Sinto que entrei oficialmente na normalidade após o confinamento!
8 Coisas Que Aprendi No Confinamento E Que Mudaram A Minha Vida
Não foi um sonho e nem passou a correr, mas a verdade é que da mesma forma que saímos da normalidade, voltamos a entrar. E, na minha opinião, é disso mesmo que se trata: voltar à normalidade com as devidas adaptações e precauções. E eu com o secreto desejo de voltar ao caminho que estava a percorrer, pois a sensação que me dá é a de ter sido cuspida pelo mar depois de ter andado aos trambolhões nas ondas do mar picado da praia do Meco. Ainda a tossir e cuspir areia e água salgada, atordoada e confusa, pois sabe que o que se passou foi grave e difícil, mas ao mesmo tempo não tem bem a percepção.
Antes de tudo isto acontecer, o meu debate comigo mesma era as novas necessidades pessoais que sentia. Com os filhos acrescer e cada vez mais autónomos, renascia uma vontade quase que incontrolável de canalizar mais tempo, mais foco e espaço para mim e para os meus projectos. Talvez esteja a chegar aquela fase em que penso efectivamente: e agora? Os filhos crescem e quem és tu, Vera?
Eu sei a resposta, mas falta-me o tempo para concretizar e dar consistência a às minhas ideias e vontades.
Todavia, é preciso salientar a paz que tenho com tudo o que está para trás, com as decisões tomadas e o tempo que dediquei a uma maternidade tão exigente e a percursos familiares igualmente desafiantes. Mas eu atingi um novo patamar e, como tal, vivo com mais exigência pelo respeito do meu espaço, pela não invasão do meu perímetro de segurança e a sentir que é preciso haver um maior equilíbrio dentro da minha conjuntura para poder assumir mais responsabilidade com a minha esfera pessoal e profissional.
E hoje, no último dia em telescola exclusiva do vicente e, numa fase, em que o pai e a irmã já passam muito tempo do dia fora de casa, eu volto, não tão lentamente quando eu desejaria, a esse tal debate, subitamente colocado em stand-by pela pandemia. Tenho receio de voltar a passar por um confinamento, sabiam? Não pelo facto de ter que estar em casa, mas sim, pela pressão que senti, as amarras e a forma como fui confrontada com a falta de tempo e a ausência de mecanismos para impôr esse tempo que preciso.
Ainda assim, há coisas positivas a trazer para este debate interior e que fora consequência da pandemia e, do consequente, confinamento. E que foram as seguintes:
- Aprofundei a atenção consciente sobre mim mesma e sobre os meus sentimentos;
- Adquiri o hábito de fazer meditação antes de dormir e, dessa forma, cancelar todos os pensamentos negativos que me assombra sempre na hora de dormir, contaminando ainda mais o meu estado de espírito e o meu humor;
- Aprendi a acalmar e a controlar a minha ansiedade para evitar discussões (bom, pelo menos ago de forma consciente para conseguir conversar comigo mesma a tempo para que a explosão não aconteça ou, pelo menos, que seja mais racional);
- Auto-controlo para não me deixar influenciar negativamente pelo excesso de informação e de partilhas nas redes sociais. Só assim, foi possível aceitar como legítimos e igualmente válidos os meus diferentes estados de espírito ao longo destes últimos três meses. Não somos todos iguais e não temos que reagir todos da mesma maneira perante a mesma situação;
- Ouvir e respeitar os meus limites pessoais e questionar-me sempre acerta da urgência das coisas;
- Ter mais atenção “social” sobre os outros e ensinar aos meus filhos que ao nos protegermos a nós estamos a proteger também os outros;
- Desenvolvi novas capacidades (muito importantes) enquanto mãe e das quais estou muito orgulhosa;
- Por fim, e o mais importante de tudo – pois, sem isso, talvez eu não tivesse gerido toda esta situação de forma tão racional e até sábia, pedi ajuda profissional precisamente para não fazer asneira.
E, perante estes pontos positivos que retiro do confinamento, é importante dizer que, para isso, foi imprescindível rever a minha hierarquia de valores e houve coisas que ficaram pelo caminho; outras que não correram tão bem e outras das quais dei por mim a abdicar conscientemente nesta fase para ter a capacidade de gerir outras frentes.
Quero ainda deixar claro que, paralelamente a esta lista tão positiva e da qual me orgulho, é possível escrever uma outra onde enuncio o que correu mal… Não se iludam, pois este confinamento foi uma provação muito grande e, por essa razão, é igualmente grande esta vontade de aceitar as regras e de as cumprir para voltar à normalidade.
Eu não sei quanto a vocês, mas eu preciso (muito) respirar e sair do fundo do mar para receber oxigénio e, entre os altos e baixo, perceber o balanço final…
Boa semana!