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As viagens dos Vs

Mulheres nutridas, famílias felizes

As viagens dos Vs

Ofereço-vos 4 lições de vida! Testadas e aprovadas na primeira pessoa.

A (Tentar) Descobrir-me No Meu Luto, Na Pandemia E Na Vida (Em Geral)

27.05.20 | Vera Dias Pinheiro

lições de vida, ultrapassar o luto

 

Nos últimos tempos, semanas, meses, tenho procurado conhecer melhor certas partes da minha personalidade, descobrir o porquê de certas atitudes e, fundamentalmente, adquirir ferramentas (e a consciência) para mudar/melhorar onde é preciso. Mas uma pessoa não decide e acontece – era bom, era – uma pessoa pensa sobre as coisas, toma uma decisão e procura ajuda.

 

E foi assim que em plena pandemia e quarentena comecei com o acompanhamento de uma psicóloga. No meio de tantas exigências, tinha decidido arranjar mais uma. Mais um compromisso que me obrigasse a estar num dia e numa determinada hora, sozinha, ao computador, para uma consulta.

 

Mentiria se dissesse que nunca fui interrompida (mais do que uma vez) pela Laura ou se, por vezes, o dia fica tão difícil que a última coisa que me apetecia era “ter a obrigação de conversar com alguém”. Todavia, obriguei-me!

 

Porque embora seja um ser humano com muitos defeitos e muito para aprender, há uma enorme vontade de ser melhor e sei que para isso é preciso ajuda. Talvez o marco dessa viragem – há muito dentro de mim – foi a morte da minha mãe. E nos flash ´s que ainda passam por mim de que tudo foi um pesadelo e o cair a pique na dura realidade, eu descobrir que o único apoio que tenho sou eu mesma.

 

Não posso depositar nos meus filhos a força que duas crianças não têm. Eles, ainda mais do que eu, precisam de mim e de uma força superior para que na cabeça e no coração deles, esta ausência ganhe uma forma e uma presença ainda que espiritual.

 

Mas depois tenho reacções como a não conseguir responder a mensagens em que seja esse o assunto, pois é como se isso me obrigasse a assumir a perda, a falar dela com o verbo conjugado no passado e, a partir do momento, em que o fizer é como se ela deixasse de ter a importância que tem. Faz sentido?

 

Portanto, não consigo explicar a minha vida no presente para além da necessidade que a minha presença física representa para a minha família e casa. Não consigo explicar muito bem esta Vera – para quem a necessidade de estar acompanhada é proporcional à de estar sozinha – que vive há cerca de três meses, 24 horas por dia, em casa com a família. Sempre a correr de um lado para o outro e a tentar apagar os fogos e acalmar os ânimos de quem passou a viver em “tele-coisas” de manhã a noite.

 

Porém, no meu íntimo, há uma vozinha que grita que eu preciso explodir. Essa vozinha diz também que não é justo todo este equilíbrio e calma, como se os últimos dez meses da minha vida tivessem sido (sequer) normais. A quarentena veio como que roubar-me o meu tempo de luto, deixei de ter tempo para mim, ao mesmo tempo que todos passaram a ter necessidades urgentes e imediatas. De forma egoísta – e até um pouco irracional – é como se eu quisesse que dessem mais importância a isso do que à Covid-19. No fundo, é como querer irracionalmente que a minha mãe não perca a sua existência real e a sua importância. 

 

O luto passou a ser uma nuvem muito negra em cima da minha cabeça. Está sempre lá, mas, por vezes, é possível que passe despercebida.

 

Ninguém nos ensina como dar a volta as tragédias da vida, mas quando uma acontece, temos que a reconhecer. Lição nº 1!

A seguir, é parar, parar para ouvir o que o nosso corpo no está a dizer, para focar com o nosso eu, parar para deixar de cumprir as metas que os outros ou a sociedade esperam de nós ou sequer para provar que somos “super” qualquer coisa. Lição nº2!

E, por fim, há tragédias que deixam marcas, que nos fazem chorar todos os dias, mesmo sem querermos, que nos faz ter pensamentos radicais, mesmo sabendo que não podemos ceder. Há tragédias que nos mudam e temos que aceitam que podemos mudar, os outros devem aceitar e respeitar. Lição nº3!

