Laura, a princesa cavaleira, faz três anos!
Em cada aniversário, de um e de outro, é já um costume escrever sobre aquilo que sinto e, a cada aniversário, reflectem-se igualmente as diferentes fases que vamos vivendo.
E a Laura que faz hoje três anos, portanto, escrevo precisamente na explosão da fase das birras, da teimosia, da fase em que vivemos momentos em que nos sentimos incapazes de lhes dar a volta da forma que queríamos - aliás, que sabemos ser a correcta. Porém, somos muitas vezes corrompidos pela tensão do momento e pelo nosso próprio estado de espírito.
E eu, que tenho dois filhos que são o oposto um do outro, sinto-me muitas vezes a frustração de quem não consegue chegar ao consenso, pois o que resulta com um não resulta com o outro. E com a Laura, em particular, são mesmo muito poucas as coisas que resultam. É uma força da natureza e com uma personalidade muito forte.
Deixou de ser bebé quando quis deixar a maminha da mãe, pouco tempo antes de fazer um ano e, desde então, tem crescido e evoluindo de uma forma incrível. Entrou para a creche e esteve mais de um mês para deixar que se aproximassem dela, para deixar que a conhecessem ou que soubessem quais os seus gostos.
E só quem a conhece bem, percebe que não poderia ter sido de outra forma. Ela não se dá só porque sim…
Mas nunca é constante, nós nunca sabemos o que vai acontecer. Desafia-nos, responde, verbaliza como gente crescida sobre tudo o que está à sua volta. Será, à partida, a minha última bebé e cresceu tão rápido. Soube a pouco aquela bebé com choro de menina logo que nasceu e que se foi transformando numa autêntica “princesa cavaleira” como ela mesma diz.
Tem a delicadeza de uma princesa e a coragem e a robustez de um cavaleiro.
Afinal, foi assim que tudo começou: veio ao mundo destemida e corajosa! E eu nunca vou esquecer o momento em que a puxei para mim e ficamos coladas no meio de tudo aquilo que vem atracado a um recém-nascido. E teria ficado assim horas!
Era a minha primeira vez a sentir o cheiro de um recém-nascido, a ouvir o primeiro choro, a sentir tudo aquela energia indescritível de um parto. Ela foi tão forte e corajosa, que me ajudou a renascer também. E eu tinha ficado assim colada a ela horas a fio e, a verdade é que acabamos por ficar assim um ano! Em exclusivo com ela a marcar o ritmo.
Obrigada filha por me teres dado a conhecer o que é realmente viver intensamente! E por me teres ajudado a transpor isso para o resto da minha vida, desde então.
Não vou dizer que não continuo assustada por ser mãe de uma menina, porque algum receio ainda está cá. Receio que tenhamos conflitos, receio de sermos demasiado iguais e que isso dificulte a nossa relação.
A Laura faz três anos! E eu ainda sou capaz de reproduzir cada sensação daquelas horas de espera e da explosão de emoção quando a tive no meu peito.
E há uma nostalgia... porque não há como continuar a dizer que ela é um bebé. Cá em casa já nada lembra essa fase, só as fraldas que ainda usa à noite. Somos mães, haverá sempre este misto de sensações e, mesmo que seja uma Decisão fechada, há momentos em que queríamos repetir tudo... ou, talvez, ter só a oportunidade de voltar ao momento em que eles eram bebés.
Nesta fase, somos absorvidos pelos terríveis dois, três, quatro. Nada está bem, tudo é motivo de choro, e há sempre aquele choro monocórdico, sabem? Sem lágrimas e irritante? Esse mesmo!
Mas ela cresce e eu também e nisto tudo há uma certa nostalgia porque há um momento da nossa vida em que nos cai a ficha e percebemos qual o momento que estamos a viver realmente. E, nesse momento, começamos a agradecer mais, a querer aproveitar mais, a viver mais e de forma mais dedicada.
Laura, a princesa cavaleira, faz três anos!
Parabéns minha filha.