O Último Post De 2019: Das Resoluções Para As Limpezas A Fundo!
Já escrevi textos bonitos acerca do fim do ano, mas especialmente quando se tratava de falar do ano novo! Para além disso, sempre vivi esta altura de forma mais introspectiva ao mesmo tempo que não descurava das minhas mezinhas para a virada do ano. Na noite de amanhã não podia faltar a cuequinha nova, azul para dar sorte a tudo na vida em geral; escrever 12 resoluções, pois isso era uma espécie de exercício de reflexão e obrigava-me a pensar a sério sobre as coisas que desejo para mim; é obrigatório ter doze passas na mão e estar em cima de uma cadeira no momento das 12 baladas; e, mesmo que não aprecie passas ou sultanas, se preferirem, naquele momento, acreditem que são comidas com todo o meu fervor, o de pessoa que acredita no efeito psicológico destas coisas.
Afinal, não vá o ano correr mal porque não vestimos a cueca nova ou por não haver passas na mesa, antecipadamente separadas. O que seria?!
Contudo, este ano, e depois da toda a minha entrega de energia para que o Natal tivesse sabor a Natal, a passagem de ano era algo que eu passava literalmente ao lado. Não tenho nada preparado e nem sequer estou a pensar nisso. Não comprei nada de especial, nem tão pouco as passas. Não pensei em ementas e tudo aquilo que me tem absorvido o pensamento é uma necessidade absurda de querer arrumar! Aliás, foi assim que passei o dia de hoje e, para amanhã, ainda deixei algumas coisas, não ter falta do que fazer.
Entretanto, já se arrumaram as decorações de natal, só restando mesmo o “esqueleto” do nosso pinheiro natural que aguarda, já despido, que o venham buscar.
Para além disso, vale dizer que me causa alguma ansiedade tudo o que tenha a ver com “está pronta para 2020?”, ou “já traçou os seus objectivos para o próximo ano?”, ou, pelo contrário, se estamos a cumprir com tudo aquilo a que nos tínhamos proposto para este ano??!!!
Para ser muito sincera, perdi-me logo ali a meio de 2019, mais concretamente no mês de julho. E embora tenha continuado a dar rumo aos meus propósitos e ao que era esperado de mim, foi, na verdade, uma missão que desempenhei em modo piloto automático. Em modo, fazer “check” nas inúmeras tarefas e incumbências numa base diária. Tentei, a muito custo, não me deixar para trás, todavia, a habituação a uma nova vida, em todos os sentidos e a uma vida familiar exigente e sem ajudas requer também o seu tempo.
Vivi muito ao sabor das minhas emoções, escrevi muito sobre isso e só escrevi quando emocionalmente que era possível. Escrevi menos no blog e, ao mesmo tempo, desinteressei-me (muito) pelo “disquedisse” e pela vida alheia das redes sociais.
Entretanto, poderia enumerar aqui as várias coisas que esperava ter feito e que foram sendo sucessivamente adiadas. É que foram várias, é certo, e andei algum tempo a tratar-me mal à conta disso. Ainda assim, abri espaço para compreender mais acerca do amor próprio (e praticá-lo), acerca do mindfullness e da importância do momento presente, coloquei em prática técnicas que me permitissem aproveitar mais o presente e, consequentemente, que me deixassem menos ansiosa com o facto de o tempo passar tão rápido. Portanto, eu escolho dar ênfase a tudo aquilo que de positivo aconteceu e a tudo aquilo que chegou até mim, mesmo no meio do caos e sem que eu fizesse tivesse capacidade de fazer um esforço pro-activo de procura.
Após um início de ano meio atribulado, com alguns trabalhos a terem que ser recusados, acabei o ano com outros projectos inesperados e que me deram muito prazer, dois dos quais directamente daqui, Bélgica. Em termos de cuidados comigo, a meio do ano a coisa também descambou, depois da operação ao apêndice e com a mudança para Bruxelas, manter o meu ritmo foi de uma exigência gigante. Umas vezes, era só a cabeça que não queria, nas outras foi mesmo impossibilidade. Todavia, tinham-me proposto a iniciar o Pilates e, a verdade é que, mesmo no final do ano, aconteceu e é ali que eu me encontro comigo e que entro em conexão com o meu corpo. De todos os desportos que eu gosto, é no Pilates que me sinto em paz.
Hoje, enquanto arrumava a casa e pedia para que ninguém me incomodasse, senti que andava à procura de paz; senti que tentava minimizar o caos à dentro de mim, senti-me a apanhar os cacos deste ano e a tentar descobrir o que fazer com tudo aquilo em 2020.
Em momento algum, me revoltei fosse contra quem fosse e, acima de tudo, continuo a ter a minha fé e a minha capacidade de todos os dias, agradecer. Ainda assim, organizar e planear o próximo ano agora, neste momento, é algo que eu não sou capaz de fazer. Não há planos que consiga traçar e que possam ir mais longe do que aguentar este barco, mantendo o foco nos sítios certos.
A questão é que não dá para fechar este ano de forma simples. Mas um acontecimento muito mau acabou por determinar uma nova forma de viver para todos aqueles que estão à volta da minha mãe e que convivem diariamente com a sua doença e os efeitos esquizofrénicos dela mesma. Mas por ela, já se fizeram as pazes, já se pediram desculpas, já se tiveram desmonstrações de afecto e de carinho. (Re)Descobri a simplicidade da vida e o poder de um abraço ou de uma palavra de carinho no momento certo. E, acima de tudo, tenho (ainda) mais vontade de ser feliz no agora!
No entanto, não vou mentir, rezo muito para que não me falte saúde, a mim e aos meus. E se me for permitido pedir mais qualquer coisinha, que os meus filhos nunca tenham que passar por esta experiência de vida comigo. O resto, bom, o resto, nós damos um jeito, entre o que é essencial e aquilo que é meramente supérfluo, não há nada que me falta.
Este é talvez o último post deste ano, 2019. Para o ano, começamos logo em grande com o aniversário de 7 anos do meu querido Vicente, quanto ao resto… logo se vê!
E a vocês, aos mais antigos e aos mais recentes, aos fiéis e aos mais esporádicos, só posso agradecer por mais um ano que fechamos juntos. Que o próximo ano seja generoso com cada um de vocês, que vos traga saúde e o amor, o incondicional que tudo pode!
Feliz 2020!