Um novo recomeço. Mais um, dos vários a que 2020 já nos obrigou!
(Mais Um) Recomeço De Ano Lectivo Em 2020
Chegaram ao fim três longas semanas de férias e de escola à distância. E por mais que a situação da pandemia já se arraste a vários (longos) meses, a verdade é que o nosso organismo ainda não assimilou com naturalidade as sucessivas alterações que a nossa vida enfrenta.
Nas últimas semanas tem sido difícil para mim manter sempre o ritmo e entusiasmo. Quando as coisas encarrilam no sentido certo, surge uma nova alteração abrupta e eu levo o meu tempo a assimilar tudo. O facto de ter deixado de me exercitar com tanta regularidade e o sono desregulado são a prova disso mesmo.
E por maior que seja o esforço para que os dias decorram da mesma forma, é tudo feito com muito mais esforço, olhar para o que não pode mesmo falhar e concentrar-me apenas nisso. Neste caso, o que não pode falhar é a minha responsabilidade com as crianças, nomeadamente as refeições, a roupa lavada, alguns passeios ao ar livre e, claro, a escola.
E assim foi, talvez seja sempre numa escola maior, porque eu não tenho horários de trabalho, porque é uma rotina periclitante, porque é fácil deixar para depois. E, depois, se eu não me ocupar destas duas crianças nestas circunstâncias tão particulares, o que será deles?
Hoje voltaram à escola, ambos, felizes, muito felizes, ainda que estar em casa seja um oásis. Regressaram com as escolas em código vermelho, o que quer dizer que as cantinas não estão a funcionar e que as refeições são feitas na sala, que vai existir obrigatoriedade de usar máscaras, neste caso para o Vicente, em certas circunstâncias, nomeadamente nas aulas de língua 2, em que várias turmas de várias secções linguísticas se misturam e ele sai da sua “bolha” e em que a desinfecção das mãos vai ser mais rígida e mais frequente – algo que nunca devia ter deixado de ser assim, uma vez que está mais do que provado que é fundamental para prevenir o contágio.
Ficou ainda bem claro que existe uma forte probabilidade de haver novamente ensino à distância alguns dias (semanas?!) mais perto das férias do natal. Uma quadra que ainda é uma incógnita para nós. Não sabemos que iremos a Portugal ou se será possível receber cá a minha irmã e a sua família.
Cresce dentro de mim a esperança com a vacina, logo eu que era tão céptica em relação a isso. Porém, parece que vivemos numa bola de neve que não acaba, apenas há momento em que fica menor para logo a seguir voltar a aumentar. Sem um tratamento minimamente eficaz, ainda que sem garantias de imunidade a 100% parece-me difícil esperar pela normalidade.
Resta-nos apenas abraçar com carinho e amor todos os nossos estados de alma e, por vezes, o não exigir de mim mais do que o meu cérebro permite é a melhor solução. E o espelho disso foi, por exemplo, este fim-de-semana. Aproveitando o tempo cinzento, com frio e chuva, dormi muito, vi muitos filmes de natal na Netflix, ouvi os meus filhos a brincar perto de mim, mas também a gritar e a implicar muito um com o outro, tomei um banho que lavou até a alma, com todos os mimos que merecemos (eu e vocês), fiz scones e um bolo de canela, deixei a roupa toda lavada e as refeições da semana preparadas. Não estive nas redes sociais, não criei conteúdo para mim e não consumi nenhum conteúdo de vidas alheias para que os pensamentos de auto-crítica ou de comparação não viessem contaminar este meu estado de auto-respeito comigo mesma.
Hoje o despertador voltou a tocar à hora do costume, do nosso normal, às 6h30, e depois de uma boa noite de sono, pareceu tudo fácil e agradável. Sem discussões matinais ou atrasos e com as mochilas e as lancheiras de novo junto à porta de casa.
E foi assim mais um recomeço, dos milhares que 2020 já teve. Resta-me agora desejar que seja uma boa semana para mim e para vocês.
Com carinho,
Vera