Ninguém cuida da nossa casa como nós!
Por mais que tente delegar essa tarefa, mais eu me apercebo que o cuidado, mesmo com a falta de tempo, com que fazemos as coisas, só nós o temos. E, embora eu não seja a pessoa das grandes e profundas limpezas, gosto de, no dia-a-dia, ter tudo organizado. Sentir que controlo a minha casa e consigo, de segunda a sexta-feira, não me desviar das pequenas tarefas por mais básicas que sejam, como, por exemplo, arrumar os sapatos no seu devido lugar, é meio caminho andado para que tudo o resto corra bem.
Não sou a pessoas das grandes ementas semanais. Todavia, tenho mais ou menos uma ideia do que vou cozinhar durante a semana – alternando entre carne e peixe – e opto por refeições práticas. Entretanto, adianto algumas coisas, como a sopa, tenho batata doce sempre feita e garanto que o frigorífico tem tudo aquilo que eu preciso para aquela semana. As rotinas com eles são o mais importante e agora, que tenho que despachar dois filhos de manhã, deixo a roupa preparada de véspera e tento acordar antes deles para me despachar. Saímos sempre cheios de coisas, há pedido de colo e depois é deixar cada um na sua escola.
Tudo isto faz com que os dias sejam altamente programados e apressados, mas será essa programação – espero eu – que me irá permitir ter tempo para eles ao fim do dia, para quando os for buscar, dar-lhes a atenção que eles precisam. Para já, e só se passaram apenas dois dias, ainda estamos a acertar as melhores estratégias, ver como conseguimos ser mais rápidos, como consigo que ambos se sintam felizes e integrados agora que são os dois a fazer parte das rotinas.
Com a Laura ainda não posso dizer-vos como está a correr, mas sei que não está a correr fora do que seria esperado, embora a mim me custe horrores. Hoje chorou quando a deixei e sei que as manhãs lhe custam mais, porém sei que acorda bem-disposta a seguir à sesta e se sente mais integrada. Hoje espreitei-a pela janela, à tarde. Estava sentada, sossegada, a seguir lá se levantou e foi para a “casinha” brincar. Nota-se que brinca timidamente e que ainda não se sente “em casa”. Tenho a certeza que o melhor do dia dela é o momento em que eu entro na sala para a ir buscar.
Tenho aproveitado para ir ao ginásio logo de seguida, faz-me bem, porque aquela tensão que fica acumulada quando a deixo para não transparecer a minha fragilidade, desaparece naquela hora que estou ali. Fico como nova e pronta para o meu dia. E é assim que no regresso a casa, penso como compensa aquela correria da manhã para deixar as camas feitas, a louça do pequeno almoço na máquina e tudo minimamente organizado.
Porque quando chego a casa posso me dedicar inteiramente a mim e às minhas coisas. É a minha parte do dia e aquela em que consigo ser realmente produtiva. O silêncio é, sem dúvida, um aliado à minha concentração. E esta é a parte mesmo boa de recomeço. É ter voltado a ter momentos de silencio à minha volta e não estar constantemente a ser solicitada para alguma coisa. Deixo de estar sempre na hora de providenciar alguma coisa para os outros. E isto é mesmo bom! Quando os vos buscar, sou novamente deles e da casa. Tento já deixar as coisas adiantadas para ter tempo para estar com eles, precioso nestes primeiros dias em que guardam toda a tensão para extravasar quando chegam a casa.
Os últimos dias antes do início de setembro foram passados em casa, a prepará-la para esta nova fase. Queríamos mais arrumação, queríamos menos margem para a desarrumação e mais espaço. As crianças ganharam uma casa de banho só para eles, definimos regras para os brinquedos que andam a circular pela casa, arejei o quarto deles e tento que ganhem responsabilidade pelas suas coisas, à medida da idade de cada um.
Sei que já o disse anteriormente, mas nunca me senti tão em casa como agora. Nunca senti encontrar o equilíbrio numa casa como agora – e isto é um projecto que já vem de longe e que finalmente começo a ver os resultados.
Espero que o cansaço não me trame e que, passadas algumas semanas, o caos esteja instalado por estes lados.
Mas ninguém cuida da nossa casa como nós e ainda bem. É a forma de pôr a cabeça em ordem, também ajuda a encontrar respostas e a reciclar energias. É por isso que não me aborrece tirar um dia ou parte dele para organizar, só assim consigo desbloquear aquilo que às vezes me impede de seguir em frente.
Por favor, partilhem comigo as vossas estratégias para gerir o dia-a-dia!
Boa noite.