E, antes mesmo de terminar, anotem a lição nº4, a mais importante de todas, cada um vive a sua vida e lida com as suas tragédias de maneira pessoal e diferente. Não julguem, não comparem, nem opinem! Abraçem, escutem, estejam presentes!

 

E se sentirem que está muito difícil, peçam ajudam de um profissional. Vale a pena ser melhor!

 

 

 

 

 

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Como entreter as crianças, em casa, durante as férias?

As 5 coisas que fizeram das nossas férias… FÉRIAS!

25.05.20 | Vera Dias Pinheiro

como entreter as crianças, em casa, durante as férias.

 

As férias escolares acabaram e o sentimento que me traz é o de que conseguimos, mesmo com todas as restrições, precauções, a impossibilidade de viajar seja no país ou fora, ter o sentimento de terem sido realmente férias.

 

Comecei a semana por arrumar e limpar o escritório – actualmente palco de estudos, trabalhos manuais, sala de cinema e trabalho para mim. Entregar os trabalhos da escola em falta, ver o material que era preciso repor e, no final, fechei a porta! Para o Vicente foi importante, mas para mim também. O tempo e dedicação que lhe dedico consome muito de mim.

 

Em desconfinamento e com autorização para o regresso para ajuda doméstica, decidimos que era importante aceitar o regresso da nossa empregada. A harmonia familiar estava a ficar muito condicionada pelo meu stress e tensão com a gestão das tarefas domésticas e minha constante falta de tempo para mim, mas também para os meus filhos.

 

Depois, outro passo importante foi o regresso dos convívios possíveis, em casa, com amigos. Felizmente, temos aqui amigos com filhos e que se tornaram amigos do Vicente e da Laura e são esses os contactos sociais que privilegiamos nesse momento. O brincar, tal como eles concebem e desejam, só faz sentido com os seus pares. Com os amigos e outras crianças de idades semelhantes e não com os adultos, constantemente a ter necessidade de fazer outras coisas. Para além disso, noto que a minha idade de estar e de passar tempo de qualidade com os meus filhos, eles querem mais. Mas percebi que eles querem outras crianças com quem brincar e na sua ausência é com os pais que eles reclamam essa atenção ainda mais dedicada. Por eles, eramos todos crianças que passávamos os dias a brincar, sem fazer comida, ir ao supermercado, trabalhar, etc… - muito complicado fazer-lhes entender a diferença que existe entre eles e nós.

 

Em contrapartida, o tempo que eu recuperei para mim estes dias permitiu-me dar continuidade a projectos aqui em casa que tinham ficado em stand-by. As duas varandas que temos em casa, são locais da casa que eu procurei optimizar o mais possível. Uma delas que nos permite estar mais em família, onde conseguimos fazer refeições e até onde temos uma pequena horta. E a segunda, no quarto do Vicente e da laura que se tornou um recreio ao ar livre, onde até piscina existe e brinquedos de “rua”. E com os dias de calor que se fizeram sentir, a alegria deles fez valer por completo o pequeno investimento financeiro que custou à nossa carteira.

 

Mas para tal foi igualmente preciso tempo da minha parte para sair de casa e ir fazer as compras, que só posso fazer sozinha e para onde tenho que me deslocar. E sabem? Soube muito bem! A falsa liberdade do desconfinamento sabe bem, independentemente de todas as alterações e cuidados que devemos ter.

 

E, nesse campo, levei os miúdos ao cabeleireiro e o Vicente retomou as consultas no dentista para colocar o aparelho ortodôntico. Lá mais para a frente posso falar-vos sobre isso, se quiserem.

 

Nesta semana tivemos os nossos primeiros passeios de bicicleta em família – que saudades. O facto de vivermos numa cidade que incentiva ao uso da bicicleta como meio de transporte, especialmente nesta fase que vivemos, traz muitas vantagens. Por exemplo, foram feitas mais ciclovias e, mesmo assim, os condutores têm muito respeito por quem anda de bicicleta e tive muito menos receio do que acharia que teria.

