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Como conseguir combater o cansaço da pandemia?

A SEGUIR AO MEDO, O CANSAÇO. COMO PROTEGER A SUA SAÚDE MENTAL?

11.11.20 | Vera Dias Pinheiro

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Em primeiro lugar, gostaria de salientar que de facto estamos, enquanto população mundial, a viver uma situação de stress colectivo sem precedentes na história da humanidade. Stress que dura há meses e que tem tido um enorme impacto na saúde mental de todos, dos mais pequenos, aos adultos e idosos. 

 

O ser humano não está preparado para ser confrontado com situações de stress agudo prolongado e o contexto de isolamento e incerteza sobre o futuro tem vindo a agravar a nossa saúde mental. Sensações como uma fatiga extrema, dificuldades de concentração, desinvestimento no trabalho, isolamento, problemas de sono, desregulação do apetite, humor mais deprimido, irritabilidade e labilidade emocional são reacções normais, esperadas e mesmo, em alguns casos, consideradas como adaptativas face a uma situação desconhecida. O nosso cérebro e corpo tentam desesperadamente adaptar-se a circunstâncias, que mudam quase diariamente, e tentam, da melhor maneira possível, fazer sentido face a uma situação que, em tantos aspectos, parece saída de um filme de ficção scientífica.

 

Como é que podemos então tentar navegar da melhor forma possível esta montanha russa de emoções e de eventos que nao controlamos ?

 

 

  •  Podemos identificar, nomear e validar a emoção que estamos a experienciar no momento presente. Tentar perceber os seus efeitos no nosso corpo, “observá-la” e lembrarmo-nos que as emoções são como vagas que vêm e passam por nós e que, por muito intensas que nos pareçam, elas vão sempre passar. Podemos, se conseguirmos, tentar igualmente identificar o porquê de ressentirmos cada emoção, que mensagem ela nos quer transmitir, a que necessidade (física e ou psicológica não estamos a prestar atenção). As emoções são antes de tudo, mecanismos fisiológicos de sobrevivência que actuam para nos proteger e assegurar o nosso bem-estar.

 

  • Devemos, mesmo quando confinados ou em quarentena, exercitar o nosso corpo. A ciência diz-nos que, em determinadas circunstâncias, a prática de exercício físico pode ser tão eficaz como a toma de um antidepressivo. Mesmo uma caminhada de 15 minutos ou dançar na sala ao som da vossa música favorita, podem fazer a diferença.

 

  • Procure rir e sorrir o mais possível.  O humor é uma estratégia associada à capacidade de resiliência e que tem um efeito positivo sobre as hormonas do stress. Assista a uma boa comédia, oiça um podcast humorístico, faça uma luta de cócegas e almofadas com os seus filhos. Todas as desculpas são boas para introduzir uma dose de riso na sua vida.

 

  • Focalize-se o mais possível no momento presente. Quando divagamos e nos perdemos nos nossos pensamentos, temos tendência a reviver situações stressantes do passado ou a antecipar eventos negativos do futuro. Procurarmos estar concentrados na tarefa que estamos a executar e no que estamos a sentir traz, muitas vezes, um sentimento de calma e de conexão que aumenta o nosso bem-estar.

 

  • Lembre-se de que tudo na vida é temporário e que esta situação e o sofrimento que ela pode estar a proporcionar, também o são. Mesmo se neste momento tudo parece negro e sem saída, o ser humano tem uma capacidade inata de adaptaçao e de resiliência que vão fazer com que possamos ver dias melhores. A isto chamamos optimismo realista.

 

  • Devemos manter rotinas flexíveis mas estruturadas: acordar à mesma hora, fazer desporto, descansar e ter actividades de lazer, vestir-se como se fosse sair para ir trabalhar… As rotinas reduzem a ansiedade e ajudam-nos a estruturar o tempo.

 

  • Dentro dos possíveis, esforce-se por manter os laços sociais. No entanto, procure sempre apostar na qualidade dessas relações e privilegiar as pessoas e conversas que lhe fazem bem e nas quais se sente ser autêntico(a).

 

  • Invista na auto-compaixão e no auto-cuidado. Às vezes não vamos conseguir sorrir, vamos passar o dia no sofá a comer chocolate e a sonhar com dias melhores. E não faz mal! As emoções desagradáveis também são importantes de ser vividas e constituem uma resposta normal nesta situação de angústia e incerteza sobre o dia de amanhã. Não se culpabilize! Aproveite, em vez disso, para fazer coisas que o/a reconfortem e que lhe façam bem. Melhores dias virão! E se estas emoções se tornarem recorrentes e permanentes, não hesite em pedir ajuda especializada de um profissional de saúde mental.

 

  • Caso sinta que as preocupações o/a invadem, fixe um horário na sua rotina diária e conceda 10 minutos para deixar livre curso aos pensamentos mais catastróficos. Assim, e de cada vez que um desses pensamentos aparecer durante o dia ( e fora do horário escolhido) relembre-se com gentileza que não é o momento certo para ceder a preocupações. Pode até anotar numa folha de papel o que lhe veio à cabeça, porém só poderá dar-lhe atenção na hora marcada !

 

  • Cultive à sua volta um ambiente bonito, sereno e positivo, que lhe dê energia e vontade para enfrentar o dia.

 

  • Se trabalhar a partir de casa, tenha atenção para manter o espaço profissional e a vida pessoal bem separadas. Estabeleça os seus limites e não hesite em dizer « não » sempre que for necessário. Reserve um tempo só para si.

 

  • Focalize-se nas coisas boas. Exercícios, como por exemplo, as três bençãos/três coisas boas do seu dia ou escrever uma mensagem de gratidão a um próximo podem ter um impacto importante no seu humor e no seu bem-estar.

 

  • Identifique as suas forças e procure utilizá-las ao máximo nas suas tarefas quotidianas. Assim essas tarefas vão requerer menos esforço para serem executadas e o seu bom humor e aumento de energia serão o resultado.

 

  • Faça planos e projetos para o futuro. Não tenha medo de sonhar e desenhar um plano de acção para concretizar os seus objectivos. Se esta ideia for geradora de stress, pegue nos seus antigos albums de fotografias e deixe-se levar durante uns minutos (ou umas horas) numa viagem pelas boas memórias.

 

 

 

         

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Sobre a Dra. Andreia Santos...

É psicóloga clínica e psicoterapeuta, especializada no acompanhamento de crianças e jovens, assim como, em terapia familiar. É formadora no campo da educação positiva, organizando com frequência ateliers para grupos de crianças. nos quais são trabalhadas competências sociais, a empatia, a auto-estima e onde se aprendem técnicas de regulação emocional.

É uma apaixonada pela psicologia positiva e pelo potencial humano e, acredita mesmo, na importância da promoção da saúde mental desde a mais pequena infância. Neste momento, tem o seu consultório próprio - L'Officine des Petits Bonheurs - onde recebe crianças, jovens, adultos e famílias, em Montgomey (Bruxelas). Paralelamente, e para chegar ainda mais longe, propõe sessões online.

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