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As viagens dos Vs

Mulheres nutridas, famílias felizes

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Dão-se bem ou são irmãos? | As primeiras brigas

16.07.18 | Vera Dias Pinheiro

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Bom… o melhor é falar das coisas como elas são, não é verdade? Pois, embora seja muito bonito dizer que os irmãos se adoram, que não vivem um sem o outro, que se completam e que entendem a linguagem um do outro, muito melhor do que os pais, por vezes, isto não reflecte o quadro completo da convivência entre os irmãos. Então, sendo assim, quando começam as brigas? E os gritos? Quando é que começam a marcar território e, tudo o que faça parte do mundo de cada um, é motivo para montar um campo de batalha? Quando é que a música que nos embala as manhãs, e as noites, é pautada por…berros, algum choro e que a sensação de “fim do mundo” é demasiado autêntica? Quando?

Admito que, quando este cenário se torna uma constante, sou capaz de ficar desmoralizada. Não raras vezes, quando tento intervir, ainda são capazes de ser virar contra nós como se a culpa fosse dos pais. E o melhor é, sempre que possível, deixá-los, porque é tudo tão intenso como rápido e, daí a minutos, já são novamente os melhores amigos do mundo e o Vicente, mesmo chateado com a irmã, não deixa de tratar a irmão carinhosamente por Laurinha.

Situações que podem levar-nos a um campo de minas, por exemplo, ambos terem talheres idênticos, mesma cor, mesmo formato, etc… e mesmo assim, há um “meu” e o “teu”. Há dois pacotes de leite, iguais, que vão ser abertos ao mesmo tempo, mas mesmo assim, há um “meu” e um “teu”.

Recordam-se da fase de cruzeiro da maternidade? Portanto, essa continua, pois eles crescem (e amadurecem) de dia para dia. E, com isso, as rotinas serenam a cada dia e tudo se torna mais natural e menos programável. Contudo, a relação entre os dois está como seria de esperar... um misto em amor e ódio, afinal, são irmãos. Dão-se bem, mas são irmãos. Gritam muito um com o outro, entram numa espiral de conflito que, muito sinceramente, mais vale esperar que passe. Os ciúmes agudizam-se quando começam a interagir um com o outro, quando cada um começa a marcar o seu território e a impor uma personalidade.

Opto por deixá-los mais vezes revolverem os conflitos os dois, do que opto por interferir. E quando o faço é somente tentando chamar a razão e tentado fazer ver ao meu filho mais velho que um pacote de leite ou um talher da refeição não são motivos para nos fazerem chorar. Que há coisas que certamente ele gosta mais e que, essas sim, são motivos mais do que suficientes para realmente o deixar chateado – por exemplo, a construção de Lego que a irmã resolve, do nada, destruir…

O Vicente “decidiu” entrar de férias mais cedo e eu não contrapus. Afinal, o tempo de criança de verdade está a acabar. Todavia, é verdade que ter os dois juntos o dia todo é de bradar aos céus e que só funciona para todos se eu conseguir desligar o botão, abstraindo-me da confusão.

E esta é apenas mais uma fase. Já tive a fase das cólicas, a fase das fraldas, da privação do sono, das rotinas “desrotinadas” e agora é só mais uma fase, como tantas outras se seguirão. E assim nos apercebemos que um esperançada perfeição nas nossas vidas que alcança precisamente nestas dicotomias, nestes momentos constantes de altos e baixos. No fundo, são o sinal perfeito de que tudo está a funcionar como suposto, de que temos saúde, que estamos juntos e não somos indiferentes uns aos outros. Somos uma família de quatro em constante processo de ajuste e de conhecimento de si mesmo e do outro.

Eu não desejo encontrar soluções nem métodos para não passar por nada disto. Muito pelo contrário, eu acho que tudo isto é do mais saudável que há e que é importante que todas as fases sejam vividas no exacto momento em que devem ser vividas.Mas é assim, numa espécie de “vai e vem”, entre o conflito e momentos de puro amor, que nem nos dão tempo suficiente para nos afeiçoarmos que a uma situação, quer a outra. A velocidade a que se alternam é tão mais rápida do que a minha capacidade de os acompanhar. Neste caso, mais vale não dar demasiada importância e, esperar, pela fase seguinte. Certo?

Como vão, por aí, as relações entre os irmãos? Sentem que há fases mais intensas de conflito e outras mais plenas de amizade? Acham que a diferença de idades entre eles tem interferência? 

Ainda sobre este assunto, recordemos as dicas da Psicóloga Tatiana Louro

Dão-se Bem Ou São Irmãos?! | Colaborações Psicóloga Tatiana Louro

Boa noite.

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