 

Enfim, acho que não damos a devida importância ao “parar” e ainda vivemos com a ideia de que ser multitasking e fazer muitas coisas ao mesmo tempo é o ideal. O único sítio onde me sinto assim é na cozinha, de resto, a minha vida abrandou imenso, mas sobretudo aprendi a aceitar isso da mesma forma que aceito tudo o resto. Parar é fundamental! E gostava que vocês conseguissem sentir os benefícios físicos e de saúde até mental do que o respeito por nós e pelos nossos ritmos tem em nós.

 

Podemos olhar para os últimos três meses das nossas vidas e julgar (erradamente) que forma meses em que não vivemos, porque passamos a ser tantas coisas ao mesmo tempo e num mesmo local: a nossa casa. Mas eu quero muito contrariar isso e esse é mesmo o meu objectivo seja em família, como em casa.

 

O desafio é grande. Porém, eu quero acreditar que o pior já passou e, acima de tudo, que aprendemos bem a lição com a consciência da seriedade dos tempos que se vivem.

 

Boa semana a todos.

 

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Segunda-feira: O Atarefado Primeiro Dia de Férias Escolares

To Do’s Para Esta Semana De Férias Escolares

18.05.20 | Vera Dias Pinheiro

diy balcony decoration

 

Segunda-feira, o primeiro dia de férias. Não me perguntem porquê, mas a verdade é essa: são férias, senhores, são férias. No caso, são férias da escola para os miúdos para os pais, que também entram de férias da sua missão enquanto professores.

 

Em condições normais, diria que com o bom tempo que vai estar em Bruxelas, teria pedido “por favor” ao meu marido para estarmos em qualquer lado a passar estes dias. Entretanto, entrou a Covid-19 e saíram imediatamente do calendário todos os planos que pudéssemos ter.

Entretanto, esta é a semana em que sinto que a nossa vida entrou de certa forma na normalidade e em que, tomando todas as precauções possíveis e necessárias, é mesmo preciso sair de casa e tratar de uma série de coisas.

 

Hoje, dia dezoito de maio, é o dia em que os cabeleireiros e centros de estética reabrem após o confinamento. Portanto, a primeira coisa urgente a fazer hoje foi: levar o Vicente e a Laura para cortarem o cabelo decentemente. De seguida, a segunda coisa urgente que fiz foi entrar pela primeira vez numa loja e comprar um par de ténis para o Vicente. E tanto uma, como a outra correram de forma pacífica, sem ajuntamentos e operacionalidade tranquila.

 

Ressalva: Eu tentei fazer tudo online – juro – mas os ténis não serviram, demasiados pequenos aos dois e a grande encomenda de roupa que fiz à cerca de um mês, bom, acabei de ser notificada ao fim da tarde, que vai, afinal, vai regressar ao ponto de partida… sem nunca ter chegado ao destino. ENFIM! Sem comentários. Mais um assunto urgente para resolver amanhã.

 

 Por estes dias, é ainda preciso ir aos correios e comprar, então, roupa urgente, e temos consultas no dentista. Portanto, é inevitável que o conforto com a realidade lá fora aconteça mais cedo ou mais tarde. Da minha parte, continuarei a fazer o que é possível em termos de protecção e, em relação aos miúdos, é evitar ao máximo ir com eles para sítios fechados, pois eles não se controlam como um adulto e, portanto, dispenso este stress.

 

Mas há algo que quero retomar e que é o projecto das nossas varandas que, mesmo não tendo dimensões de terraço, acredito que podem ser muito bem aproveitadas, sobretudo nestes dias de calor e de sol. As duas terão propósitos diferentes, mas ambas vão ao encontro daquilo que nós queremos: ter uma casa confortável e com tudo aquilo que precisamos para… estar em casa.

 

Temos consciência que, para já, a nossa casa é o local mais seguro para nós e onde devemos passar mais tempo. Hoje já comecei por colocar esta protecção numa das varandas, ainda falta o chão e uma cadeira. E ali será um novo local de brincadeiras, assim espero.

Tenho que enfrentar uma grande superfície, pois deixaram de fazer entregas ao domicílio e, portanto, sem medos. Vamos enfrentar o que é preciso, mas com as férias escolares, esta é a semana ideal para aproveitar e tratar destas coisas.

