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As viagens dos Vs

Mulheres nutridas, famílias felizes

As viagens dos Vs

Para pensar quando oferecerem um brinquedo a uma criança.

27.12.18 | Vera Dias Pinheiro

quando oferecerem um brinquedo a uma criança

 

Passei praticamente o dia todo em arrumações. Na verdade, já comecei ontem à noite. Não sei se vos acontece mas, de vez em quando, tenho assim umas vontades de dar uma volta à casa toda. E, por isso, hoje a minha vontade era continuar e terminar de organizar tudo.

 

Seria suposto ter saído hoje de tarde para trabalhar. Contudo, alteramos os planos e acabei por ficar em casa, e veio mesmo a calhar. São as facilidades de ter um trabalho possível de se fazer à distância e, assim, conjugar e adaptar de acordo com as necessidades.

 

Final de ano e início da primavera/verão são essencialmente as alturas do ano em que sinto mais esta necessidade. Se bem que, de há um tempo para cá, faço a ronda e o destralhe com bastante frequência. Nesta altura, sofremos um pouco o efeito pós-natal e pós prendas e, por mais que eu avise e explique que o Vicente e a Laura têm muita coisa, acabo por ter sempre mais não sei quantos brinquedos novos.

 

Passada a euforia da abertura dos presentes, deixo-os escolher um ou dois, no momento, que abrem realmente e os restantes são guardados. Afinal, “longe da vista, longe do coração” e assim não andam sempre a pedir para abrir “só mais um”. E, depois, em determinadas alturas, vai havendo sempre uma ou outra novidade para brincarem.  

 

Ainda assim, acho que, no próximo ano, além de ser ainda mais explícita relativamente à minha opinião acerca do excesso de brinquedos, vou ter que igualmente ser muito franca sobre aquilo que ninguém diz, mas que todos os pais pensam… ter brinquedos novos em casa é uma pressão enorme para os pais. É um autêntico stress que se gera em torno daqueles objectos que nos invadem a casa de um dia para o outro - e para os quais dificilmente conseguimos arranjar espaço – como pelos obstáculos que eles representam em si.

 

Ora vejamos:

 

  1. As pilhas. Grande parte dos brinquedos precisam de pilhas, certo? Certo! E raros são aqueles que vêm com pilhas, certo? Certo! Porquê?! Devia ser obrigatório, sobretudo porque as pilhas nem sempre são iguais e uma pessoa quase que precisa de ter um curso certificado para decifrar os A e as potências das pilhas que os diferentes brinquedos precisam. E, atenção, compramos literalmente uma guerra se há um brinquedo novo que precisa de pilhas e os pais não têm!

 

  1. As embalagens. E as habilidades técnicas que é preciso ter-se para conseguir libertar um brinquedo da sua respectiva caixa? Ora, traz as respectivas instruções para o seu funcionamento, mas, então, e o guia para libertar aquela coisa de tantos fios e plásticos e outros mecanismos, supostamente fáceis de manusear, todavia, dão uns nervos danados para decifrar. Já para não falar da força que é preciso, da raiva que dá – é só um brinquedo! – as ganas, os suores e tudo mais.

 

  1. O desperdício. Papel, papel, plásticos e tudo o mais o que acondiciona e que se acumula numa quantidade de lixo absurda?

 

  1. O sofrimento que passamos para montar um brinquedo. Volto a lembrar que estamos a falar de um brinquedo, portanto, porque é que para montar uma cama de um boneco eu tenho que sofrer mais do que para montar um móvel da Ikea? Hum? Coisas complicadas e a pressão das crianças que perguntam sem parar se “já está???”.

 

  1. Os efeitos sonoros. Sim, esse trauma com que qualquer pai ou mãe fica da infância dos seus filhos. Buzinas, bebés que choram, bebés que riem, campainhas, instrumentos musicais que só têm um nível de volume: o demasiado alto. E a capacidade incompreensível que as crianças têm de fazer uma mesma coisa vezes seguidas sem se cansarem, desde que acordam (muito cedo), até irem dormir. Até hoje não percebo o que se passou na cabeça de uns amigos nossos quando nos ofereceram a banda do Panda e os Caricas, que, aliás, penso nunca ter sido aberta (desculpem! Mas quer-se dizer, tambores, pífaros, triângulos e sinos… misericórdia!). 

 

  1. E vou terminar com as letras pequenas de páginas de instruções e guias que os nossos filhos nos obrigam a ler. Humm?! Bom, não é? Uma pessoa está a olhar para o sofá, para o café que estava a pensar em beber, para a fatia de bolo rei que tinha acabado de cortar e aquilo que é obrigada a fazer é sentar e concentrar a ler instruções de brinquedos…

 

No fundo, nós, os pais, é que ficamos com a "batata quente" em mãos. Ah e tal, o natal é da crianças... pois, pois! :)

 

Boa noite!

 

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