O significado da minha última tatuagem
Aqui há algum tempo, não muito, atrás partilhei nas redes sociais um pequeno vídeo do momento em que estava a fazer uma tatuagem. Vocês ficaram curiosos por saber o que tinha feito, muitos de vós perguntaram acerca da dor - porque é talvez o factor mais inibidora para alguns - também perguntaram onde tinha feito, etc... Por isso, decidi satisfazer a vossa curiosidade e também falar um pouco sobre este tema com vocês.
Esta não foi a minha primeira tatuagem, aliás, é a quarta - há quem diga que devem ser sempre em número impar. Contudo, eu, pelo menos, quero (e vou) fazer mais duas e já vão perceber porquê. Quando fiz a minha primeira tatuagem, digamos que foi assim uma reacção de emancipação e, ao mesmo tempo, de um pouco de rebeldia. O meu pai foi sempre contra isto das tatuagens e dos piercings, era mesmo contra ao ponto mesmo de nos proibir de o fazer - a mim e à minha irmã. E eu deixei-me estar até sentir que era o momento certo, aquele em que, embora ele continuasse a não aprovar, estava feito e, de certa forma, tinha que respeitar. Já andava na faculdade, mas não me lembro ao certo com que idade a fiz.
A primeira tatuagem é aquela que basicamente eu me esqueço de que ela existe. Lá para o fundo das costas e mais de lado, tenho uma borboleta que, naquela altura, significava as minhas "asas para voar". Nunca me arrependi, nunca pensei em mudar, nada! Está ali sossegadinha e são os outros que reparam mais nela do que eu. As seguintes vieram só muito mais tarde. Já era mãe e já tinha regressado de Bruxelas.
O Vicente tinha dois anos e meio quando, ao passar em frente de conhecida loja de tatuagens, entrei, perguntei e fiz na hora! Basicamente é esta a história de todas elas. É que, se fosse para casa pensar, eu sei que ia começar a ponderar e, consequentemente, a adiar. Como sabia exatamente o que queria, não havia porque adiar! Nessa tarde, fiquei com a data de nascimento do Vicente tatuada abaixo da linha do sutiã assim de lado, estão a ver?! E um pequeno coração no lado de dentro do pulso.
Entretanto, fui mãe pela segunda vez e ainda não tatuei a data de nascimento da Laura. Lá chegaremos, mas ainda não sei bem de que forma a vou incluir por aqui. E tanto assim foi que a vontade de fazer a quarta tatuagem surgiu quando o Vicente escreveu pela primeira vez o nome dele. Com as imperfeições normais de quem está a aprender a escrever, mas com muito amor naquele coração que ele me ofereceu e no qual tinha escrito, de um lado, mãe e, do outro, Vicente. Estava ali o motivo que me levaria novamente a tatuar o meu corpo.
Sim, é mesmo isso. Decalcamos no meu pulso aquelas letras, algumas tortas, outras ao contrário, escritas pela primeira vez pelo Vicente. Sem qualquer correcção, sem qualquer alteração, tatuamos “Vicente” tal e qual ele o escreveu pela primeira vez. E cá está ela e sei que não me irei arrepender desta, nem de qualquer outra.
Para o Vicente a reacção é engraçada, porque agora sim ele tem consciência do que significam e que, de alguma forma, demonstra o quão importante ele é para mim. Partilha orgulhoso com os amigos e com os nossos amigos que a mãe escreveu Vicente com as letras dele… Se calhar, na adolescência, vai achar que a mãe é uma bimba ou, então, vai servir-se disso para me pedir para fazer tatuagens… Nunca se sabe o que o futuro nos reserva, não é verdade?
A minha relação com as tatuagens é simples, eu gosto! Não penso muito na naquela coisa do “então, e como será quando fores velhinha?!” Sei lá, não penso muito nisso. Nessa altura, quem não nos diz que remover uma tatuagem não será tão fácil quanto fazer unhas de gel, por exemplo?!
Para além disso, todas elas me dizem muito, como devem imaginar. Representam os marcos mais importantes da minha vida, os quais eu não vou querer apagar. Nenhuma foi fruto de um devaneio, como por exemplo, tatuar o nome de um ex-namorado. Para além disso, nenhuma está constantemente no meu campo de visão, nenhuma está sempre visível. Talvez o coração, mas é tão subtil que não me cansa, por assim dizer.
Em relação à dor, nunca foi algo que me impedisse ou que me fizesse pensar duas vezes e, como a primeira correu bem e praticamente sem dor, fui cheia de moral para as seguintes. Mas se quiserem saber mesmo, mesmo, qual me doeu mais, foram as da zona do pulso. Todas foram feitas em diferentes locais e nunca tive problemas de cicatrização. Correu sempre tudo bem.
Dirão que esta não seria a altura ideal para fazer uma tatuagem e bem, mas com este verão tão atípica e com dois filhos pequenos, é bastante fácil seguir todas as recomendações de cicatrização.
E, pronto, se tiverem mais alguma questão, é só deixarem nos comentários para que eu posso responder depois!
Boa noite.