Quarto Partilhado: A Conquista Do Espaço E A Cumplicidade De Irmãos
Organização Funcional Para Um Quarto Partilhado Entre Irmãos
No balanço destas últimas semanas – já sabem que eu não faço contagens – gerir a tolerância entre o Vicente e a Laura tem sido das tarefas mais árduas desta quarentena. Perceber qual a medida certa entre o momento no qual podes/devo intervir e até onde os deixo gerir os desentendimentos sozinhos, não é de leitura fácil e imediata, sobretudo quando os momentos que se vivem são já de si bastante tensos.
Por instinto, dou-lhes espaço para que os dois descubram qual a melhor forma de lidarem um com o outro. Outras vezes, agarro os dois ao colo e, então, ajudo a traduzir e simplificar o que se está a passar naquele momento. Mas não existem truques, nem fórmulas mágicas. Um dia que tem tudo para correr bem descamba e vice-versa. Contudo, para mim, os momentos de cumplicidade contribuem precisamente para que eles se conheçam e tenham essa aprendizagem mútua. E, nesse sentido, o quarto partilhado tem, para mim, um importante papel.
Porém, eles vão crescendo e mesmo que a Laura esteja sempre com pressa de acompanhar o irmão em tudo, eles são diferentes de personalidade e em idade. Por isso, têm momentos em que, mesmo juntos no mesmo espaço, brincam com coisas diferentes. Consequentemente, era importante haver nesse quarto partilhado espaço para ambos, mas também marcar algumas “zonas” que assinalassem a individualidade de cada um.
Eles pediram uma mudança no quarto e eu aproveitei para dar aquela volta à disposição e organização que a andava a adiar. Tinham alguns artigos que me tinham chegado da Vertbaudet ainda por abrir e que tinham sido já pensados para fazer essas alterações no quarto partilhado.
Dica: Não tenham pressa com estas mudanças e nem comprem por impulso. Regra geral, é desperdicar dinheiro sem necessidade. Nós mudamos de casa há cerca de 9 meses e só agora estou a tratar disto, para terem uma ideia. Primeiro andei a testar várias possibilidades com aquilo que tinha e também perceber a dinâmica que há. Nomeadamente, mudar as camas foi algo que andou em cima da mesa. Depois a ideia é que não tenham o quarto cheio de coisas e se, por um lado, destralho brinquedos a toda a hora, por outro, não vou encher com coisas acessórias.
- A parte mais importante da mudança: mudar a disposição da cama!
Esta cama sempre esteve encostada à parede. Porém, como se trata de uma cama com uma segunda cama que sai numa gaveta, deixando de ter a cama encostada a parede, permitiu criar o espaço de mesa de cabeceira com as coisas só do Vicente e, do lado contrário, outra mesa de cabeceira com as coisas só da Laura. E ficaram ambos muitos satisfeitos. O Vicente, por exemplo, há muito que pedia um relógio para o quarto e, neste momento, já fez sentido que o tivesse.
- A decoração.
Os anjinhos da guarda foram presente da tia e, por isso, são muito especiais. Assim como outros elementos que fazem parte da decoração. Na verdade, não tenho por hábito comprar coisas especificamente para decoração, acabo por aproveitar as nossas viagens. Gosto de olhar para a minha casa e sentir que estamos envoltos de boas lembranças, seja amigos, família ou das viagens.
Os móveis são da linha Stuva da Ikea, bastante versáteis, como sabemos. A estante dos livros também foi comprada na mesma loja e, na casa anterior, estava na casa de banho. A mesa de cabeceira do Vicente, por seu lado, estava na sala e agora ganhou uma nova vida neste cantinho.
Todos os jogos de tabuleiro estão no gavetão. E, de resto, têm uma pequena cozinha, a casinha cor-de-rosa da Laura e outra mais pequena em madeira que, neste momento, dá abrigo às centenas de construções de Lego que o Vicente faz. E as caixas de madeira são aproveitamentos de press-kits que fui recebendo.
O pequeno toucador foi comprado numa loja de artigos em segunda mão por uma pechincha e neste quarto estão duas das fotografias mais especiais dos meus filhos e que, para mim, simbolizam o início da relação entre irmãos.
Entretanto, num quarto partilhado entre irmãos diria que o mais importante é o espaço e a forma como cada um consegue reconhecer e balizar o seu próprio espaço.
O último elemento decorativo a entrar foi feito a seis mãos e foi este Arco-Íris. Por um lado, reflecte um momento em que a vida deles retomou alguma normalidade com os pequenos passeios de bicicleta e que muito têm contribuído para que percam o medo e possam gozar da liberdade que merecem. Por outro, é igualmente um sinal de paz. Descobri que ao desempenharmos uma actividade em conjunto – em que eu sou apenas uma moderadora - ajuda.
Referência Cesto em Verga
A tensão cresce a cada dia! Precisamos todos de nos reinventar, contudo, as crianças precisamos muito da nossa ajuda para o conseguir. Medito, sem meditar, pois dou por mim a parar muitas vezes só para respirar e evitar ceder à reacção mais fácil e tempestiva.
Porém, não há nada a apontar-lhes. São os heróis desta história e de tantas outras que já vivemos. Neste momento, o maior desejo deles é apenas o de poder apanhar um avião com destino: família e primos!
Na minha opinião, as nossas crianças merecem todas as cores do arco-íris. Não concorda?