Temos a primeira “baixa” do primeiro ano na creche!
No espaço de três anos já me tinha esquecido de como é este primeiro ano, não importa a idade das crianças. Com o Vicente, inocentemente, achei que, por já ter dois anos, iria ser pacífico. Mas não foi. Foi um ano para esquecer em termos de vírus e viroses e todas essas coisas (felizmente) pequeninas, mas faziam com que ele ficasse semanas inteiras em casa. Chegamos inclusivamente a estar internados, o diagnóstico apenas apontou para a presença de uma bactéria. Foi um grande susto, mas passou e a lição ficou aprendida.
Com a Laura, a expectativa é outra. Afinal, tinha conseguido amamentar em exclusivo até aos seis meses e, depois, prolonguei até aos doze meses. Fiz o melhor que consegui para lhe garantir, para além do melhor alimento que podia receber, tivesse também um sistema imunitário mais reforçado e preparado para enfrentar os vírus, as viroses e as bactérias de uma creche. E a verdade é que, no tempo que esteve em casa, e com o irmão a ir e vir da escola, a miúda lá se aguentou sem nada a apontar. Teve a varicela, contudo, se querem que vos diga, ainda bem!!!, estão os dois despachados!
Todavia, ainda nem um mês completou de creche e já está em casa com uma virose, que começou ainda no fim-de-semana, melhorou, mas não resistiu ao regresso à escola na segunda-feira. Está em casa e diga-se que está como quer! Matou saudades dos tempos de antes, com as idas ao parque, os passeios pelo bairro, os mimos e até recusar-se a dormir a sesta.
Ainda pensei que fosse uma espécie de reacção psicossomática à escola, porém vários meninos da sua sala apresentam os mesmos sintomas. Portanto, oficializamos a primeira baixa deste primeiro ano.
Tendo um trabalho digamos “normal” é muito complicado conjugar tudo isto, ainda que o continue a ser trabalhando em casa, mas em casa eu não preciso de pôr baixa e com maior ou menor dificuldade, faço as coisas. Da mesma forma que não preciso de a mandar para a escola e posso protege-la e deixar que se recupere totalmente em casa.
E de cada vez que falo com outras mães, percebo o luxo que isto é. As regalias que ter tempo significam nos dias que correm e especialmente para quem tem filhos. Eu sei que isto faz toda a diferença na vida deles e não devia ser uma excepção. O mesmo acontece com as mães que amamentam e que, no regresso ao trabalho, grande parte deixa de conseguir devido ao stress que tudo implica. E o mesmo com as grávidas, porque gravidez não é doença, não é? Não é doença, não, mas é um estado diferente e especial e, consoante a mulher, pode ser mais ou menos pacífico de se levar aqueles nove meses.
A desculpa dos filhos não existe. É uma realidade, são crianças que dependem de nós e supostamente trabalhamos para ter alguma qualidade de vida e também para que nada lhes falte. Mas de que isso adiante se, depois, lhe faltamos com o mais importante? Da mesma forma, que mentir numa entrevista e dizer que não pensa ter mais filhos, só porque pode ser mal visto e penalizador para a mulher, não pode ser uma prática corrente no mundo do trabalho. A incompreensão, para quem quer estar presente e dar apoio também não, pois não é isso que nos faz ter menos mérito naquilo que fazemos.
Aliás, o mérito e a qualidade vão muito mais além do número de horas que passamos no nosso local de trabalho. Não é isso que determina a minha produtividade. E tenho pena que, em Portugal, o mundo do trabalho não seja mais flexível e que não existam mais formas alternativas de trabalharmos, porque a maternidade não nos retira a vontade para trabalhar, só precisamos, em determinados momentos, de fazer reajustes e de ter uma maior flexibilidade. E não precisam de se confundir as coisas.
Um pouco mais de respeito pelo ser humano que somos e muito menos de julgamentos e preconceitos, por favor! E uma vénia a todas as mães que fazem uma ginástica física e mental para estar a 100% em todo o lado sem nunca se queixar ou dizer que não consegue.
Boa noite!