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As viagens dos Vs

Mulheres nutridas, famílias felizes

As viagens dos Vs

Living Abroad | It's Too Soon To Make A Balance Yet

24.10.19 | Vera Dias Pinheiro

avenue louise-bruxelas

 

Das duas uma: ou vocês pedem-me sugestões de locais para visitar, para comer, para fazer compras, etc… ou estão a pedir-me para vos mostrar mais o lado do “lifestyle” de quem mora aqui e não de quem está propriamente em turismo.

E a verdade é que desta vez senti um grande peso com a questão da adaptação e, consequentemente, coisas a tratar e a agilizar, primeiro com a instalação e depois com o início das escolas. Portanto, assumir um conjunto de rotinas novas que eu própria não sabia muito bem como iriam correr.

 

Na minha primeira vez (em Bruxelas) eu gozava em pleno a minha licença de maternidade e foi uma regabofe de palminhar as ruas, de conhecer as lojas, os restaurantes, o lado cultural, os jardins, os parques e por aí a fora. Aos fins-de-semana saiamos muito da cidade também. Mas acontece agora que, com os filhos crescidos, as responsabilidades deles são igualmente diferentes, sobretudo quando temos um filho que entra para o primeiro ano da escola primária. Acabaram-se as férias quando dá jeito ou as visitas ao pai quando este viaja em trabalho – é agora que a pessoa diz: “devíamos era ter aproveitado mais!”.

 

Eles próprios precisaram do seu tempo para se habituar à casa, ao bairro, ao novo parque, à nova dinâmica e apressar tudo isso com o propósito de correr atrás de todos os locais novos que tenho vindo a guardar numa lista para conhecer e outros antigos que gostava de rever não tem sido uma prioridade.  

 

A parte disto, há uma outra situação - e desta parte fala-se pouco, creio eu – a da pressão grande para que, em alturas de férias, se vá para Portugal, se visite a família e os amigos. Mas a verdade é que é, nesta conjuntura que vivemos, que a sensação de férias acaba para dar lugar à de correria. À correria de visitar o máximo de pessoas possível e sempre com a injusta sensação de ter deixado alguém para trás, mas é humanamente impossível chegar a todo o lado. Pelo contrário, é sobejamente recompensador perceber quem são realmente as nossas pessoas e afunilar o nosso círculo especial de família e amigos.

 

E falo disto neste preciso momento porque aproxima-se a altura de voltar a Portugal pelos dias que nos são possível, sejam muitos ou poucos - e eu acuso já alguma ansiedade, confesso! Olho para a minha agenda e vejo os compromissos que já marquei; o tempo para as avós, que estão a morrer de saudades dos netos, e que eu não lhes posso roubar; eu, que quero muito ver uma ou outra amiga, aquelas pessoas que estão sempre lá para mim, não importa a que distância e eu devo-lhes isso; e, ao mesmo tempo, estou a antecipar o “struggle” interior de ouvir “estás cá e não dizes nada!” ou então “Vieste a Portugal e nem te vi!”

 

E, por fim, há que gerir as expectativas das crianças para quem a noção do tempo e do que é humanamente possível fazer-se simplesmente não existe! E esta vai ser a primeira viagem de avião sozinha com os dois.

 

Mudar desta forma de vida acarreta um período de adaptação que é longo, há certas coisas que levam mais tempo que outras; outras mais burocráticas; outras mais prioritárias e, portanto, viver uma vida normal é algo que leva o seu tempo – segundo a minha experiência, tanto de Erasmus, como expatriada – o mínimo são seis meses a gerir esta parte. Tenho na minha cabeça o deadline do final deste ano.

 

Depois disso, é altura é tempo de abraçar de vez esta nova vida, nesta nova cidade, descobrir o que tem de novo desde a nossa última vez cá e tudo o que de novo, entretanto, surgiu. Uma coisa é certa, é um bom destino para quem viver fora e, acima de tudo, Bruxelas, com todas as suas particularidades, é uma cidade muito boa para se educar os filhos.

 

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Fiquem por aí! Boa noite.

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