Passei do detestar ao agradecimento pela chegada da segunda-feira!
Eu era aquela pessoa que detestava as segundas-feiras, aliás, ao domingo à tarde, eu começava a sofrer com ansiedade. E, nessa altura, é certo que eu tinha todo o tempo para mim. Tinha a minha casa própria, vivia sozinha, não tinha filhos e nem animais de estimação. Aos fins-de-semana ninguém me acordava, ninguém ditava os meus horários ou as minhas rotinas e se quisesse ficar um dia inteiro no sofá, ficava.
Mas não era feliz com a segunda-feira. Não era feliz na minha rotina de segunda a sexta-feira, isso era um facto. Depois, claro que anulando a causa do meu mal-estar, as semanas e os fins-de-semana passaram a ser dias mais ou menos iguais para mim. Não haviam oscilações no meu estado de espírito e isso já me deixava, sem dúvida, muito feliz.
De a algum tempo para cá, comecei a sentir uma espécie de agradecimento quando a semana começa e mais precisamente quando fico sozinha no carro depois de ter deixado a Laura e o Vicente na escola. É mesmo um “ufaaaa” que me sai de forma inconsciente e natural. A maternidade transforma-nos, sem dúvida e vivemos fases diferentes em relação à mesma.
Nesta fase em concreto, sinto que preciso eles precisam muito da minha presença e que sinto que quando os vou buscar da escola eles precisam realmente de mim. Precisam conversar sobre o dia deles, precisam de brincar com as suas coisas e precisam da minha atenção. Sinto que a vida familiar está mais envolvida nos quatro, que já é possível dividir tarefas e, no fundo, estou também a viver uma fase bastante apaixonada, por assim dizer. Sinto que, de certa forma, já recuperei do impacto do primeiro ano de um filho e que vivemos todos uma nova fase.
Contudo, ao mesmo tempo, toda essa intensidade faz com que, ao mesmo tempo, regressar a casa na segunda-feira com os filhos já na escola, camas feitas, casa em ordem, o meu espaço intacto (pelo menos por umas horas), o meu silêncio e a minha concentração… São coisas que eu valorizo muito e que são fundamentais. Portanto, sinto um certo agradecimento interior com a chegada deste dia, especialmente este dia!
E eu sou uma pessoa que gosta de estar em casa, que se entretém bem sozinha, que não sofre de solidão ou de falta de concentração por estar em casa. Para já, resulta super bem e eu consigo gerir muito melhor o meu tempo. Claro que num dia mais agitado, em que eu ando mais tempo fora de casa, no final do dia, eu pago caro. Mas daí a importância das escolhas que eu faço e colocar na balança os prós e os contras e perceber quem é que ganha mais determinada acção, se eu ou os outros.
Com o tempo que tenho ganho com as escolhas que tenho feito, passo grande parte dele a reflectir, sobre mim, os outros e os meus objectivos. Tenho tempo para ir fazendo pequenos ajustes na minha vida para que não me desviei das coisas que me fazem feliz e que realmente me preenchem diariamente. E eu sou uma pessoa “pacata”, considero-me de bem com a vida e acho que sou muito boa a chutar os problemas para canto, focando nas coisas boas, porque elas existem sempre! Nunca duvidem disso! Seja no momento ou mais à frente, é importante encontrar o motivo bom por detrás de coisas que nos acontecem. E aí que a vossa vida muda, quando deixam de se concentrar no problema para se focarem no “copo meio cheio”.
Quando tirei a minha licença sem vencimento, quando fui mãe pela primeira, quando mudei de país e, no imediato, foi como se a minha vida estivesse a dar um passo atrás, afinal, ia ficar sem nada e dependente de um marido, sem um plano B ou C ou D na manga. Neste momento, as coisas podiam não ter tido um desfecho feliz. O facto de não ter tomado as decisões com base no que viria a seguir, ter sido sempre tudo às cegas, sem nada seguro ou definido, para mim, no dia seguinte. No fundo, eu limitei-me a confiar no meu instinto e na pessoa que tenho a meu lado. E, em cinco anos, construi tanta coisa a título pessoal, tive um segundo filho e de mãe em exclusivo passei a ser mãe que agradece a segunda-feira, porque os miúdos regressam à escola e ela precisa de tempo para si, para o seu trabalho e para tudo o resto.
Se eu tivesse ficado na ideia negativa de que ia deixar de ser independente financeiramente, que, de repente, iria dedicar-me a 500% a um filho, sem qualquer horizonte ou, pior, se o meu casamento – para quem conhece a história, sabe que até à ida para Bruxelas, a minha relação foi sempre à distância e, para além disso, todos sabemos que um filho pode ser uma bomba relógio numa relação – e se o meu casamento não tivesse resultado?
Percebem a ideia aqui? Eu acredito veemente que o positivo atrai o positivo, como também acredito que as segundas-feiras salvam as mães de fins-de-semanas intensos e exigentes, como este nosso que passou.
Tenho quase a certeza que a Laura passou mais tempo a chorar do que a falar, mais tempo ao colo do que a andar, mais tempo a desarrumar o quarto do que a adormecer, se soubessem que despejou um frasco de água de limpeza deles e que se besuntou com a cera do cabelo do irmão, isto tudo às escuras no quarto... enfim… são os intensos dois anos, nada de mais, não é verdade? 😊
Boa noite!