Quanto menos pensares nisso melhor... Da teoria à prática.
Esta é daquelas teorias que tem toda a razão de ser, porém, na prática, é difícil - para caraças - de aplicar. Quando quis engravidar a segunda vez e percebi que não estávamos a conseguir, porque alguma coisa não estava a funcionar em mim, passei pela experiência de ser controlada por hormonas e calendários. E sabem que mais? É impossível, para alguém que tem tudo programado, que descontraia e que é, quando menos esperar, que vai engravidar.
A seguir, quando os filhos nascem e passamos pelas (diferentes) fases, a de privação do sono, a das cólicas, a do choro, a das birras e, por aí, em diante, ouvimos de imediato que vamos ter saudades e que o tempo passa rápido demais. É verdade! Porém, sabem que mais? Não é por isso que deixa de custar, não é isso que alivia o nosso stress ou que retira o nosso cansaço. E acreditem que, do primeiro para o segundo, eu já esqueci as coisas menos boas, mas continuo a viver intensamente as diferentes fases com a Laura.
Aliás, perante as birras da Laura e calma do Vicente, até me custa acreditar que um dia foi ele que esteve naquele lugar. Que um dia, ele também me tirou o sono, teve crises de cólicas, berrava viagens de carro inteiras e também nas de avião. Compreendo (agora) perfeitamente quando se diz que, a grande maioria das mães, só fala nas coisas boas da maternidade. Afinal, são as coisas boas que permanecem, a nossa memória faz o seu processo selectivo (e bem).
Contudo, quando vem o segundo, terceiro… filhos a história repete-se. Sabemos que as noites sem dormir são uma fase, mas não é por isso que não custa ou que ajuda a passar as noites em claro. Um segundo filho é um totoloto e mostra-nos o quão vulnerável somos no nosso papel de mães e de pais. A experiência vai mudando de filho para filho, o que resulta com um não resulta com o outro e a forma como damos a volta também.
A única coisa que não muda é a nossa capacidade de pais de aguentar e de continuar a tentar até acertar. Todos os dias acreditamos que vai ser melhor. Cada dia representa uma nova oportunidade e nós, que nos tornamos crentes, acreditamos que pode ser diferente. Acreditamos que naquela manhã não vão haver birras para vestir ou lavar os dentes. Acreditamos que, no final do dia, não vai ser preciso implorar para que tomem banho ou para que comam o jantar. Respiramos fundo, enquanto carregamos os casacos, as mochilas, os sacos das compras e o que mais houver para carregar. Contamos várias vezes até 20 ou 30 para aguentar sem explodir em determinadas alturas. Afinal, nós sabemos que é uma fase, como tantas outras, e que eles são apenas crianças.
O que também não muda é o amor infinito por cada um como se fosse filho único. O que não muda é a vontade de lhes querer dar o mundo e de recomeçar sempre com amor, esquecendo tudo o resto. Ser mãe tornou-me resiliente e mais descentrada de mim mesma. O meu dia é gerido em função desse papel e do tempo que lhes dedico e da forma como a nossa família fez as suas escolhas.
Não espero que, quando for velhinha, retribuam ou que fique alguma espécie de dívida. São escolhas, que acreditamos beneficiá-los e contribuir para a atenção que lhe queremos dar. São as escolhas que cada família pode fazer, porque todas se esforçam diariamente por dar o seu melhor por os filhos mudam a nossa vida e obrigam-nos a crescer. Os filhos mudam-nos as prioridades e retiram-nos o medo de arriscar.
De certa forma é por eles e, através deles, que chegamos mais longe!