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As viagens dos Vs

Mulheres nutridas, famílias felizes

As viagens dos Vs

Levei o Vicente ao ballet!

20.05.16 | Vera Dias Pinheiro
Achariam muito estranho se eu vos dissesse que levei o Vicente a uma oficina cujo o tema é "EU SOU... Bailarina"? Talvez, sim, nem que seja porque o nome, sem qualquer outra informação pode dar a entender ser uma coisa completamente girly! Mas, a verdade é que fomos mesmo fazer uma oficina de "bailarinas" :)

casa-museu medeiros e almeida + oficina sentidos ilimitados + eu sou bailarina + actividades para crianças + museu + bailarinas + vestido de bailarina

Ja tive a oportunidade de vos dizer aqui que a Casa-Museu Medeiros e Almeida, durante, o mês de Maio, abriu excepcionalmente as suas portas aos domingos para receber três oficinas, da responsabilidade da Sentidos Ilimitados, que procuram fazer um detox digital, através da libertação da nossa imaginação, da nossa criatividade e dos nossos sentidos. Eu levei o Vicente à única que se adaptava à idade dele, mesmo que a descrição da actividade apelasse quase exclusivamente ao universo das meninas. Porém, achei que o facto de ser num museu, aberto exclusivamente para eles (com acompanhantes, claro); poderem inclusivamente levar os adereços quisessem; terem uma bailarina de verdade que, numa primeira instância, apela ao mundo imaginário e de fantasia... poderia ter o potencial de ser muito engraçado e um excelente pretexto para a nossa primeira saída a dois depois da Laurinha nascer. 

Claro que as meninas deliraram quando viram a Bailarina; os tutus; e com os passos de ballet que iam aprendendo. Já o Vicente absorvia, com o seu olhar, aquela casa enorme cheia de coisas bonitas e nas quais não se podia tocar; aprendeu a apanhar estrelinhas e correu no jardim interior da Casa-Museu, enquanto cumprimentávamos as estátuas; mas também tivemos uma importante missão, a de ajudar a bailarina a encontrar as suas sapatilhas e a sua tiara - já o Vicente encontrou uma coroa de rei que colocou em frente de um lindo espelho. Digo-vos que nos rimos e divertimos muito a tentar fazer a primeira, a segunda e a quinta posição - sim, para além de tudo, ainda aprendemos coisas muito giras sobre este mundo mundo do ballet

Foi uma hora de actividade que começou a "medo", mas que à medida que o grupo ia interagindo, foi começando a ficar cada vez mais à vontade e a gostar cada vez mais de ali estar. E ainda que, no dia, eu tenha ficado com alguma hesitação, pois era um grupo apenas de meninas, rapidamente me desprendi do "preconceito" e usufruímos daquela experiência à nossa maneira: as meninas vibravam com cada passo de ballet e o Vicente divertia-se a aprender a "segurar os quadros de vários tamanhos" - metáfora que levou a bailarina a mostrar os diferentes movimentos.

No fundo, acho que tudo depende da forma como nós encaramos as coisas e para mim, enquanto mãe, enquanto pessoa adulta e enquanto cidadã numa sociedade onde não se vive entre o preto e o branco, a minha grande preocupação é a de conseguir educar os meus filhos para serem adultos tolerantes, que aceitem a diferença, que tenham sensibilidade para compreender o outro e que não tenham uma concepção do mundo que os rodeia assente em preconceitos. Não acho deva existir uma completa separação entre aquilo que é suposto só os rapazes fazerem e aquilo que é suposto só as meninas fazerem. E isto é algo que passa muito pelo exemplo que têm em casa, daquilo que são os papéis que a mãe e o pai desempenham. Por isso, deixo-vos aqui o meu conselho: se tiverem meninos com uma veia artística mais saliente (ou não), que gostem de dançar, que gostem simplesmente de se expressar, inscrevam-se, experimentem coisas diferentes com eles, mostrem-lhes outras realidades e, acima de tudo, desfrutem do vossos filhos por inteiro naquela uma hora. 

Estas oficinas vão ficar suspensas no final de Maio, mas tudo indica que o projecto deverá ser retomado em Setembro, por isso, é só ficarem atentos caso não consigam inscrever-se ainda este mês.


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