 

Ainda assim, esta manhã foi passada quase exclusivamente a digitalizar trabalhos e a carregá-los na plataforma. Obviamente depois de deviamente verificados (por mim) e depois devidamente arquivados (por mim). Limpeza de papéis e papelinhos de desenhos, pinturas, recortes e afins. Organizar brinquedos espalhados neste espaço tão polivalente e tão acolhedor em que conseguimos transformar o escritório.

 

Contudo, acho que esta vontade de fazer recados e recadinhos, deve-se também a uma grande vontade da minha parte em querer precisamente ter um corte com esta rotina tão absorvente de segunda a sexta-feira. Posto isto, ainda não sei como será a semana em termos de conteúdos por aqui. Mas sinto-me, eu mesma, a precisa de férias, de reciclagem daquilo que são os meus dias neste momento, de uma pausa de computadores, de papéis, do próprio escritório e fazer outras coisas. Até porque só desta forma eu terei novas coisas para vos contar.

 

Preciso de inspiração para concretizar as minhas ideias, de ver estranhos na rua e sair!

 

Prometo dar o meu melhor, mas não estranhem se esta vier a ser o único post esta semana. De qualquer forma, no Instagram há sempre novidades, partilhas, qualquer coisa do dia. Por isso, a quem ainda não me segue por lá, sinta-se convidado(a) a juntarem-se aquela comunidade, onde eu sinto que existe uma energia tão boa.

 

Um beijinho e boa semana.  

 

 

 

 

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A minha família imperfeita | Dia da Família

Como É Que A Quarentena Influenciou A Nossa Dinâmica Em Família?

15.05.20 | Vera Dias Pinheiro

dia da família

 

Queria falar desta semana que passou, pois não foi apenas mais uma semana deste desconfinamento ainda meio confinado. E calhou que hoje é igualmente o Dia da Família. Sei que ficaria bem dizer que tenho a família perfeita, mas de perfeito temos apenas a nossa intenção genuína de que o nosso projecto família resulte.

 

A verdade é que, se já sabíamos que eramos diferentes, a quarentena veio acentuar ainda mais todas essas diferenças e evidenciar as particularidades da personalidade de cada um. Como tal, temos tido os nossos altos e baixos, ainda assim é preciso reconhecer a evolução positiva que temos vindo a fazer.

 

Sou inclusivamente capaz de afirmar que a quarentena começou muito mal para os nossos lados. Com muitas divergências e vontades “individuais” a “gritar” no seio uma família que precisava de todos para sobrevivermos.  

 

Foram duas ou três semanas de adaptação e foram dias em que dei por mim a pensar: “e se…” porque, de repente, estava tudo mal. E os dias seguintes eram todos iguais e nós continuávamos ali todos juntos. Mas superamos! Houve cedências, aprendizagens, há mais partilha, mais autonomia (em relação a mim), mais iniciativa e, para além de tudo isto, há um poder de encache maior face às diferenças de cada um – “não gosto, mas tudo bem! Não é grave e não vem com maldade”. Relevar as coisas que sabemos a priori que vão ser motivo para discussão tem sido decisivo. Deixar cair as implicações, resistir a não responder a tudo ou verbalizar tudo aquilo que não gostamos.

 

No fundo, é basicamente conseguir ter dois ou três segundos em que olhamos para a pessoa que está a nossa frente e pensar: aquela pessoa está a dar o seu melhor. Aquela pessoa tal como eu, também está a tentar adaptar-se a tudo isto que estamos a viver.

Ainda assim, acho importante dizer que eu – tal como muita de vós que, de certa forma somos o pilar da casa, a pessoa que faz e acontece com os filhos e a casa - tive que mudar. Porque a realidade mudou também. Face à conjuntura que vivemos, era impossível manter o mesmo registo sob o risco de eu afundar-me no meio de tarefas e obrigações em prol dos outros.

 

E, se por hábito, uma pessoa simplesmente “aponta” o dedo e isso gera invariavelmente discussão, decidi mudar a táctica. Comecei a estabelecer para cada dia prioridades e, entre elas, está muito claro o EU. Ou seja, eu não podia simplesmente atropelar-me para chegar a todo o lado e, ao final do dia, estar a acumular frustração dentro de mim.

