Viajar em família: é preciso deixar o tempo fluir!
São precisos uns dias para olear a máquina “família” e para que a dinâmica entre todos flua para que o objectivo principal seja alcançado: desfrutar das férias, afinal, é disso que se trata. Contudo, é só nas férias – que infelizmente não são a maior parte dos nossos dias - que passamos 24h juntos, que temos que aceitar o outro com aquilo que gostamos e não gostamos em todo o tempo. Depois, há os gostos e os interesses, existem dois adultos e duas crianças que têm que convergir - sendo que os pais cedem mais aos filhos, mas os filhos também aprendem a ceder perante os pais.
E isto não é assim tão linear, porque cada um dá a sua sentença e tem a sua vontade, sobretudo os mais pequenos, com quem passar 24 h, é como andar numa montanha russo de atitudes, vontade e emoções. E isto só por si já nos dá bem que entender.
Contudo, nestas nossas férias anuais, palmilhamos as cidades de uma ponta à outra a pé. É assim que conseguimos desfrutar do ambiente, conhecer recantos menos turísticos e, afinal, o tempo estica porque cada segundo é aproveitado. E estas férias, em particular, não estão a ser excepção. Florença, Siena e agora Veneza são cidades que só pela sua arquitectura, monumentos e características peculiares nos enchem com passeios por ruas e ruelas.
Portanto, andamos muito a pé, muito mesmo. E, se há momentos baixos nestas viagens e o desgaste físico pode ser grande, aquilo que recebo dos meus filhos e a equipa que faço com o meu marido, é talvez um dos pilares da nossa família e um dos ingredientes essenciais da nossa relação a dois - mesmo que as viagens sejam a quarto.
Já eles (Laura e Vicente), com as idades que têm, são, como dizem, autênticas esponjas. Absorvem tudo, especialmente para as línguas. A cada viagem que fazemos e, à medida que crescem, a familiaridade com línguas que não o português é cada vez maior. Por exemplo, pelo à vontade com que a Laura expressa/repete aquilo que lhe dizem, como, por exemplo, um Ciao Bella ou a naturalidade com que o Vicente responde com um grazie. Contudo, não posso deixar de falar da resistência e da resiliência com que os dois nos acompanham e até nos incentivam a ir sempre um pouco mais longe.
Por tudo isto e tantas outras pequeninas coisas, não tenho dúvidas em afirmar que este é o presente certo para eles e aquele que mais efeito tem nas suas vidas. O Vicente, por seu lado, diz que as férias são brutalíssimas e a Laura não hesitou em subir uma quantidade imensa de escadas pelo seu próprio pé para ver o que estava lá em cima.
Agora, claro que é dispendioso, muito, embora nós tenhamos os nossos truques para tentar economizar o mais possível – e, mesmo assim, vou passar os próximos 6 meses a viver de forma mais contida. Contudo, sabem que mais? Esta é mais uma experiência que ninguém nos tira, a nós e a eles. Temos as baterias carregadas para mais uns tempos, aprendemos a lidar com as dificuldades, a rir das peripécias e a festejar por cada etapa que alcançamos.
Neste momento estamos em Veneza e é por aqui que iremos passar os próximos dias até o nosso regresso a casa. Decidimos aumentar o grau de dificuldade desta viagem. E só para terem uma idade do espírito que por aqui se vive, a Laura pensa que esta a passar férias numa grande piscina, sem contudo puder ir molhar o pé e o Vicente está a viver uma autêntico episódio da Patrulha Pata Marítima. Já apanhamos autocarros que andam na água e subimos e descemos muitas escadas e pontes com um carrinho de bebé.
A cada sesta que não se faz aumenta a adrenalina e o cansaço, ao fim do dia estão elétricos, ao fim do dia nós estamos saturados, mas ainda assim, voltamos a acordar cheios de energia para um novo dia.
Boa noite!