Fim-de-semana: Mandar embora as coisas, deixar entrar os amigos!
Fazer um resumo deste fim-de-semana - ou dos últimos – é ter que falar sobre o que de mais importante temos: a família e os amigos. Pois, se por um lado, tenho dedicado muito do meu tempo a cuidar da casa (num sentido bem mais lato do que apenas referir as tarefas normais), o retorno que daí tenho recebido vai muito para além “de ter uma casa limpa e organizada”. O sentimento de pertença e de identidade é cada vez maior. As tarefas acabam por ser partilhadas, o interesse de todos é maior e, com isso, aumenta a entreajuda, mas não só! A compreensão relativamente ao outro é igualmente maior. E, pelo meio, aumenta a minha clarividência sobre aquilo que, para mim/nós, é essencial e, pelo contrário, acessório.
E, embora, por vezes, chegue até a ficar com medo de mim mesma (quando começo a destralhar), a facilidade com que faço as minhas triagens – sem dúvidas – é gigante. E, este fim-de-semana, sem ter nada planeado nesse sentido, dei por mim a passar a pente fino a despensa, finalmente, os tupperwares sem tampa e velhos foram para o lixo, assim como aquela roupa já pequena da Laura e do Vicente que continuava no armário e, já agora, uma série de peluches que estavam no quarto somente a acumular pó e outras “cenas”.
Talvez, o facto de não termos ajudas nas lides da casa, contribua para simplificar tudo. Afinal, quando somos nós a fazer, as coisas mudam um pouco de figura… não é?! 😊
Somos influenciados a ter coisas das quais não precisamos assim tanto. Como se isso não suficiente, ainda temos a elevada capacidade para acumular! Ok! Mas depois, casamos ou juntamo-nos, depois, seguem-se os filhos… e é multiplicar as coisas por muito, muito mais! E volto a frisar, o mais difícil é arranjar uma casa maior – especialmente, na loucura imobiliária dos dias de hoje.
Todavia, uma coisa vos asseguro, sou mais feliz com menos! Tenho a certeza absoluta disso, hoje e daqui para a frente. E não, não se trata de uma moda.
Ainda assim, se a minha felicidade passa por ter menos coisas, a necessidade de me aproximar cada vez mais dos amigos-família é cada vez maior. E o sentimento de ninho estende-se a essas pessoas, pois, se gostamos de conhecer sítios novos e de sair, é na nossa casa que gostamos de passar tempo com os amigos. É no nosso ninho e numa mesa recheada de iguarias, mas ainda mais afectos, que partilhamos tudo e, às vezes, nada! Porque os amigos de verdade são assim. Basta estar, os momentos de silêncio não são constrangedores, a casa é um ambiente confortável para todos e acabamos por estar em família, numa grande família.
Se, do meu percurso de vida, tenho retirados coisas boas, o “back to the basics” é, sem dúvida, das mais importantes. Talvez porque, deixando de ter um trabalho seguro e, consequentemente, um rendimento fixo ao final do mês que, sendo mais ou menos, me fizesse projectar as coisas no futuro. Neste sentido, o dinheiro um valor muito mais utilitário e tudo o resto ganha outras dimensões, muito mais importantes para mim.
Sem nos darmos conta, acabamos por atribuir a tudo aquilo que é um meio na nossa vida, para termos outras coisas mais importantes para nós, torna-se o objectivo.
Trabalhamos cada vez mais para ter cada vez mais – sem que isso se reflicta necessariamente no aumento da nossa qualidade de vida. A maior disponibilidade financeira, levamos a sonhar mais alto: a nossa casa pode ser maior, o nosso carro mais espaçoso e, assim, entramos num ciclo vicioso, totalmente absorvente e desvirtuoso do princípio fundamental que nos trouxe aqui.
Mas sobre este assunto, acho que devo partilhar a minha experiência, destes últimos três anos a recibos verdes e como trabalhadora independente e como isso alterou a minha forma de estar na vida. Porque eu não sou diferente, tenho uma família, uma casa, responsabilidades, por isso, eu tive que mudar, tive que correr atrás… tive que me readaptar.
Vou fazer 36 anos dentro de dias – oh meu Deus! - e sinto que as peças do puzzle da minha vida finalmente se encaixam. Após os caminhos tortuosos, tudo está a fazer sentido. E foi preciso passar por tudo o que passei para hoje ser capaz de dar valor a algo tão simples como, por exemplo, a nossa casa, a minha família e os meus amigos. O estar simplesmente é tao bom: estar na casa a qual chamamos de lar e estar com os amigos que são os tais.
Por mais cansados que estejamos, por mais que pensemos que no fim-de-semana vamos estar sossegados, é mais forte do que nós e cedemos rapidamente à vontade em chamar os amigos para completaram os nossos dias. E nada com um bom serão de conversa!
Boa noite!