Não estava a ser um fim de dia nada fácil -
o dia também não o foi, mas adiante - entre birras para o mais velho comer, lavar o dentes e aceitar ir dormir e outras birras da mais nova, que passa do estado em que está ferrada a dormir, no meu peito, para o estado mais acordado de sempre de cada vez que a tentava passar para o berço, a noite já ia longa e nem sinal de um ou outro quererem dormir! Andava literalmente a correr entre um quarto e o outro e, por volta das onze da noite, ainda se podia ouvir o Vicente a cantarolar e a abrir a porta do quarto, enquanto eu tentava a acalmar a Laura.
Na fase de cansaço em que já nos encontramos por esta altura, estas são situações que facilmente nos podem levar ao limite e, pior, fazer-nos passar dele. No entanto, ouve uma coisa que mudou por completo o cenário meio catastrófico que a noite de ontem poderia ter: enquanto dava de mamar, já às escuras, sinto a respiração do Vicente perto de nós. Pensei que vinha aí mais uma birra, que a irmã ia despertar, voltar a chorar e que iríamos voltar à estaca zero, mas não... O Vicente junta-se a nós, enquanto a Laura já se aninhava no meu peito, onde ela tanto gosta de dormir, e o Vicente ao meu lado, com o braço por cima da irmã e em minutos comecei a ouvir a respiração pesada dos dois, como quem já estava a passar para o outro lado! Apertei-os, beijei-os e agradeci muito e acho que foi o momento mais terno, mais intenso entre os três - cálculo que o primeiro de muitos outros que vão surgindo daqui para a frente.
Estou muito cansada, tenho muito sono, mesmo, e sinto tudo de uma forma muito mais sensível, muito mais à flor da pele que, consequentemente, leva-me a ficar muito mais facilmente irritada e sem paciência, mas estou tão feliz por termos decidido dar uma irmã ao Vicente, é tão bom sentir tudo isto que sinto! Foi tão bom sentir estes dois, que são a uma extensão de mim, que crescerem dentro da minha barriga, tão próximos, tão carentes deste contacto directo, deste mimo... que realmente vale tudo a pena!
Bom Dia!