Um final de tarde quente; a Laura cansada e irritada, depois de ter passado um dia inteiro a contrariar o sono; a vontade de querer jantar sem o choro dos nossos por perto, sem ter que comer apenas com uma mão (pois a outra está a embalar o carrinho); ou sem ter que comer à vez, levou-nos até ao passadiço de madeira que nos leva todos os dias até à praia. O Vicente apressou-se para vir comigo - como sempre, a minha alma gémea que não se separa de mim nem por nada - e eu levei a máquina fotográfica comigo, com a esperança de poder tirar umas fotografias ao pôr do sol.
No final, a Laura finalmente adormeceu e o resultado foi este:
Nestas férias, o Vicente é quem decide o que veste, o que calça e tudo o resto que precisa. O chapéu e os óculos de sol andam sempre com ele - e é engraçado ver como ele se habituou tão rapidamente a usar óculos de sol.
Se me pedirem para descrever este meu filho crescido numa só palavra, eu direi, sem hesitar, que ele é (bastante) observador. Ele repara nos mais pequeninos detalhes, guarda-os e, depois, quando surge a oportunidade, ele surpreendo-nos usando algumas dessas coisas: podem ser palavras, uma frase ou expressão ou até mesmo um comportamento...
Desta vez, depois de lhe tirar algumas fotografias, perguntou-me se podia tirar-me fotografias a mim, eu disse que sim e, assim que teve a máquina na sua posse, diz: "Vá mãe, agora tu vais a andar para esse lado e eu vou tiro a "tografia", pode ser?"
Mais do que uma alma gémea, este menino crescido é o meu companheiro de todas as horas. São raras as vezes que me deixa sozinha e, desde que a irmã nasceu, que anda muito mais afectuoso e carinho comigo, acabando por completo com qualquer receio que pudesse ter em haver algum tipo de afastamento em relação a mim.
E. para além de tudo isto, eu começo também a achar que o miúdo tem mesmo jeito para isto! Lá à sua maneira, ele segura a máquina, coloca-a em posição e carrega no botão. E posso dizer- vos que são poucas as fotografias que apago.
(E as férias continuam...)