A Primeira Festa De Aniversário Em Bruxelas | Vicente
A Festa De Aniversário Com Os Colegas De Turma
“Começa a semana a fazer o que mais gostas!”
“Começa a semana de sorriso no rosto!”
Está tudo certo! Contudo, hoje, cá em casa, a segunda-feira começou com uma espécie de nuvem negra e não estou a falar do tempo cinzento de Bruxelas. Estou a falar da crise matinal do Vicente que acordou a achar que era o menino mais infeliz do mundo, sem tempo para passear com os pais e sacrificado com a hora do acordar.
Por incrível que pareça - ou não - isto acontece depois de semanas de passeios, de tempo com os primos e os amigos, as celebrações do aniversário, a grande festa, a primeira em Bruxelas, com o seu novo grupo de amigos da escola. Logo hoje, o acordar fez-se cheio de argumentos para nós queixarmos da vida! É verdade e até parecia que o Vicente tinha passado a noite a matutar nestas coisas que o preocupam, pois foi a primeira coisa que me disse logo após o “bom dia, mãe!”. Primeiro era a catequese, ao domingo de manhã, algo que não lhe permite ter dois dias de passeio. E depois, o facto de em Bruxelas, atentem, as crianças terem que acordar demasiado cedo para irem para a escola.
- Ponto número 1: O Vicente não tem ido à catequese, pois tem sido o período de férias.
- Ponto número 2: O Vicente é sempre o primeiro a acordar, e acorda muito cedo.
Mas hoje, o mundo desabava tal era a sua “ressaca” pós-festa e até a minha e eu nem participei nas actividades.
Foram mais de 20 crianças para uma celebração a dobrar de aniversário, um espaço aberto - e vigiado - para correrem para todo o lado com o êxtase e a energia que os miúdos nestas idades têm - várias vénias aos professores em geral e ao professor João em particular que faz milagres com 29 crianças numa sala que claramente não tem a dimensão necessária para que não se sintam uns em cima dos outros. Se há algo que salta à vista é o respeito que têm e a aprendizagem que tem sido feita numa aparente normalidade.
Nestas idades as festas de aniversário não se querem silenciosas, sossegadas e tranquilas. É tudo uma grande confusão, a energia, a necessidade de saltar e correr de todos e todos uns contra os outros é... assustadora. E o tom das vozes que se eleva e se contagia. Por isso, nada melhor do que reunir as condições para que tudo isto aconteça em segurança.
E ainda que sem grande experiência no assunto por aqui e sem ter participado em muitas festas de aniversário, o Vicente adorou uma em particular, ele e o colega dele com quem aproveitamos para celebrar o aniversário em conjunto - uma excelente decisão, já agora.
A festa teve lugar no Fôret de Soignes Sport e teve a duração de 3 horas, com duas actividades (a caça ao tesouro e o futebol), seguiu-se o lanche que era da nossa responsabilidade. Não existem muitas fotografias, pois, lá está, não há um momento em que as crianças estejam sossegadas para o click, e não há sequer tempo.
E, enquanto nós, pais, ficamos com a sensação de termo saído de um furacão, eles adoraram. Divertiram-se e brincaram, ou seja, tudo aquilo que é suposto. E é isso que importa. As festas nestas idades já não são para os pais, não há necessidade para muitas frescuras com decorações, mas é preciso cumprir o protocolo:
- Ter guloseimas
- Ter o saquinho da oferta do aniversariante
- Ter o bolo de aniversário – óbvio!
No final, deu para ver que embora sejam muitos meninos e meninas, no fundo, dão-se todos bem e é um grupo engraçado. Fico ainda mais feliz por ver como foi boa a integração do Vicente na escola e nestes novos amigos. Como há ali meninos que gostam realmente do Vicente e como parece que já se conhecem há anos.
Continuo a ter os mesmo receios e preocupações em relação à dimensão da escola, a sua sub-lotação e forma como se tenta dar a volta a isso. Ainda assim, tenho que reconhecer que foi recebido por meninos e meninas que nunca fizeram diferença com ele, que o ajudaram quando ele não entendia quando falavam com ele em francês, que vão com ele à enfermaria de todas as vezes que os incidentes no campo de futebol acontecem e pelo excelente profissional que agarrou este grupo e que em momento algum passa pressão ou stress para os pais.
Também conheci pais e mães que juntos criamos uma rede que se apoia e que também são excelentes companhias para um café e bons parceiros de conversas.
Ser expatriado é (também) saber abrir o nosso coração e abrir espaço para dar oportunidade ao desconhecido, aprender a pedir ajudar e a estender a mão quando as dificuldades aparecem. Porque, acreditem, mergulhamos numa aventura que, na maior parte das vezes, é uma grande montanha russa sem rede de segurança.
Recordar a Festa de Anivérsário do Ano Passado aqui.