 

Cá em casa digo, muitas vezes, agora não. Travo, muitas vezes, as sucessivas tentativas de me interromperam quando digo explicitamente que vou fazer algo e preciso estar sozinha. Deixo por fazer o que for preciso se o meu corpo (ou mente) precisar descansar. Treinei-me para não correr atrás de uma casa sempre arrumada, ao mesmo tempo que, passei a ser mais chata com a desarrumação de cada um. E sim, deixei de fazer aquilo que eu acho que é responsabilidade de cada um.

 

Há tarefas que estão delegadas entre os quatro, miúdos incluídos, porque é preciso ajudar e contribuir para que, por exemplo, a refeição, que eles tanto querem, chegue à mesa ou para que haja sempre roupa interior lavada nas gavetas. São dois pequenos exemplos que podem alargar-se a outros campos da vida em comum.

 

Ou seja, não me bastava querer – porque as coisas não acontecem por magia. Foi preciso haver uma intenção da minha parte e verbalizar com os outros. E tem sido libertador, sabem? Esta acumulação de tarefas e, consequentemente pressão, que recaí sobre as mulheres é algo no qual insisto muito. E, seja por que motivo for, existe de facto e não é de todo justo.

 

E, mesmo que na nossa dinâmica de família seja necessário haver um dos dois com mais disponibilidade para a família e que serve quase de bombeiro de família. Porém, é preciso conhecer o limite e partilhar esse limite com a outra parte. Só assim funciona… a longo prazo.

 

Diria que uma família, mais do que o amor e os sentimentos – afinal, há casais que se separaram e dizem não ter sido por falta de amo – precisa de algo mais, não é? Então, onde está o “segredo” para que este projecto família resulte?

 

Será no conhecimento do nosso papel dentro da família? Será do conhecimento de nós mesmos e do outro e desta clarificação de papéis? E, talvez, a partir daqui ser instintivo que funcionem em equipa?

 

Aquilo que eu sei é que apenas o amor não é suficiente e que este grandioso projecto família não se alimenta apenas das borboletas na barriga. Mas… se pode sobreviver sem amor? Isso eu também não sei.

 

Feliz Dia da Família! Cuidem da vossa.

 

 

 

 

 

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O Uso de Máscaras em Crianças | As explicações da enf. Ângela Baptista

O que dizem os profissionais de saúde sobre as máscaras e as crianças

13.05.20 | Vera Dias Pinheiro

covid-19 as crianças devem usar máscara

 

 

Sofremos uma pandemia que nos obrigou ao isolamento social devido à enorme facilidade de propagação da Covid-19. De um dia para o outro, a nossa vida mudou 180 graus e fomos obrigados a readaptar-nos dentro de casa. Passaram-se praticamente oito semanas e o esforço, neste momento, é o do caminho inverso: o do desconfinamento!

 

Um dos temas sensíveis é o do regresso à escola por parte das crianças, especialmente as mais pequenas para quem manter a distância social não é das tarefas mais fáceis. Mas também já percebi nem todos os países têm adoptado as mesmas medidas. Recebi testemunhos da Suiça e da Dinamarca, por exemplo, em que os cuidados são ao nível da higiene, com o esforço de manter a distância social possível e sem máscaras. Pelo que o regresso à escola tem sido pacifico - sempre dentro daquilo que é a realidade que vivemos no presente – e, e isto é o mais importante, que as crianças estão felizes. Na minha opinião, o melhor indicador de todos para aferir se algo está a ser bom para os nossos filhos ou não. Certo?

 

Não vou entrar no âmbito dos estudos que têm sido feitos e quais a teses a circular que têm mais força acerca da propagação da Covid-19 e a relação com as crianças. Contudo, o meu esforço tem sido o de aprender mais e não tanto o de consumir todo o tipo de informação que circula quer na comunicação social, quer nas redes sociais. Questiono o porquê de certas e, acima de tudo, nas decisões que tomo, tenho que perceber porque é que é assim. Tem que fazer sentido para mim.

