Enquanto a Laura se aventura pelo mundo da alimentação complementar, o Vicente está cada vez mais distante do menino de antes. Fisicamente, está mais "comprido", deu um pulo gigante este verão. No entanto, é nos comportamentos e nas conversas que noto uma enorme diferença. E já é preciso ter atenção às conversas que temos à sua frente, pois ele está atento a tudo e mais tarde vem questionar-nos sobre algo que nos ouviu dizer.
Ontem, por exemplo, enquanto o pegava ao colo, dizia-lhe que estava a ficar muito crescido e que isso tinha que parar pois, assim eu iria ficar "velhota" muito rapidamente. O Vicente ficou a olhar para mim muito sério e para a avó - que estava connosco - e passados uns segundos diz-me:
"Mãe, eu já não vou crescer grande! Vou ficar sempre assim para tu não ficares velhota, está bem? Ficas assim para sempre, a minha melhor amiga do mundo e do universo!"
E eu... eu fiquei sem resposta!
Todos nós sabemos que os filhos crescem, que ganham a sua independência e que seguem o seu caminho e nós iremos envelhecer. Mas, bolas, naqueles instantes em que o ouvi dizer aquilo, deu-me um frio na barriga, olhei para a minha mãe e pensei que eu também não queria "crescer grande" como o Vicente, porque também não queria imaginar a minha mãe "velhota" ou debilitada e, na minha cabeça, a verdade é que continuo a olhar para ela e a esquecer-me que o tempo passa pelos meus filhos, por mim e, claro, por ela também.