36 anos: A colecionar bons momentos e rodeada de muito amor e carinho.
Porquê continuar a deixar que as atitudes dos outros interferissem com a minha felicidade e o meu bem-estar?
Durante muito tempo, embora eu gostasse de fazer anos, encarava o dia 16 de fevereiro, o dia do meu aniversário, com alguma tristeza. Tristeza essa que eu mascarava como simplesmente um “eu não estou nem aí para o meu aniversário”. Tudo mentira, mas, no fundo, ficava frustrada porque esperava dos outros atitudes na proporção daquilo que eu me esforçava e dava de mim aos outros.
E isto não é mais do que uma grande estupidez! Primeiro, por saber que tudo o que eu fazia/faço pelos outros é de forma genuína e descomprometida de segundas intenções. E, segundo, por não termos o direito de exigir de ninguém o que quer que seja. Neste sentido, quem é que eu era para, no meu íntimo, ficar triste por alguém não se ter lembrado de me fazer uma surpresa, encomendar um bolo, ter um presente ou enviar uma mensagem à meia noite em ponto?!
Contudo, por grande estupidez minha e uma certa imaturidade, acredito, deixei que durante anos e anos este dia fosse triste, por vezes, chegava até a chorar tal era o meu estado. Hoje sei que não temos esse direito, especialmente quando é certo que essa expectactiva nos deixa sempre aquém de conseguir apercebermo-nos do tanto que as pessoas gostam de nós e do quão importante para elas somos. Estamos confusos e com a vista turva, o que não nos deixa ver a beleza do gesto de alguém sem o comparar de imediato com a nossa “tabela premium de atitudes que esperamos dos outros”.
Felizmente, esta é uma fase totalmente ultrapassada para mim e eu sei perfeitamente quando é que se deu a minha epifania, foi neste dia, quando “fugi” para celebrar o meu aniversário sozinha, do jeito que eu me achava merecedora e isso aconteceu porque fui eu que fiz acontecer. Pensei sobre o que gostaria de fazer, o que podia fazer para me sentir feliz e bem comigo mesma, e organizei tudo. E não é importante se foi uma espécie de antevisão do dia, já que esse ficou reservado para ser passado junto da família. O que importa é que teve honras de uma verdadeira festa: tive direito a bolo e tudo; houve música, boa disposição, muitas risadas, produção a rigor, fotografias profissionais para assinalar o momento e a alegria sincera de quem estava genuinamente feliz.
Foi um manifesto! Foi o meu ponto final naquele sentimento de tristeza que, mesmo sendo involuntário, não podia continuar a condicionar a minha vida e a minha alegria, ano após ano, sempre que o dia 16 de fevereiro chegava.
E, a partir daí, o que aconteceu foi realmente o nascer de uma postura diferente. Ao invés da tristeza ou de delegar nos outros a responsabilidade de tornar o meu aniversário inesquecível, coitados, como se eles soubessem que carregavam essa responsabilidade, eu afirmei-me! Escolhi ser eu a determinar o meu dia, a escolher ser feliz e grata à vida pelas pessoas que tenho na minha vida que, mesmo na correria dos dias, ainda se lembram de parar para me desejar um aniversário feliz. Escolhi ser grata e muito feliz, porque grande parte dessas pessoas nem me conhece pessoalmente, privando comigo apenas virtualmente. Mesmo assim, essas pessoas – vocês – consideram-me importante o suficiente para me darem os parabéns!
E é tudo isto, junto e misturado, que me aquece o coração e que me faz sorrir. Eu tenho muita sorte, porque estou rodeada de muitas pessoas, uns mais próximos do que outros, mas eu nunca estou sozinha. Há sempre alguém a acompanhar, a torcer, a ter uma palavra amiga, a deixar uma mensage e a dar um conforto.
Sou muito feliz aos 36 anos porque a vida recompensou-me inteiramente dos sentimentos menos bons que tive à minha volta. Hoje estou aqui e estou feliz! Foi um dia óptimo, o tal dia 16 de fevereiro, foi quase um dia de verão, imagine-se só, em pleno mês de fevereiro. E, acima de tudo, o meu coração esteve humildemente receptor de todo o carinho e votos de feliz aniversário.
Obrigada a cada um de vocês, em particular, e à vida, porque ela é boa tal como ela é. Acordemos e sacudamos os nossos sentidos para que estejam devidamente despertos para absorverem essa bondade.
O bolo de aniversário foi surpresa do staff do restaurante Fuel do Prime Energize Hotel, no qual ficamos hospedados durante o fim-de-semana.
Muito obrigada!