Mini-férias a sós com filhos | O que aprendi e não quero esquecer
No balanço destes quatro dias de “´férias” a três, posso dizer que, embora, o cansaço que senti esta manhã, foram dias muito bons. Permitiram-me recuperar realmente tempo de qualidade com os meus filhos, como há algum tempo não acontecia. Tempo em que estivemos apenas uns para os outros, em que fizemos programas e saímos da nossa rotina. Na verdade, eu só queria que eles sentissem o passar do tempo mais rápido e que o choro de fim do dia a chamar pelo pai acontecesse o menos vezes possível.
Mas sem querer, tivemos tempo exclusivo, eles só com a mãe e eu só com eles. Acredito que a minha viagem sozinha a Barcelona de dois dias tenha contribuído positivamente. Com o tempo de qualidade que tive somente para mim, poder-se-á dizer que estava, emocionalmente, de baterias carregadas. Sentia-me bem e, após, um mês de outubro muito sobrecarregado de trabalho, senti que tinha andado menos disponível para eles. Foi, no fundo, um encontro de boas oportunidades, as quais eu não deixei escapar!
Obviamente que nada disto coloca em causa o bom que é a vida a quatro, as férias em família e todo o tempo que passamos juntos. Aliás, nem o Vicente nem a Laura supõe-me que existem crianças que vivem com pais separados. Para eles, é assim! Contudo, é importa reforçar que é importante que a vida, de certa forma, continue, de cada vez que alguém tem que se ausentar. E que, para além disso, o tempo de qualidade que se passa individualmente com cada membro da família e sozinho é essencial e só traz benefícios.
E, à medida que a Laura e o Vicente crescem, vai sendo cada vez mais fácil fazer programas com eles e com cada vez menos limitações. E não seria por causa da viagem do pai que se iria “desperdiçar” um fim-de-semana de quatro dias.
Eu sempre conheci esta relação como vivida a distância. E embora não acho que seja o ideal para um casal ou família, tanto assim foi que decidimos estar juntos assim que o Vicente nasceu, mas o que quer dizer é que me habituei à ausência. Habituei-me a contar sempre comigo em primeiro lugar e habituei-me a desenrascar sozinha e depois com o Vicente. No fundo, nem a ausência do marido e nem o bebé eram sinal de limitação para a minha vida em geral.
Mas agora é realmente mais fácil, a todos os níveis e estou realmente contente por termos feito tantas coisas diferentes juntos e também por não ter sentido “desasada” sem o meu marido, optando por ficar na zona de conforto. Descobri que tenho duas companhias excepcionais, os meus filhos. Duas seres humanos que já têm muito assunto de conversa, que se interessam pelas coisas e que divertem comigo e entre eles. Sem dúvida que estes momentos são o melhor presente que podemos dar aos nossos filhos. O brilho no olhar quando percebem que somos deles por inteiro, não tem preço. E nós, só assim, conseguiremos ganhar a confiança deles, estreitar laços e colher os frutos no futuro, assim espero, pelo menos, de uma relação tão próxima vivida com os pais desde que nasceram.
E devo dizer que estive bastante atenta ao Vicente, sobretudo, e que ele me ensinou muita coisa, até me corrigiu e fez observações muito acertadas. Já a Laura repete tudo o que ouve de toda a gente, incluindo as expressões que dizemos e que achamos passarem despercebidas...
No fundo, andamos sempre à volta do mesmo, do tempo! Tempo, tempo, tempo! Para nós, para os filhos, para tudo. Mas essencialmente, tempo para ouvir. Podemos não conseguir estar, mas desde que saibamos ouvir… acho que é fundamental.