Creche: Aproxima-se o grande dia e eu fico um pouco ansiosa!
A Laura vai começar a frequentar a creche já na segunda-feira. Ela tem dois anos e quase meio e, sem dúvida alguma, que é toda despachada e desenrascada. No dia-a-dia dá-nos muitas vezes a impressão de não precisar de nós para nada, embora seja capaz de nos derreter em doçura, nem que seja para conseguir o que ela quer.
Contrariamente aquilo que pensava, irá para a escola sem o desfralde feito. E eu que achava que iria ser mais fácil do que com o irmão e mais rápido, ela não esteve para aí virada. Tentamos várias vezes e de várias maneiras, quando queria as coisas corriam bem, mas a maior parte do tempo não quis, não lhe apeteceu ou simplesmente não estava preparada ainda. Em contrapartida, a Laura nunca usou chucha e nem sequer quis dar uma oportunidade ao biberão, sem o ter cuspido e empurrado de imediato. Recorre ao dedo, quando está muito cansada ou para dormir.
Por outro lado, anda bastante entusiasmada com a ideia de ir para a escola. Há dois dias que anda com a mochila para todo lado, vazia, somente com a sua caixinha de bolachas.
A Laura tem um temperamento difícil, por exemplo, não gosta de ajudar o próximo e amua com muita facilidade quando as coisas não lhe correm do jeito que quer. Também é bastante pespeneta quando alguma coisa não corre à maneira dela e sempre que tem uma reacção que eu reprovo, explico que, na escola, os meninos vão ficar triste com ela se ela o fizer. Resmunga muito e responde que “pode, pode” fazer o que ela quiser – seja o que Deus quiser!
É a filha que me deixa (quase) sem resposta, a que me fez quebrar (quase) todas as regras e que me fez engolir muitas das coisas que eu tinha quase a certeza que ficariam classificadas como “jamais”, “nunca” e “nem pensar”. Tive que reaprender muitas coisas para aprender a lidar com ela, tive que desistir de muitas teorias e até abdicar da forma que, para mim, era a certa. Tive que aceitar que ela é diferente e ceder mais do que impor, orientar mais do que obrigar.
Posto isto, aquilo que é eu pergunto é: “O que terei feito de errado?” Não fiz nada, simplesmente, há que aceitar que cada filho é um filho, com uma personalidade própria. No entanto, passamos demasiado tempo a julgar as outras mães. Tudo serve de motivo para condenar a outra mãe, por exemplo:
- Porque o filho usou a chucha durante demasiado tempo;
- Porque não fez o desfralde na “altura certa”;
- Porque recorrer ao tablet ou o smartpohne para entreter os filhos;
- Porque o filho faz birras no supermercado;
- Porque o filho morde os colegas na escola;
- Porque não quer dar de mamar ou porque amamenta em locais públicos sem se esconder, como se fosse um crime.
Enfim, tudo é motivo para “castigar” a mãe como se tudo fosse culpa sua, como se fosse sobre ela que caíssem todas as responsabilidades por ter sido ela a gerar aquela criança no seu ventre. As mães querem sossego e compreensão, querem espaço para serem elas próprias e tomarem as decisões que, no momento e em determinadas situações, sentem serem as mais adequadas. As mães não querem julgamentos em praça pública porque tem um filho aos berros num restaurante ou porque deu uma palmada ou teve uma atitude para tempestiva – Quem nunca chegou ao limite da sua sanidade mental que atire a primeira pedra!
Todas nós passamos pelos mesmos dilemas e, se não for com um filho, será com o próximo. Todas nós temos dúvidas, temos momentos de exaustão e de cansaço. Temos momentos em que não conseguimos sequer “somar um mais um” e tudo fazemos tudo o que estiver ao nosso alcance para termos só cinco minutos de paz e de silêncio.
Todas as mães que agem com amor estão a fazer a coisa certa para os seus filhos, não importa o que os olhos dos outros vejam ou o que as cabeça pensem.
Menos julgamentos, mais amor!
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