Ofereço-vos 4 lições de vida! Testadas e aprovadas na primeira pessoa.
A (Tentar) Descobrir-me No Meu Luto, Na Pandemia E Na Vida (Em Geral)
Nos últimos tempos, semanas, meses, tenho procurado conhecer melhor certas partes da minha personalidade, descobrir o porquê de certas atitudes e, fundamentalmente, adquirir ferramentas (e a consciência) para mudar/melhorar onde é preciso. Mas uma pessoa não decide e acontece – era bom, era – uma pessoa pensa sobre as coisas, toma uma decisão e procura ajuda.
E foi assim que em plena pandemia e quarentena comecei com o acompanhamento de uma psicóloga. No meio de tantas exigências, tinha decidido arranjar mais uma. Mais um compromisso que me obrigasse a estar num dia e numa determinada hora, sozinha, ao computador, para uma consulta.
Mentiria se dissesse que nunca fui interrompida (mais do que uma vez) pela Laura ou se, por vezes, o dia fica tão difícil que a última coisa que me apetecia era “ter a obrigação de conversar com alguém”. Todavia, obriguei-me!
Porque embora seja um ser humano com muitos defeitos e muito para aprender, há uma enorme vontade de ser melhor e sei que para isso é preciso ajuda. Talvez o marco dessa viragem – há muito dentro de mim – foi a morte da minha mãe. E nos flash ´s que ainda passam por mim de que tudo foi um pesadelo e o cair a pique na dura realidade, eu descobrir que o único apoio que tenho sou eu mesma.
Não posso depositar nos meus filhos a força que duas crianças não têm. Eles, ainda mais do que eu, precisam de mim e de uma força superior para que na cabeça e no coração deles, esta ausência ganhe uma forma e uma presença ainda que espiritual.
Mas depois tenho reacções como a não conseguir responder a mensagens em que seja esse o assunto, pois é como se isso me obrigasse a assumir a perda, a falar dela com o verbo conjugado no passado e, a partir do momento, em que o fizer é como se ela deixasse de ter a importância que tem. Faz sentido?
Portanto, não consigo explicar a minha vida no presente para além da necessidade que a minha presença física representa para a minha família e casa. Não consigo explicar muito bem esta Vera – para quem a necessidade de estar acompanhada é proporcional à de estar sozinha – que vive há cerca de três meses, 24 horas por dia, em casa com a família. Sempre a correr de um lado para o outro e a tentar apagar os fogos e acalmar os ânimos de quem passou a viver em “tele-coisas” de manhã a noite.
Porém, no meu íntimo, há uma vozinha que grita que eu preciso explodir. Essa vozinha diz também que não é justo todo este equilíbrio e calma, como se os últimos dez meses da minha vida tivessem sido (sequer) normais. A quarentena veio como que roubar-me o meu tempo de luto, deixei de ter tempo para mim, ao mesmo tempo que todos passaram a ter necessidades urgentes e imediatas. De forma egoísta – e até um pouco irracional – é como se eu quisesse que dessem mais importância a isso do que à Covid-19. No fundo, é como querer irracionalmente que a minha mãe não perca a sua existência real e a sua importância.
O luto passou a ser uma nuvem muito negra em cima da minha cabeça. Está sempre lá, mas, por vezes, é possível que passe despercebida.
Ninguém nos ensina como dar a volta as tragédias da vida, mas quando uma acontece, temos que a reconhecer. Lição nº 1!
A seguir, é parar, parar para ouvir o que o nosso corpo no está a dizer, para focar com o nosso eu, parar para deixar de cumprir as metas que os outros ou a sociedade esperam de nós ou sequer para provar que somos “super” qualquer coisa. Lição nº2!
E, por fim, há tragédias que deixam marcas, que nos fazem chorar todos os dias, mesmo sem querermos, que nos faz ter pensamentos radicais, mesmo sabendo que não podemos ceder. Há tragédias que nos mudam e temos que aceitam que podemos mudar, os outros devem aceitar e respeitar. Lição nº3!
E, antes mesmo de terminar, anotem a lição nº4, a mais importante de todas, cada um vive a sua vida e lida com as suas tragédias de maneira pessoal e diferente. Não julguem, não comparem, nem opinem! Abraçem, escutem, estejam presentes!
E se sentirem que está muito difícil, peçam ajudam de um profissional. Vale a pena ser melhor!