Adeus Fevereiro: Foste O Mês Do Caos, Ainda Assim Obrigada!
Transformar As Coisas Negativas Em Pontos Fortes.
Ufa! Chegamos ao fim do mês de fevereiro. Foi um mês curto, mas intenso. Foi um mês de muitas lágrimas, mas, ao mesmo tempo, de muito amor. Foi o mês em que quis desaparecer, mas em que surpreendentemente me dediquei mais ao trabalho e em que efectivamente pus a minha vida a andar para frente. Tudo o que tinha ficado na gaveta até então, fosse por causa da mudança em si, da adaptação dos miúdos, da reorganização das novas rotinas, da doença da minha mãe e do meu próprio estado de espírito (mais vezes em baixo do que em cima), aquilo que consegui foi apenas manter-me à tona para não perder o barco de vez.
Na verdade, ao longo destes sete meses, houve tempo para que muitos pensamentos me passassem pela cabeça. Pensamentos que nem sempre eram motivadores para mim, muitas vezes dei por mim a colocar tudo em perspectiva e chegar a colocar em causa, pela primeira vez, as minhas certezas e o meu instinto. Tinha tanta vontade de tantas coisas e, depois sentir-me a ir ao fundo completamente, com tudo o que estava a acontecer na minha vida pessoal, tornou bastante difícil encontrar um ponto de equilíbrio.
Mas a minha vozinha não me abandonou e eu estive sempre atenta. E, embora não conseguisse ser proactiva, acaba por aparecer sempre uma ou outra coisa para me relembrar que estava no caminho certo. Tudo isto era apenas uma fase, mas o caminho é o certo. Obrigada Universo!
Mas incomodava-me (muito) não conseguir tirar as coisas da gaveta, não conseguir tratar de coisas essenciais para poder progredir. E mais do que a falta de tempo, sentia uma desmotivação muito grande, talvez porque parte desse trabalho envolvia falar da minha pessoa, do meu trabalho e quando não estamos bem não somos bons para nós mesmos. Temos uma espécie de filtro que nos impede de olhar para os nossos pontos fortes e de escrever sobre as nossas qualidades. Quando não estamos bem, achamos que somos banais, que não brilhamos e que talvez o melhor seja parar com tudo. Enquanto isso, a lista das tarefas não diminuía, muito pelo contrário. Organizava o meu trabalho e, no final, cumpria muito pouco daquilo a que me proponha. Vivia com uma frustração pessoal que eu mesma, sozinha, tentava empurrar para longe para que não me afectasse ainda mais.
E foi precisamente no mês de fevereiro, o mesmo em que me despedi de uma das pessoas mais importantes da minha vida, que tudo se transformou. Em algum momento, no meio deste sofrimento e desta tristeza, estar em frente ao computador as coisas aconteciam. Foi nestas últimas semanas que, finalmente, abri a gaveta e que tratei de tudo. Voltei a sentir-me conectada com o meu propósito, a olhar para as coisas com um sentido e tudo o resto fluiu.
Foi uma escolha minha passar este tempo mais sozinha, fugir dos encontros e desviar as conversas que fossem relacionadas com o que se passou. Numa cabeça muito desorganizada, voltar a colocar tudo em ordem, resulta melhor com menos intreferências possível, o menor número de opiniões e do inevitável “devias fazer assim”, "porque é que não fazer aquela maneira”, etc...
Aquilo que eu preciso de fazer – ou qualquer pessoa que viva momentos menos bons – é ouvir-me e ouvir o meu corpo, perceber o que ele quer e de que forma eu lhe posso dar. Eu não me conforme com as palavras de conforto banias, que sei serem sinceras, desculpem-me. Simplesmente cai no vazio, no meu vazio que é imenso. Quando um problema gigante nos cai em cima, não se dá a volta assim. É preciso mergulhar nele e sentir as coisas que sentimos, mesmo as mais feias. Lidar com tudo aquilo que temos, o bom e o menos bom. Aceitar que não somos perfeitos e dar-nos a mão, como se faríamos com alguém de quem gostamos.
E talvez tenha sido isso mesmo a acontecer. Neste mundo em que tenho estado, tenho aprendido a dar-me a mão, a compreender como é que as coisas agora funcionam cá dentro, a chorar quando posso, a gritar também, porém sem esquecer de sorrir e de olhar em frente. Eu sei que vai ficar tudo bem, todavia não posso saltar esta fase e nem quero.
Fevereiro revelou-se e trouxe-me o amargo e o doce. E, no final, aquilo que impera é sentir de novo a sensação de realização e de satisfação pessoal que tanta falta me faz. Todas as escolhas que fazemos têm o reverso da moeda e eu sei bem qual é o meu, mas também sei o que preciso para estar em equilibro e em paz comigo. Ainda assim, não nego que tive muito medo que, nesta fase, eu tivesse vontade de largar tudo, que olhasse para trás e colocasse em causa uma série de coisas. Mas ainda não foi desta, ainda aqui estou, firme e segura de que são as decisões (as mais corajosas e as mais difíceis) que me têm conduzido na direcção certa.
Pois, por entre as tristezas, ainda há amor, ainda há motivos para sorrir e ainda há um horizonte à minha frente. A vida acontece, transforma-se e eu sinto-me viva - e isso tem um valor incalculável!