Também é aceitável deixar alguma coisa para depois!
Usufruir Mais Do Tempo Sem Culpa Ou Pressão
É sexta-feira e foi novamente mais uma semana que passou a voar! O que é bom, pois é sinal de continuamos a conseguir seguir com a nossa vida e manter certas rotinas. E, no meio da vida situação de pandemia, os nossos filhos tem sido a nossa prioridade. Tem sido importante que sintam o menos possível esta privação de liberdade ou das coisas normais do seu dia-a-dia e que nós, adultos, sentimos cada vez mais – e que me preocupa bastante.
Para este ano lectivo fizemos algumas adaptações no sentido de facilitar um pouco a minha vida, pois estava muito condicionada pelas deslocações diárias, duas vezes ao dia, para duas escolas diferentes. E foi muito, muito desgastante, porque ainda são uns quilómetros até à escola do Vicente.
Portanto, uma das grandes novidades foi o autocarro escolar para o filho crescido, que depois do “estranha-se”, rapidamente se habituou. Depois, debatemos com a questão das actividades extracurriculares. Primeiro, se teriam ou não este ano (devido à situação) e, de seguida, se fariam na escola ou fora.
No meio de toda esta pandemia, o mais importante para nós, enquanto pais, é conseguir que, tanto o Vicente, como a Laura mantenham a sua rotina o mais normal possível. É não correr o risco de, sei lá, um ano ou mais, em que as crianças fiquem demasiado afectadas com esta pandemia – já basta todas as alterações na escola e no seu dia-a-dia a que tiveram de se habituar. E, por isso, optamos por manter algumas actividades extracurriculares.
O Vicente continua com o judo e, este ano, o inglês. E a Laura, o ballet e também aulas de inglês. Ambos estão muito contentes e são coisas que realmente gostam e, enquanto, for possível irão manter. E, como tal, o ponto alto da semana, ou seja, os dias de maior exigência, para mim, são a terça e a quarta-feira. Pois, como se não bastasse, iniciei as aulas de francês, dois finais de tarde por semana, o que vem sobrecarregar ainda mais este arranque semanal.
Porém, quando chega a quinta-feira, para além de já estarmos quase no fim-de-semana de novo, há como que um sentimento de começar a semana novamente. E são dois dias que acabam por ser bastante produtivos em termos pessoais e profissionais. E acho que estou finalmente a encaixar esta dinâmica familiar vs pessoal, sem me sentir perdida e/ou desmotivada.
Mas gostava de vos dizer que algo que veio contribuir muito para aliviar esta correria e que foi a preparação das refeições ao fim-de-semana. Sei que é parte do fim-de-semana que “perco” e em que fico na cozinha. Contudo, por outro lado, é tempo que ganho durante a semana. E tem realmente compensado.
Sabem? A pressão para andarmos constantemente cansados e stressados, é algo com que tenho me debatido nos últimos tempos. Eu sempre vi a minha mãe a ser uma pessoa super frenética, sempre a fazer tudo – com genica, pensava eu, mas, afinal, era vencer o cansaço para fazer sempre mais alguma coisa, para cumprir mais alguma obrigação.
O custo-benefício é demasiado elevado, porque o cansaço em excesso torna-nos pessoas mal-humoradas, com pouca paciência e com demasiada susceptibilidade para tornar coisas insignificantes em grandes tempestades. Estou certa ou errada?
Eu trabalho em casa e eu passo 90% do meu tempo em casa. E posso dizer-vos que estou constantemente a ver tarefas a chamar por mim:
- Ou é o apito da máquina de lavar a loiça a chamar-me a atenção de que o programa já terminou!
- Ou o cesto da roupa suja novamente cheio!
- Os brinquedos espalhados pela sala!
- As camas por fazer e a roupa do dia anterior que ficou espalhada na casa-de-banho!
- E a cozinha que padece de um qualquer problema pois não fica arrumada por mais do que cinco minutos.
E depois há o outro lado, há a outra metade do cérebro a chamar-me a atenção de que ainda não respondi a todos os e-mails, de que não estou a ser demasiado proactiva, etc, etc…
E eu conheço a máxima de que, para não acumular, devemos fazer tudo nada hora. Mas simplesmente, não sou eu a fazer tudo em casa – Graças a Deus – e não posso andar a moer constantemente os outros e a chamar atenção ou aos berros! Cansei, sabem? Durante o confinamento, atingi o meu limite e berros e de saturação com estas coisas “domésticas” e por estar constantemente a aborrecer-me a mim e aos outros.
Assim, o exercício tem sido o de aprender a colocar-me uma disciplina mental e espiritual de que não é nosso propósito passar os minutos, as horas, os dias, as semanas sempre a tratar de alguma coisa. Parar também é legitimo, deixar para depois pode ser aceitável e nada grave e, acima de tudo, usufruir do tempo, das pessoas e de nós próprios deve ser uma prioridade acima de qualquer outra.
Com um beijinho,
Vera