Hoje foi dia de festa. O Vicente faz seis anos!
Nasceste com covinhas e, de acordo com o que já me disseram, nunca as irás perder. E isso dá-te logo um ar e um sorriso que derrete qualquer um. És sentimental e sensível e entendes-me como ninguém, mesmo sem saberes - ou será que sabes?!
És o meu filho mais velho, aquele com quem tenho que trabalhar mais a verbalização das emoções e para confiar mais na sua voz e que a faça ouvir. Sem medo, especialmente de desiludir o pai ou mãe. Tens um bom coração e princípios. É só confiares e seres fiel a ti mesmo.
Sabes tudo acerca de futebol e o teu pai já te convenceu com o Futebol Clube do Porto. Mas, ainda assim, tu continuas a dizer que o “verde do meu clube também é bom”, só para não me deixares triste.
Também é verdade que quando estamos a três - eu, tu e o pai - não há conversas para mim! É difícil falarem de outra coisa para além de jogadores, remates e cores de clubes.... sinto-me completamente uma outsider nesse vosso mundo. E há claramente uma viragem para o lado do pai nesta fase!
Tenho medo que cresças e que deixes de ser meu, assim como ainda és. Sou egoísta e sou mãe... ora, que duas coisas que casam tão bem no que toca a filhos. Fazer o quê?
Olho para as tuas fotografias em pequeno e tenho saudades de te ter nos meus braços. Perdoa-me a minha falta de sabedoria e inexperiência, contudo, quis ser tão perfeita - e vivi com tanta culpa - que não te gozei como gostaria ou como mais tarde vim a poder fazer com a tua irmã. Sem pressão e apenas comprometida contigo.
Ainda hoje e, sobretudo depois da mana nascer, vens praticamente todas as noites para a nossa cama, com excepção daquelas em que estás tão cansado e dormes directo, e embora seja uma chatice, porque a cama é pequena demais para tantas pessoas, deixo-te ficar até ao dia em que deixes de querer vir. Precisas de mimo e de atenção e eu sei o porquê e, agora, consciente do parto e de tudo o que este envolve, é uma forma de recuperares tudo o que ficou por viver naqueles primeiros momentos em que vieste a este mudo e ficaste logo desamparado sem o meu calor, o meu coração por perto para que sentisses que estava tudo bem!
És uma companhia fenomenal para viajar e passar férias. Aprendes rápido as línguas que não são tuas e perguntas tudo e mais alguma coisa. Na tua cabeça fica tudo guardado. E eu sou completamente “viciada” em viajar contigo e com a tua irmã.
Hoje fazes 6 anos e penso que vou conseguir proporcionar - eu e o teu pai - a festa que mais desejas com os teus amigos, que assumem um papel cada vez mais importante na tua vida. Vais ter um campo de futebol e vais treinar com um verdadeiro atleta... talvez como o Soares ou o Marega, de quem já ouvi tanto falar que até parecemos já bons amigos.
Mas o que me deixou verdadeiramente feliz foi a tua resiliência, no primeiro dia do ano, em pegar na tua bicicleta sem rodinhas e não voltar para casa sem a certeza de que não precisarias de mais ajuda para andar. Conseguiste, não desististe de tentar, mesmo quando me disseste que era muito difícil para ti, entre lágrimas de frustração e de raiva. Não te disse, mas fiquei muito orgulhosa de ti e sei o que significou para ti. Isto só pode ser um sinal de que estás preparado para os futuros desafios que vamos ter pela frente. Tu vais ser capaz!
Parabéns meu filho! Obrigada pelo privilégio que me dás em ser tua mãe e por ter iniciado esta jornada contigo em primeiro!