Escolher a família e ser por ela que mudamos!
Escolher a família como factor principal nas nossas decisões é um argumento tão válido como qualquer outro. Embora haja quem defenda que, mesmo sendo o mais importante na nossa vida, não devemos deixar que seja soberana em decisões que afectam a nossa vida pessoal.
Contudo, à medida que o tempo vai passando e, acreditem, com muitas dificuldades pelo meio, muitos, muitos momentos baixos e muitos momentos em que a vontade foi de desistir, a família é o elemento que tem estado do meu lado, nos altos e nos baixos; a família e mais uma mão quase cheia de amigos que alargam a nossa (pequena) família a mais alguns elementos.
Foi pela família que a minha vida mudou no sentido literal e mais profundo da palavra. Se pensarmos bem, foi por ela que acabei por me despedir e abracei a vida instável e inconstante de uma trabalhadora independente. Lembro-me de ter dito ao meu marido que, entre os dois, haveria um que tinha tudo para ser bem-sucedido numa carreira profissional conforme aquilo que é o normal numa profissão.
Foi nessa tomada de decisão, sentados os dois, lado a lada, na cama, que a minha vida nunca mais voltou a entrar nesse ritmo chamado “normal” e expectável. Continuei a moldar-me às necessidades e à nossa realidade. Perguntam-me muitas vezes, “então é tu?“
Eu, como qualquer outra pessoa, tenho altos e baixos, sou, em parte, uma espécie de empreendedora, que criou algo do zero. Mas sabem? Às vezes sinto-me aquém desse empreendedorismo, sinto-me a meio gás e sempre à margem do que realmente conseguiria fazer. Há alturas melhores do que outras, há alturas em que sou mais proactiva (e que recebo os lucros por isso) e outras em que espero que as coisas me caiam do céu, porque, na minha vida real, não consigo fazer muito mais.
Escolher a família e tentar ser uma profissional nas horas vagas – fazendo dessas horas vagas se transformem num dia inteiro de trabalho – é uma luta diária. E, por vezes, somos obrigados a aceitar que não conseguimos levar tudo ao mesmo tempo, que eles precisam de mim e que os tempos que se vivem, são tão intensos para algo que desejamos muito, que simplesmente baixamos a guarda e colocamos um pouco nas mãos de Deus.
Quero acredito que faço o certo, porque o meu coração me diz que estou a fazer o certo, mas se sei como é que vai ser? Não faço a mínima ideia, é como caminhar de olhos vendados sem sabermos por onde vamos, devagar e muito cautelosa, para minimizar os acidentes, os percalços e as surpresas.
Escolher a família é um argumento como qualquer outro. Foi o meu, porque acredito na família unida, junta e que se entreajuda. Escolhi a família porque são eles que estão lá, quando nada dá certo, quando me apetece chorar e também quando é o momento de festejar.
E a família é também o marido, um casamento - que sim, pode acabar porque nada é para sempre – tal como não existem carreiras para a vida, tal como podemos ser surpreendidos por um problema de saúde… Mas é a família, no seu todo, que se tornou o meu apoio, nos dias de sol e nos dias cinzentos. E é por isso mesmo que os quero por perto, que procuro a união e que, faço muitas cedências pessoais e profissionais, sem nunca me ter arrependido, mesmo quando olho para o lado e penso “podia ser eu!”, “podia ser comigo”.
O desafio da realização pessoal é muito mais do que o curso, a profissão e as nossas opções pessoais. O desafio da realização pessoal é misturar e baralhar tudo isto na dose certa, naquela que nos transmite segurança, paz e nos enche de amor própria – aquele que apazigua as nossas lutas e revoltas internas, sabem?
Boa noite.