(Muito) Tempo Extra Com Os Filhos? Imaginação Precisa-se!
Desde que estamos em Bruxelas e após o início do ano escolar, a expectativa de passar a ter mais tempo para mim tornou-se uma utopia! Não sei como, nem porquê, mas a verdade é que, por estes lados, as crianças não passam muito tempo na escola. Ou seja, passam muito tempo com os pais ou com as babysitters. No caso, o Vicente e a Laura passam muito tempo comigo. Tem dias em que nem sequer dá para sentir a falta dos dois, nomeadamente às quartas-feiras em que o tempo, entre os deixar e os ir buscar, dá para ir ao ginásio e tomar o pequeno-almoço, de um modo geral.
E é aqui que entram as actividades extra-curriculares, uma boa forma de os manter mais tempo na escola, os dois têm actividades todos os dias excepto quartas-feiras – e o Vicente às terças-feiras. E assim garanto mais uma hora ou duas para mim e que são efectivamente as mais produtivas. E mesmo nesses dias a hora de saída é às 16h30 não mais do que isso e, às quartas-feiras, a Laura sai às 11h50 e o Vicente um pouco mais tarde.
Optamos neste primeiro ano por concentrar tudo na escola, evitam-se mais deslocações, o ambiente é conhecido e os amigos também. Para além disso, é neste período que sinto que o Vicente tem melhorado bastante o seu francês, ou seja, na dinâmica com as outras crianças de outros países e cuja língua “oficial” para comunicarem entre si é o francês. E não, não sou nada adepta de que eles aqui só aprendem o inglês, como aliás, já perceberam.
Contudo, continua a haver um bom bocado de tempo que passam comigo e em casa, o que de certa forma me tem levado a puxar pela imaginação para os entreter com coisas novas. Com o avançar dos dias, o tempo vai piorando e nós vamos acabar por passar cada vez mais tempo em casa. Neste sentido, para evitar as crises e a saturação, é preciso entretê-los e mantê-los entusiasmados… ainda que isto seja, por vezes, bastante desmotivante, pois tem dias em que por mais que façamos, nada os satisfaz – nesses dias, resta-me só mesmo contar os minutos até chegar a hora de irem para a cama.
Contudo, as quartas-feiras, em particular, são dias bons e, ao mesmo tempo, não tão bons. São bons porque almoçamos juntos, há tempo para fazer os trabalhos de casa, para lanchar uma coisa diferente ou, se o tempo ajudar, ir ao mercado de Châtelain comprar frutas e gaufres acabadinhas de fazer. Todavia, é um dia, para a Laura particularmente cansativo! Corta-lhe o ritmo por completo, pois não faz a sesta habitual, como ainda faz nos outros dias de escola, e, como tal, há muitos amuos, muitas birras, muitos conflitos com o irmão e comigo. Lá para o fim-do-dia, acaba mesmo por haver gritos e comportamentos mais excessivos – vale-me as doses de paciência extra e saber que nesse dia, indo para a cama a horas, ela vai adormecer rapidamente.
Portanto, hoje foi mesmo assim! Depois de uma manhã de festa (Halloween) na escola da Laura, com direito a chocolates e outros doces – fui logo prevenida na véspera de que eles iriam comer todas essas coisas – por entre as suas birras e os seus amuos não me demovi em lhes preparar uma surpresa.
Preparei um jantar temático alusivo ao Halloween, comprei umas minis pizzas em formato de fantasmas e abóboras; preparei wraps; ovo mexido e arroz de cenoura para lembrar as cores das abóboras. Achava eu que eles iam ficar entusiasmados, mas as reacções foram mais para o indiferente. Hoje nem assim os demovi e voltei ao plano inicial: deitá-los cedo!
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Obs: As mini-pizzas de Halloween comprei numa loja francesa de congelados: PICARD.
Por estes dias, eles comandam muitas vezes o barco e eu preciso, outras vezes, de soltar um pouco a rédea das coisas. Precisam de mimos, precisam de tempo individualizado com um e com outro, precisam de doses industriais de calma e paciência para conversarmos muito até conseguirmos que eles nos contem determinadas coisas.
E no que me toca a mim pessoalmente, o que eu sinto é que preciso abraçar a educação deles com ainda mais tempo, disponibilidade, atenção e dedicação! Preciso de individualizar tempo para isso, preciso de acompanhar o Vicente com a escola, sem retirar a atenção da Laura. Preciso ainda colmatar as ausências do pais, que são muitas, e que nos momentos mais tensos é o rastilho para rebentar o caos.
As coisas correm bem de uma forma geral, é certo, mas correm também porque dei mais de mim neste papel e eles passaram a exigir ainda mais de mim. Um compromisso traiçoeiro, porque, neste momento, voltou-se um bocadinho à dependência da mãe e ter a mãe mesmo ali à mão de semear.
Boa noite.