Tentar controlar o incontrolável
29.06.15 | Vera Dias Pinheiro
Estava a meio deste post quando recebo uma chamada da creche do Vicente a pedir "socorro", pois tinha acordado da sesta com quase 40º de febre. Quando retomei, o sentido com que o escrevia mudou completamente após uma tarde passada nas urgências e depois de perceber (mais uma vez, porque esta é uma lição que nunca se aprende verdadeiramente) que não vale a pena fazer muitos planos, tentar organizar muito ou sequer pensar que controlamos o nosso tempo, porque a partir do momento em que temos filhos isso é algo que deixa de existir por completo.
Na semana passada não consegui fazer aquilo que tento fazer a cada início de semana (de preferência logo no domingo), que é perder uns minutos a escrever tudo aquilo que tenho para fazer, organizar na minha agenda os assuntos e até dividi-los por dia. Esta é a forma que encontrei para conseguir corresponder a tudo aquilo que me proponho a fazer de segunda a sexta-feira, não deixando que os extras e os imprevistos me impeçam de cumprir a minha to do list. Foi uma semana onde deixei levar-me, por completo, pelas coisas relacionadas com a casa (que é o trabalho mais ingrato de todos, porque nunca fica em dia). Este acaba por ser um dos problemas para quem, como eu, trabalha em casa. Nem sempre conseguimos fechar os olhos a tudo o que temos para fazer (pois, há sempre alguma coisa para arrumar, uma máquina de roupa ou de loiça que acabou de lavar, etc...) e depois, há alturas da nossa vida, em que só conseguimos produzir e ser produtivos quando tudo o que está a nossa volta está em harmonia e organizado. E assim foi, na semana que passou tive que, literalmente, arrumar a casa para me conseguir concentrar no trabalho.
Deste modo, e arrumações à parte, as expectativas com esta segunda-feira (e esta semana) eram muitas. Eu precisava sentir que tinha o meu tempo, que tinha as coisas sob o meu controlo. Porém, assim que termino a minha lista semanal e começo "este post" cheia de energia, o telefone toca e corro para ir buscar o Vicente. E não há nada que me deixe de coração mais apertado do que vê-lo doente, não há nenhum outro imprevisto que venha abalar a rotina normal de uma mãe do que ter um filho doente. Nessa altura, movemos mundos e fundos para que possamos estar com eles e dar-lhes toda a atenção que precisam. Por isso, é até um pouco egoísta da minha parte achar que posso ter o meu tempo, quando tenho um filho em que o meu tempo ainda é o dele, o que torna inevitavelmente a minha vida demasiado imprevista.