 

Na minha opinião, o mais importante é que estejamos confiantes nas decisões que tomamos, sejam elas quais forem. Obviamente que associadas ao bom senso e, acima de tudo, à responsabilidade individual e para com filhos.

 

E, neste tema da Covid-19, o facto de as coisas correrem mais ou menos bem depende muito da atitude de cada um de nós e dos nossos comportamentos em sociedade, seja em confinamento ou não, algo que se estende aos nossos filhos. Muito antes do impormos (ou não) o uso de máscara, parece-me de extrema relevância ensinarmos e educarmos os nossos filhos para o tema da higiene, do lavar as mãos, do estar nos locais públicos, pois isso é determinante. Uma máscara mal-usado é apenas mais uma fonte de contaminação que dispensamos.

 

Não podemos esperar que a escola lhes ensine isso nesta fase em que todos estamos concentrados em minimizar todos os riscos de possível contaminação. Aliás, é até um dever que temos para facilitar o trabalho dos professores e auxiliares e, consequentemente, tornar esta nova realidade escolar o mais natural possível.  

 

Entretanto, o meu instinto aconselha-me sempre a procurar os profissionais e especialistas em cada matéria para que sejam eles a falar sobre os diferentes temas. E nesse sentido, e até para entender o que está realmente em casa e qual a melhor abordagem a ter com as crianças acerca da Covid-19, que pedi ajuda à enfermeira Ângela Baptista.

A enfermeira Ângela Baptista é especialista em pediatria e, portanto, pareceu-me a pessoa mais indicada para falar sobre este assunto

Neste sentido, convido-vos a ler os seguintes slides. Espero que de alguma forma vos esclareça e ajude nesta fase em que vivemos com tantas dúvidas e receios.

 

 

 

  • Vídeo sobre o correcto manuseamento da máscara: assistir

 

 

 

 

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Desconfinar dentro de casa. Até quando iremos aguentar?

DICAS: Como Sobreviver Ao Desconfinamento Dentro De Casa.

11.05.20 | Vera Dias Pinheiro

manter uma rotina na quarentena

 

Os últimos dias têm exigido uma nova adaptação nesta rotina de vida “normal” dentro de casa. Já tinha passado por tantos altos e baixos. Já tinha perdido o controlo e já tinha sido consistente. Porém, por entre os estados do humor e a saturação, achava que já tinha passado por tudo e agora era deixar os dias correrem.

 

Enganei-me!

A minha mente voltou a exigir de mim uma nova adaptação! Colocou-me novamente desconfortável na rotina de casa e obrigou-me a procurar um novo equilíbrio. A verdade é que na vida tal como está, o meu controlo sobre as coisas é relativo e depende dos dias e dos estados de humor de todos aqui em casa. Há dias em que se leva na boa, mas há outros em que basta um simples suspiro para o ambiente ficar tenso.

 

 A agenda está sempre cheia.  A cozinha sempre desarrumada. Os e-mails e as urgências a chegarem sempre na pior altura. As refeições que nunca estão em dia. O cesto da roupa suja que nunca me enervou tanto como agora. A necessidade de coisas que são impossíveis de obter nesta fase. Um desconfinamento que levou as pessoas à loucura e que, no primeiro dia com o comércio novamente aberto, entopem ruas, espaços comerciais como se o mundo fosse acabar – curioso quando ele pode acabar precisamente se persistirmos neste comportamento de aglomeração de pessoas. Não acredito que haja máscara que nos valha ou desinfectante que chegue. Como se isso não bastasse, está tudo esgotado, as encomendas online demoram meses, e para não falar nas restrições às entregas.

 

Porém, o tédio da rotina tinha-se instalado. É sempre a mesma coisa, todos os dias, de manhã à noite. Nem o exercício físico, que me faz tão bem, conseguiu levantar-me o ânimo e passou-se uma semana sem mexer o corpo em condições – lamento, mas não me castigo, era o que tinha que ser. Estou numa fase em que obrigar-me a o que quer que seja terá o efeito negativo em mim que eu dispenso!

