O meu ano está a começar hoje... e eu estou muito ocupada!
Foi exactamente isso que eu senti hoje quando acordei. O meu ano está a começar hoje. Depois das férias, do natal, do fim de ano, do aniversário do Vicente e da festa de aniversário, eu pude, finalmente, sentar-me, arregaçar as mangas para fazer mais um ano acontecer.
E a pressão é sempre muito grande, mas é particularmente maior nesta altura do ano. Janeiro e fevereiro… aqueles meses de “ninguém”!
As festas e as comemorações são todas em nossa casa e dependem de mim. Depende (de mim) pensar, organizar e, no final, limpar! Isso mesmo, com todo o glamour que a vida de casa nos obriga… só que não!
Por esse mesmo motivo, quando tudo passa, eu dou por mim, regra geral, a ter o meu momento de breakdown. Sem motivo aparente e de uma forma aparentemente exagerada, eu descarrego tudo o que andei a acumular em prol da família e do bem-estar de todos. Nem sempre – o outro gosta de ouvir isto – mas é exactamente assim que as coisas se passam. E enquanto tudo está bem, ninguém perde um minuto do seu tempo para tentar perceber o outro.
Mas ainda assim, eu quero melhorar esta parte - ainda mais do que melhorei e trabalhei quando eu fui lentamente recuperando da privação prolongada de sono. Quando me senti de volta a mim, com controlo sobre as minhas emoções e atitudes. Mas quero ser ainda ser melhor, quero ainda mais ser capaz de não deixar que o “meio-ambiente” ainda me afecte ao ponto de eu explodir. Para além do exemplo que quero dar aos mesmo filhos, quero limitar ainda mais os motivos que me tiram do sério.
Invariavelmente, são momentos dos quais nos acabamos por arrepender.
E, por tudo isto, a ansiedade com o início do MEU ano seja cada vez maior. Desejo muito que a chegada desse dia, pois concentrar-me no meu mundo e sentir que eu estou a fazê-lo por mim, é motivador. Faz-me sentir bem e mitiga aquilo que eu fui dando, dando e dando aos outros.
E, embora eu não seja obrigada a dar, eu sou assim! Faz parte de quem sou e, todas a vezes, quando me apercebo, já é tarde. Já dei tudo…
E, parte deste trabalho interior, é aceitar isso, trabalhando para que o “eu” não se esgote, pelo menos, ao ponto de explodir. Há momentos em que não estamos conscientes dessas reacções – eu perdi a consciência quando deixei de conseguir dormir. Todavia, eu tenho e eu ago consciente do que estou a fazer e que, ao mesmo tempo, eu não quero fazer.
De fora, tudo é exagerado! Apenas eu conheço as minhas razões e aquilo que eu sinto, portanto, só de mim posso esperar a ajuda de que preciso. Mas com essa ajuda é preciso vir também o perdão (de mim mesma) e perda de qualquer culpa que possa sentir. Aquilo que sentimos é tão válido quanto o que a outra pessoa sente, não podemos retirar a importância de nós, desculpando-nos perante os outros e carregando uma culpa.
Aceita-te! Conhece-te! E trabalha-te a ti mesma!
Só assim posso chegar aonde quero, porque mim e não porque quero ser a pessoa boa, benevolente e que ter a capacidade sobre humana de estar acima de qualquer chatice ou aborrecimento. Se assim for, em que tipo de pessoa me tornarei eu com o tempo? Deixo de viver para sobreviver, deixo de sentir para que o outro não seja melindrado?
O meu ano começa hoje e, embora, o esforço seja diária, no inicio do ano o peso é maior, porque a ansiedade de como esse ano se desenrolará é igualmente maior. Será que as oportunidades vão continuar a surguir? Será que vai dar tudo certo? Será que…??? É uma incógnita!
Por isso, agora que o meu ano começou e que todos ficaram felizes com tudo o que aconteceu até aqui, eu preciso de espaço e de tempo para mim. Sem, mas, sem desculpa… Não é um pedido, é simplesmente uma afirmação.
Para quem sente este sufocar, de quando em quando, a dose optimismo tem que aumentar, assim como a crença de que tudo vai correr bem. Porque o medo, embora esteja sempre lá, também aumenta, tentando ganhar terreno sobre os nossos sentimentos e isso não pode acontecer!
E é aqui que a maior dificuldade, de quem trabalha em casa, reside. Na forma de impor o seu espaço e o seu tempo, sobretudo nos momentos em que todos estão em casa. É ainda difícil de se ser compreendido pelos outros e seria muito mais fácil se, de manhã, saísse para um dia normal de trabalho. Ao contrário, é preciso gerir os ânimos, as vontades, sem melindrar e com um esforço gigante para conseguir fazer tudo e para agradar a todos.
E eu não estou a reclamar, estou só muito feliz por finalmente o meu ano também ter começado, que é como quem diz, que (finalmente) todos foram "à sua vida" e eu vou poder organizar e gerir o meu tempo.
O meu ano começou hoje e eu estou muito ocupada com isso!