O Pastel de Feijão não faltou no nosso fim de ano
Uns dias antes da passagem de ano, fomos os quatro, aproveitando as férias do Natal, até Alfama. Para além de ser um bairro onde se respira Lisboa e o seu espírito "bairrista" que não existe em mais sítio algum deste planeta, há também a Fábrica do Pastel de Feijão.
E antes que fiquem já com a imagem do tradicional pastel de feijão na cabeça, apresso-me a dizer para tirarem daí a ideia. Não tem nada a ver com o aspecto. E não tem nada a ver no sabor. Este Pastel de Feijão que, para já, só encontram mesmo em Alfama, é uma criação do Chef António Amorim e para a qual foram precisos quatro anos de trabalho até se chegar ao resultado final.
A ideia de recriar o pastel de feijão surgiu meio por brincadeira num jantar entre amigos, mas que rapidamente se tornou um compromisso sério. No entanto, se a inspiração partiu do pastel de feijão, tal como o conhecemos, a verdade é que ao longo dos quatro anos que levou a contruir esta receita, o resultado final nada tem a ver com o ponto de partida. E uma viagem deliciosa em torno do paladar e das texturas.
E a verdade é que naquele dia meio cinzento e chuvoso já no finalzinho do mês de dezembro, eu não estava nada à espera de descobrir um sítio tão diferente. Não estava nada à espera que este pastel de feijão fosse tão bom e muito menos que nos fosse servido pelo próprio Chef António Amorim.
E digo-vos mais, como consumidora e a viver neste mundo em que as sociedades se orientam para um estilo de vida em modo fast e massificado, faz-me ter necessidade de procurar cada vez mais experiências que valham a pena, experiências que nos transmitam a sensação de serem únicas. Valorizo quando o serviço tem um cuidado e uma atenção naturalmente especial. E, de facto, ter visto o próprio Chef ali, a dar a cara e a zelar pelo seu serviço e, sobretudo, para que a experiência com o seu pastel de feijão seja tal e qual como deve ser, deixou-me lisonjeada.
A humildade com que falou connosco e a simpatia que teve para com o Vicente e a Laura, são pequenos "detalhes" que me farão lá voltar sem dúvida alguma. E juntar a isso, o inegável sabor delicioso do pastel de feijão.
E tanto assim foi que quisemos logo encomendar um grande para o nosso jantar de passagem de ano. E foi no próprio domingo dia 31 de dezembro que voltei a estar com o Chef António Amorim, pois foi ele mesmo a deslocar-se até nossa casa para o entregar. E estão a ver aquele cuidado que se tem com um filho e as recomendações que deixamos para que tudo corra às mil maravilhas? Assim foi.
E vale a pena, porque se este pastel de feijão em formato de bolo equivale a 12 porções, foram 12 pastéis de feijão que se comeram naquela noite – e só para tentar aligeirar o assunto, éramos cinco adultos. Mas contra factos, não há argumentos, é demasiado bom para se resistir! Perdoem-nos a gula, mas experimentem e depois digam-me se tenho ou não tenho razão.
Bom dia!