Escola Em Tempos De Pandemia: O Regresso Das Aulas À Distância
Mudanças E Remodelação Do Escritório Para Preparar As Aulas À Distância
O terceiro período escolar começa, em Bruxelas, na próxima segunda-feira e se os tempos foram de incerteza, neste momento, sabemos que os nossos filhos vão passar a ter aulas em casa. Para tal, conta-se com o apoio e recurso das tecnologias, o esforço dos professores para se adaptar, dos pais, mas, acima de tudo, das crianças.
E, se há um mês atrás senti que fomos arrastados para esta nova realidade de forma abrupta, sem preparação e com poucos recursos. Neste momento, com as certezas que temos, foi minha preocupação fazer as alterações necessárias para que este terceiro período escolar em casa – seja total ou parcial - fruto da pandemia, seja suave e, ao mesmo tempo, o menos penalizante possível para os meus filhos.
E a minha realidade são duas crianças que precisam de supervisão e de atenção em constante. A Laura está no pré-escolar e o Vicente no primeiro ano do ensino básico. E, na verdade, aquilo que ambos precisam é de motivação para acreditar que a escola é importante, algo face ao qual eu tenho as minhas dúvidas face a esta adaptação face ao corona vírus. Não sei qual será a sua percepção em relação a escola, a necessidade de concentração e a importância da aprendizagem. Este arranque no ensino obrigatório foi tudo menos aquilo que eu – ou qualquer pai – esperaria.
Todavia, em situações limite ou mais problemáticas, aquilo que eu faço é pensar: existe uma alternativa? Não existe, pelo menos para já. Portanto, contrariar esta certeza de que os nossos filhos vão ter aulas em casa e que isso implica que muitos pais tenham que reorganizar o seu tempo para dar prioridade ao ensino dos seus filhos, é um dispêndio de energia que me parece desnecessário e uma fonte de stress e ansiedade adicional, que devemos dispensar!
Portanto, aceitei o que esta pandemia nos trouxe, mas acima de tudo, compreendo a necessidade e a urgência com que devemos continuar a cumprir as diretrizes de segurança. Pelo bem de todos e pelo nosso futuro, em particular o das crianças. Espero sinceramente que num futuro próximo possam retomar actividades ao ar livre sem medo e com alguma tranquilidade da nossa parte.
No entretanto, será importante tentar preservar o sentimento de pertença ao grupo, a ligação ao professor e à escola, a sua identidade enquanto aluno. Enfim, se é uma tarefa fácil? Não, não é e prefiro não pensar muito nos efeitos psicológicos que possam eventualmente afectar as crianças.
Da minha parte fica o compromisso de fazer tudo aquilo que está ao meu alcance, com tudo o que isso implica. E parte disso foi tentar ajustar o nosso escritório num espaço mais funcional para todos, acolhedor e com espaço de trabalho para os três – eu, o Vicente e a Laura. Por exemplo, achei importante trazer o Vicente mais para perto de mim, para lhe dar apoio e supervisionar e, ao mesmo tempo, tentar rentabilizar o meu tempo.
1ª Mudança: Trocar o tampo da minha secretária por um maior e assim termos dois espaços de trabalhos.
2ª Mudança: A Laura ganhou uma secretária (a do irmão) a sério para as suas actividades, mais lúdicas e artísticas, digamos assim.
3ª Mudança: Ganhamos um novo armário dos nossos vizinhos que adaptamos para guardar todos os materiais de escritório, papéis, canetas, colas, tintas, etc.
De uma forma geral, passamos a ter as coisas muito mais arrumadas, em sítios próprios, evitando a concentração que, por sua vez, conduz à desconcentração. O espaço livre no centro vai continuar a ser aproveitado para sessões de cinema, as aulas de ballet ou outras brincadeiras.
Com este resultado final, sinto que temos uma boa energia e, embora fosse já uma das divisões da casa de que mais gostamos, está muito mais adaptada às necessidades de todos e muito versátil.
No entanto, é preciso salientar que estas mudanças não estão ao alcance de todos nós. Depararmo-nos com a realidade da telescola veio igualmente salientar as diferenças socioeconómicas. Muitas famílias, muitas crianças, enfrentam dificuldades em retomar algo que é um direito, o acesso ao ensino, nomeadamente pela falta de conhecimentos informáticos, de acompanhamento das metias ou até por falta de recurso.
Por esse motivo, lancei a perguntas no instastories para perceber se haveria alguma coisa a ser feita nesse sentido e se sim, que associações ou entidades estariam responsáveis. Eis o que consegui apurar:
- E ainda:
Estas são as entidades que estão a receber equipamentos eletrónicos para reparar e estar aptos a voltar a ser usados.
Para alem disso, podem tentar falar com o agrupamento de escolas ao qual pertencem, com a Junta de Freguesia ou Câmara Municipal. Tive conhecimento que a Câmara de Oeiras, por exemplo, esteve bastante activa nesse sentido.
Outra coisa que seria pertinente: voluntários virtuais para ajudar com o manuseamento dos aparelhos e/ou das aplicações. Perguntem no grupo de pais das turmas dos vossos filhos se alguém está a precisar de ajuda e, por sua vez, quem precisar de ajuda, por favor, não é motivo para esconder ou ficar envergonhado. Estamos todos a viver a mesma situação, mas nem todos partimos da mesma “base”, fale, peça ajuda!
Bom recomeço escolar para todos!