A importância de apoiar os sonhos dos nossos filhos!
Eu e o meu marido tivemos infâncias diferentes e não apenas porque eu sou a menina da “aldeia” e ele o rapaz da cidade – alfacinha de gema, portanto. Há algo que nos diferencia e que tem muito a ver com a forma como vivemos a nossa infância. Ele, um menino mais protegido, teve uma mãe mais zelosa e preocupada com a sua saúde e com a sua segurança, o que fez com a parte mais radical e aventureira da nossa família fosse espicaçada por mim.
Eu, a menina da aldeia, que só mais tarde veio morar para a cidade (Santarém), cresci com os amigos por perto, em casa uns dos outros, com a liberdade necessária para correr de um lado para o outro e para explorar caminhos de bicicleta. Nunca aprendi a técnica, mas foi me permitido experimentar tudo, os patins, os skates e com isso, tive as minhas quedas de rabo no chão que, com naturalidade se encaravam. Faziam parte do crescimento, digamos assim!
E, na verdade, fui uma criança que sempre gostou da parte do movimento, das coisas radicais, das experiências novas e que estava sempre envolvida no desporto escolar. Imaginava-me uma verdadeira desportista, daquelas de competição. Todavia, se tive tanta liberdade para crescer sem estar limitada ao estado do tempo ou a quatro paredes, não tive a confiança necessária para que os meus pais levassem mais a sério a minha queda para isto do desporto. Guardo com alguma tristeza, admito, o dia em que a minha professora de Educação Física chamou os meus pais à escola para os incentivar a deixar-me explorar mais o meu gosto pela ginástica, sem, todavia, qualquer sucesso.
Digo, com toda a sinceridade, que se adorava ver as provas dos Jogos Olímpicos, a partir daí, foi diferente. Afinal, podia (ou não) ser eu! Bom, mas isto tudo para vos dizer que, enquanto mãe, eu incentivo e apoio bastante o interesse pela actividade física. Actualmente, por todas os motivos e mais alguns, incluindo para que seja crianças saudáveis, para quem o exercício físico seja algo natural e não uma tortura. Mas também porque considero que o desporto envolve sempre valores e princípios, cada um a sua maneira e que isso, de certa forma, os irá manter num caminho mais saudável e com outros valores pela vida fora. Como se fosse algo que os mantivesse num lado mais “são” da vida.
Quando o Vicente nasceu, já vos disse o quanto ele nos habituou mal ao ser tão bem-comportado. Não arriscava, não me largava as pernas, não era afoito no parque nem em lado algum. À medida que foi crescendo - e muito por incentivo de ter uma irmã mais nova - está muito mais espevitado, destemido e confiante dele mesmo e, claramente, com um jeito natural para o desporto.
E não é que fique admirada, mas fico sempre feliz quando ouço, por exemplo, que, na natação tem uma pernada excelente para a sua idade. Ou, no Judo, que é dos mais atentos e aquele e já vai no seu segundo “campeonato”. De resto, adora jogar à bola, tem a sua bicicleta e uma trotinete. Todavia, há algum tempo que me pedia um skate. O quê? Como assim um skate?! Uma coisa tão radical e que eu não estava bem a ver de onde tinha saído essa ideia.
Claro que, por ser algo mais arriscado, fui deixando andar até que, numa grande superfície, o desafiei a experimentar e ele, que nunca se tinha colocando em cima de um skate, surpreendeu-me com um equilíbrio fora do normal para a idade. Parecia saber exactamente o que era suposto fazer, sem qualquer medo ou receio de cair. Guardei a informação, orgulhosa dele, pois claro! O meu Vicente, um miúdo radical e destemido!!!! Quem diria 😊
E quem eu, melhor do que ninguém, para saber o quanto é importante que os pais confiem nos seus dotes e nas coisas que eles nos dizem? Pelo menos, dar o benefício da dúvida e, se for caso disso, porque não estarmos lá a apoiar?
Assim, depois de mais de três caixas de brinquedos doadas, com uma casa mais vazia e eu mais leve, resolvi ir buscar novamente o assunto do skate. Levei-o a um parque de desporto para que tivesse uma aula de iniciação. Estava feliz da vida, sabia perfeitamente o que tinha para fazer. Houve empatia com o instrutor, a paciência deste, e sai de lá com um rapaz ainda mais crescido. E, tal como as viagens, são estas experiências que eu lhes quero proporcionar. A liberdade para crescerem, explorando coisas novas, habilidades, dotes e diferentes formas de socialização, que façam deles pessoas equilibradas, pessoas que apreciem e deem valor a precisamente experiências e não coisas.
Mas atenção, eu não forço. Por mais que gostasse que os meus filhos fizessem um determinado desporto e que até o levassem a sério, o meu incentivo é, acima de tudo, para que descubram aquilo que realmente gostam e que eu os possa ajudar a explorar essas habilidades, seja em tipo de hobbies for. Contudo, sem dúvida, que quero valorizem uma vida que não se baseie apenas na pressão de um curso e de uma carreira (de sucesso). Quero que descubram como podem ser felizes, aprendendo a conjugar várias coisas que os realizem.