 

A vida segue feliz e preenchida, é verdade, mas sempre com essa tal nostalgia. Existem mais birras, mais choros que não são mais do que manifestações das saudades, para os miúdos é bem mais complicado do que para nós. E a verdade é que embora exista toda esta nostalgia, não estamos cá de forma egoísta, estamos a pensar sempre num futuro melhor para nós, para os nossos filhos, mas também para aqueles que estão à nossa volta e que podem vir a precisar de nós. Nem sempre é fácil colocarem-se do nosso lado e pensar que nos momentos complicados, sentimos uma grande solidão por falta da nossa rede de apoio, uma saudade imensa porque é nesses momentos que esse sentimento sai cá para fora em todo o seu vigor.

 

Mas é preciso estabelecer prioridades, por muito egoísta que isso seja, porque a nossa vontade é de estar com toda a gente. Mas é preciso fazer escolhas e aceitar as consequências delas mesmas, é o preço a pagar por sermos adultos, creio eu! Mas o preço a pagar é também ganhar a confiança para expressar aquilo que nos é possível (ou não) fazer, não criar expectativas e… aceitar as consequências das nossas atitudes.

 

Cresci muito quando fiz Erasmus. Cresci mais ainda quando vim para Bruxelas, em 2013, com um bebé de 3 meses e uma licença sem vencimento. E, acreditem, ainda tenho mais para crescer aqui, nesta nova experiência, passados praticamente cinco anos. Regressei e os desafios são outros, os “issues” que me prendem a Portugal são igualmente outros e muito presentes no meu dia-a-dia.

 

Perante isto, não há outra forma de lidar se não ACEITAR! Mas aceitar com muito amor por mim, muita condescendência pela pessoa que eu sou e pelos meus limites. A autocritica em excesso acaba por prejudicar a nossa confiança, acaba por nos deprimir e pouco ou nada incentivar a seguir em frente. Por isso, o primeiro passo é continuar este caminho de aceitação comigo e, por consequência, com os outros.

 

Foram dias muitos importantes aqueles que passamos em Portugal. A quem vi, foi de coração e, a quem não vi, acredite que continua no nosso coração e nos nossos pensamentos.

 

Até breve Portugal.

 

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