 

  • Mas sei que o importante é a rotina! Nós somos seres que funcionamos com rotinas.
  • Sei que o importante é definir metas concretas e possíveis de alcançar.
  • Agora que podemos sair, podemos voltar aos jardins e aos bosques mais afastados, com menos pessoas e que nos permitam cortar com o tédio dos dias. Que introduzam um elemento diferente. Não cair do erro de todos os dias serem iguais. Por aqui, ainda temos conseguido fazer com os feriados sejam feriados e os fins-de-semana dias diferentes da semana. Sobretudo, manter o hábito de desligar um pouco da vida nas redes sociais e desfrutar do momento que estou a viver sem partilhas, sem nada.

Ajudou-me, por exemplo, por estes dias, ter voltado a conduzir, após cerca de oito semanas de confinamento e foi uma sensação de liberdade incrível. Fomos a parques diferentes, os miúdos correrem e avistaram amigos – respirou-se fundo, ao mesmo tempo, que repetimos que pode realmente ficar tudo bem.

Ainda consegui a proeza de conduzir sozinha, imagine-se, com música e, repito, sozinha! Vou relembrar durante muito tempo como um dos melhores momentos desta pandemia.

  • Entretanto, lembrar de dosear as expectativas com os dias. É preciso construir alguma rotina. Todavia, também é importante reconhecer que, embora tenha um impacto importante na nossa vida, cada um de nós está ao mesmo tempo a tentar reduzir o impacto que a pandemia e o isolamento social têm em nós.
  • Ainda assim, para mim, o melhor truque para continuar a dar a volta a tudo isto é continuar a dividir os momentos do meu dia em fatias. Por exemplo, e olhando sob a perspectiva ideal (vá, utópica): momento de dormir e levantar; momento das refeições; rotina de home office; momento para ajudar alguém (aka filhos, escola, etc.); momento para descansar a mente; momento para as tarefas domésticas; momento para me exercitar.

 

Basicamente, este é deve ser a meta, embora estar em casa seja lidar constantemente com várias distrações. Para além disso, aquilo que eu penso é que um dia, mais próximo do que talvez se consiga imaginar agoira, estaremos a olhar para esta fase da nossa vida e a pensar que, afinal, passou rápido e que conseguimos ultrapassar. De certa forma, dá-me alento pelo menos até ao dia seguinte.

 

E, por aí, contem-me tudo acerca destes vossos dias em desconfinamento.

 

 

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Confinamento Versus Desconfinamento | O que mudou e o que não mudou.

Conjunto de pensamentos aleatórios pós-confinamento, pós-quarentena.

06.05.20 | Vera Dias Pinheiro

desconfinamento e agora

 

Saímos de casa, mas pouco e não é todos os dias e nem o suficiente para derrotar a energia deles. Têm escola, mas sou eu (e o pai) os responsáveis. Têm actividades, mas, mais uma vez, sou eu (e o pai) os responsáveis. Têm fome, a toda a hora, e, por isso, a toda a hora eu estou a caminhar para a cozinha para preparar alguma coisa e, outra parte do tempo, a pensar o que vou fazer para as refeições.   

 

Por sua vez, às refeições as conversas são lideradas por ambos e, no escasso tempo que tenho para mim, o que implica deixá-los abusar do primeiro dispositivo eletrónico que tiver à mão, eles optam por discutir uma com o outro e, como tal, passam esse tempo a vir ter comigo para fazerem as suas queixas. Para além disso, choram muito alto, falam muito alto, correm em vez de andar ou, então, sou apenas eu que já vejo a realidade de forma deturpada.

 

Eles entraram no terceiro período escolar quase ao mesmo tempo que muitos países entraram em desconfinamento. Contudo, a verdade é que, à nossa pequena escola, a realidade e o dia-a-dia continua igual. Todos juntos, a fazer o melhor, porém a ressacar já por aquele pedaço de tempo que já tínhamos conquistado em tempos.

 

De repente, parece já tudo tão longínquo: as idas e vindas da escola; os passeios; os programas em família; as viagens mais curtas ou longas; as idas ao parque; os encontros com os conhecidos, assim como, os jantares que fazíamos com amigos. Entre tantas outras coisas banais. Não sentem o mesmo?

