Diário de um Peixe #6 | A nossa melhor aquisição de 2018
Embora, em miúda, tenha crescido sempre rodeada de animais de estimação, de variadas espécies, a verdade é que, quando deixei a casa dos meus pais, foi algo que simplesmente acabou. Talvez por viver sozinha e com a responsabilidade (toda) depositada em mim para cuidar de um animal, ou então o não querer preocupar-me com isso, ou simplesmente o querer fugir a ter mais trabalho.
Contudo, acho que só pensei a sério sobre isso quando percebi, pela pessoa que vive comigo, que ter um animal de estimação tinha deixado o campo da vontade para tornar-se um “não redondo” (e já sabemos quais os motivos!). A alternativa era um peixe, mas a ideia assustava-me pelo receio do seu curto período de vida em nossas casas. E, sinceramente, nunca imaginei tão pouco que viria a ter os famosos peixes-palhaço ou sequer um aquário que não a tradicional “bola redonda” – que, afinal, não é nada favorável ao bem estar dos nossos peixinhos.
E a verdade é que já lá vão praticamente seis meses desde que este aquário faz parte das nossas vidas e da decoração da nossa casa. Já muito escrevi sobre a nossa experiência com os peixes de estimação, o que se tornou particularmente interessante para mim por poder ter um contacto tão próximo com quem percebe tanto do assunto, nomeadamente a Tropical Marine Center e, claro, a loja especializada onde me dirijo sempre que é preciso alguma coisa, a Aquaplante.
Ao longo destes meses, percebi que os erros são fáceis de cometer e que são até naturais - no worries. Dar-lhes a volta e ter a preocupação de aprender como os minimizar de futuro, isso sim dita não só a longevidade dos nossos peixinhos como também o nosso perfil de “cuidador” daquele animal de estimação em particular. E, nesta altura do ano, tão propícia à oferta de presentes e, muitas vezes, querendo fugir ao material, coloca-se a hipótese de oferecer um animal de estimação.
A ideia é óptima. Sem dúvida, ter um animal de estimação traz muitos benefícios, a muitos níveis, para todos, especialmente para as crianças. Mas é uma responsabilidade, seja que animal for, desde o mais pequeno ao maior, do mais tradicional ao mais exótico. Criar as condições indicadas para o seu bem-estar, adoptar as rotinas e fazê-las com consistência, gostar-se realmente do animal ou da ideia de ter “mais alguém” de quem cuidar são algumas das premissas que devemos assegurar.
A ideia, ao trazer um animal para nossa casa, é proteger o animal e dar-lhe as melhores condições, permitindo que cresça e se desenvolva, mesmo que num ambiente artificial criado para ele. E tudo isto tem que acabar por se tornar natural para todos e deve estar entre as prioridades do dia-a-dia.
E olhem que eu aprendi bem a lição, pois, enquanto andava muito preocupada com os dias que ia passar fora de casa, houve pequenas rotinas do dia-a-dia que, um dia ou outro, foram passando. Todavia, foi a forma de aprender que um dia na vida de um peixe não é apenas alegrar a nossa casa e fazer-nos companhia com a sua presença divertida.
Um peixe tem rotinas que, afinal, são tão simples e básicas de se fazer diariamente, como, por exemplo, alimentar e acertar o nível da água e limpar os filtros, depois, mudar a água do aquário uma vez por semana. E, se o básico estiver assegurado, não deverão existir preocupações de maior.
Em termos de encargos, tirando o inicial, apenas tive que ir à loja duas vezes, uma para comprar comida (e gastei cerca de 15 euros para várias cuvetes de comida, que ainda tenho no congelador) e, a segunda, para comprar o sal para as mudanças de água. Comprei uma embalagem média, cujo valor não chegou perto dos 20 euros, e ainda tenho ali para bastante tempo. Na conta da luz e da água não existiram alterações. A diferença está mesmo na quantidade de roupa que temos que lavar e não nos 10 litros de água que temos que colocar no aquário uma vez por semana.
Os miúdos sabem que já não são os únicos da casa que precisam de cuidados. Ajudam com a alimentação e interessam-se pelas coisas. Acima de tudo, preocupam-se com outros seres vivos, questionam se está tudo bem quando um deles anda escondido durante mais tempo ou quando algum “Nemo” anda mais quieto do que o habitual.
Já não imaginamos a nossa vida sem eles e a sala pareceria demasiado vazia se, de repente, deixasse de ter ali o nosso aquário. Para além disso, vê-los crescer é do tipo: WOW! Há realmente alguma coisa a acontecer e de bom, para eles estarem tão bem!
A parte boa de ter peixes, devo dizer, é que, no meio das rotinas todas, eles não nos obrigam a levá-los à rua nestas noites mais frias de inverno. 😊
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A chegada dos novos amigos | Diário de um Peixe #1
Porquê um Peixe para animal de estimação | Diário de um Peixe #2
Os primeiros tempos e a habituação | Diário de um Peixe #3
Os cuidados que os peixes exigem de nós | Diário de um Peixe #4