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As viagens dos Vs

Mulheres nutridas, famílias felizes

As viagens dos Vs

Começamos o desapego!

08.11.16 | Vera Dias Pinheiro

Começamos aos poucos a praticar o desapego, a aprender a viver menos uma com a outra, a perceber que está a crescer e que a maminha deixou de ser o centro da sua atenção e o seu alimento principal. 

rotinas + sete meses + amamentação + alimentação completamentar + girafa sofia + crescimento do bebé

Não é fácil, admito! Com todas as dúvidas, as inseguranças, os pensamentos que tive de querer parar - especialmente nos momentos em que o cansaço me vencia e as noites eram duras, bem duras - amamentar a minha filha durante tanto tempo e de uma forma tão natural e espontânea foi a concretização de um sonho, foi uma experiência única e foi exactamente como eu acho que deve ser: algo que também dê prazer à mãe, que não lhe cause dor, que não traga ansiedade e sem o stress da balança! Levei algum tempo a sentir-me segura, mas quando assim foi, fiquei inabalável contra quaisquer comentários, mesmo os mais inofensivos e das pessoas que tão bem me conhecem.

Até aqui construímos a nossa intimidade, vivemos uma para outra, em total disponibilidade e entrega. Sempre respeitei a livre demanda e nunca tirei leite, portanto, à hora que ela quisesse, eu tinha que lá estar obrigatoriamente. Foi cansativo, mas também foi divertido. Dei de mamar em tantas e diferentes situações e sempre com uma tranquilidade que eu achava ser difícil conseguir ter - pois, não sou a pessoa mais à vontade com o dar de mamar em público e fora de casa. Aprendi a sê-lo para que a nossa vida fosse o menos complicada possível. Saboreie a leveza de não ter que andar com a parafernália de coisas atrás, pois ela só precisava de mim e da minha disponibilidade para comer.

Agora estamos no caminho inverso. A Laura aprende que o alimento dela é outro, embora ela procure a maminha sempre a seguir a cada refeição e não porque tenha fome, mas sim para o seu conforto. E eu reaprendo a estar longe dela, sabendo que está bem e que não preciso ir para casa a correr. Mas, ambas sabemos que não tem sido fácil e que as noites têm servido para compensar a minha "ausência" durante o dia. Por ela, adormecia sempre, mas sempre, na maminha e ultimamente já nem era a comer, mas somente conforto - era impossível ter assim tanta fome. O próximo passo é esse, ensiná-la a adormecer de uma outra forma.

Ontem pela primeira vez, sai de casa ao finalzinho da tarde, depois dos banhos tomados e com o jantar quase na mesa, era cedo. Sai porque sabia que não ia estar longe, pois sabia que ela iria dar pela minha falta e assim foi. Com os nossos relógios tão sincronizados, pouco tempo depois de ter sentido a subida do leite, vi uma chamada não atendida no telemóvel. Ela tinha acordado e estava à minha espera. Assim que entrei em casa, lá estava ela numa felicidade imensa, tinha pouca fome, mas muita vontade de ter o seu conforto para adormecer de novo e mais serena.

Amamentar só faz sentido quando significa algo de bom para as duas partes, mas muito mais para a mãe, confesso. Não é fácil e pode ser muito duro dar de mamar e só resulta quando há amor em tudo aquilo, disponibilidade e vontade - sem esquecer que aquilo que define uma boa mãe está muito para alem da amamentação. No início, pensar nos oito meses de amamentação era uma loucura, achava uma coisa quase irreal e, de repente, dou por nós a chegar lá (ironicamente) sem esforço. E assim como a livre demanda fazia todo o sentido para mim, o desmame natural também passou a fazer. Um desmame sem imposições e quando as duas quisermos, mas de preferência que seja quando ela quiser. 

Ontem quando cheguei a casa e me enfiei com ela na minha cama e ela se aninhou como sempre se aninhou desde que nasceu, pensei no quão maravilhoso é estarmos ali a duas e quão rápido tudo passa. Não existe mimo a mais, colo a mais, calor humano a mais, mama a mais... nada é a mais para estes bebés que precisam de tudo a mais neste primeiro ano de vida para se sentirem seguros neste mundo onde vieram parar. Mas, por outro lado, existe pressão demais nas mães e na forma supostamente correcta de como devem fazer a coisas: "Cuidado para não dares colo a mais!"; "Não deixes o bebé a dormir contigo!"; "Olha que os bebés são manhosos!"; "Se lhe desses biberão dormia melhor!" e tantas outras coisas...

O tempo, quando estamos com um bebé, passa a correr, parece que faz de questão de acelerar mais! Por isso, tudo é pouco e tudo deixa saudades. Tudo mesmo! Já o disse antes e repito! Tudo deixa saudades, até aquele bebé que chora mais e que não nos deixava pregar olho, deixa saudades! Eu já tenho saudades...

Bom dia!

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