 

Neste momento, as saídas são pensadas e ainda poucas em família. Opta-se pelos dias da semana, em detrimento dos fim-de-semana. Acena-se à janela de um vizinho ou amigo. Conversa-se entre varandas. E celebram-se conquistas como a primeira vez que voltamos a beber um café na rua – café em copo de papel que apanhamos e bebemos na rua.

 

Ainda assim, até as coisas mais simples deixarem de fluir como antes, porque estamos com mil cuidados e a ver o local com menos pessoas e a fazer a nova brincadeira em família: fugir para o passeio que tem menos pessoas. Uma espécie de brincadeira para ver se a distância social funciona numa criança de quatro anos.

 

Olha-se para o calendário, vazio há semanas, que só é actualizaddo com alguma data especial. E verdade que tínhamos uma vida bastante agitada, como é verdade que abrandamos e isso tem o seu lado bom. Todavia, confinamento e crianças é daquelas coisas que é difícil explicar e ainda mais difícil de conviver durante tanto tempo.

 

A escola não tem sabor a escola, as brincadeiras aborrecem passado pouco tempo, eles não se suportam e fazem guerras pelo espaço e 99% do tempo por nada - mas unem-se contra nós…. óbvio.

 

O desconfinamento começou e eu ando aqui a pensar no que é que a nossa vida poderá mudar para conseguirmos ter algo de normal a que nos agarrar. É certo que já nos marcaram novamente as consultas dos miúdos no dentista; é certo que as lojas vão reabrir na próxima segunda-feira.

 

Contudo, vamos lá a saber: quem é que vai ter paciência para ficar na fila para entrar numa loja para a seguir ter meia hora e sair a correr? Para além do stress para não tocar em nada, tendo que inevitavelmente que tocar; tendo que se afastar quando inevitavelmente podemos tropeçar em alguém?

 

Acho que vou continuar a preferir as compras online, ainda que tenha comprado um par de ténis para cada um, Vicente e Laura, e não tenha acertado no tamanho.

As vossas crianças também estão a crescem desalmadamente?  Aparentemente, em quase 8 semanas, cada um deles aumentou, pelo menos, três números no calçado. Agora é todo o trabalho de devolver e tudo isso, mais a conjuntura COVID-19.  

 

Entretanto, parece que acordei esta semana com um fusível desligado ou avariado. Não tenho vontade para treinar, estou aborrecida com rotina e sem espaço para ter a cabeça concentrada para ser criativa, embora tenha projectos em mãos bastante desafiantes e interessantes.

 

Porém, é como se fizesse tudo à pressa e cheia de ruído por todo o lado. Pergunto várias vezes ao meu marido quando é que ele pensa regressar ao escritório, sabendo à priori a resposta e que, na eventualidade dele ir, vai pesar ainda mais para mim, pois vou deixar de ter aquela ajuda em alguns momentos do dia.

 

Olho para a frente e tenho uma grande dificuldade em perceber o que nos espera. Por um lado, preciso ir a Portugal terminar o meu tratamento Invisalign, pois, neste momento, já estou a atrasar. E, por outro, o verão. Ora, para uma família expatriada o verão é sinónimo de regressar a casa para matar saudades da família e dos amigos.

 

Enfim, é um pouco assim que estamos a esta altura do confinamento versus desconfinamento por aqui. Porém, com a consciência de que é preciso não ir abaixo, mantendo o pensamento positivo. Como? No meu caso, se não me tem apetecido treino, capricho no banho e no que visto e assim manter a auto-estima para cima. E lembrar que: se não puder fazer tudo, faço o puder.

 

Há quem já tenha ido ao cabeleireiro, à esteticista, que tenha regressado aos tratamentos estéticos e às massagens. Por aqui, ainda se aguarda que essa parte volte ao activo, portanto também não é por aí. O que já pensei foi pegar no carro – não conduzo desde que entramos em quarentena, portanto, há praticamente dois meses – e dar uma volta.

 

Pergunta: Se simular que vou deixar os miúdos à escola e voltar para casa, acham que terá o efeito psicológico de não sentir logo a presença deles quando voltar a casa? Será?!  

 

Boa noite. 

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