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As viagens dos Vs

Mulheres nutridas, famílias felizes

As viagens dos Vs

É urgente voltar a visitar a cidade do Porto!

Descobrir o Porto de forma divertida sem esquecer a sua essência.

28.02.20 | Vera Dias Pinheiro

o que visitar no porto

 

Em julho do ano passado, quando nos mudámos para Bruxelas, fizemo-lo deixando uma viagem adiada. E digo adiada, pois, vai na volta, falamos nisso e dizemos que não podemos esquecer do nosso fim-de-semana prolongado… no Porto.

 

Muitos de vós sabem que vivo rodeada de adeptos (ferrenhos, mas isso não digam) do Futebol Clube do Porto em casa e que o Vicente tem prometida uma visita ao estádio do seu clube do coração. O que talvez não saibam é que foi no Porto que passei o primeiro fim-de-semana sem Vicente, o único filho na altura, após dois anos ininterruptos da minha vida com um filho 24 horas comigo. Entretanto, voltei lá em trabalho, menos de 24 horas, mas que ainda assim deu para tirar partido da vista privilegiada sobre a cidade do hotel The Yeatman.

 

No entanto, eu não tenho memórias de outras idas ao Porto, uma cidade que ainda assim elogio quase tanto como Lisboa, pois ficou a boa impressão das pessoas amigáveis e acolhedoras, da personalidade da própria cidade e por achar, mas isso já é apenas uma opinião pessoal, que mantém o seu traço suis generis mesmo com o aumento do turismo.

 

Ainda assim, um efeito colateral tem sido a proliferação da oferta de passeios turísticos de mil e uma formas e, se antes olhava para estas coisas como algo aborrecido e que só fazia sentido para os turista estrangeiros, as minhas experiências têm-me mostrado que podem revelar uma grande e agradável surpresa e, portanto, que, por vezes, vale a pena dar uma oportunidade. Acreditam se vos disser que das coisas mais divertidas que fiz foi uma visita guiada ao Castelo de São Jorge em Lisboa e um passeio num Tuk-Tuk também em Lisboa? Foi divertido, sem perder os elementos históricos relevantes. Foi descontraído e com margem para parecer que estamos a fazer um passeio entre amigos. No mesmo registo, guardo igualmente na minha memória a interessante visita guiada à Graham’s Port Lodge, no Porto, mesmo não sendo eu uma grande conhecedora de vinho do Porto.

 

No fundo, faz sentido ter este tipo de experiências de maneira a enriquecer a nossa estadia, aprender e descobrir recantos da cidade que de outra forma não o faríamos. E faz ainda mais sentido quando podemos fazê-lo com contadores de histórias que percebem que hoje, mais do que nunca, não procuramos comprar um produto, mas sim uma experiência, mas algo que seja único e especial para nós. Entendem? Para mim, o factor crucial está aí.

No fundo, é sentir que apesar da massificação e do aumento do turismo um pouco por todo lado ainda é possível encontrar algo que seja genuíno. Quando escolhemos um destino, seja ele qual for, as minhas pesquisas passam muito por aí.

 

Na cidade do Porto, por exemplo, conseguem uma experiência assim com a Bluedragon, uma empresa especializada em passeios turísticos no Porto. A oferta em si é-vos familiar, nomeadamente as caminhadas, os passeios de bicicleta, de segway e gocar. No entanto, o segredo está na forma como os passeios e as visitas são concebidos.

 

Com um propósito ambiental igualmente muito forte, a Bluedragon oferece contadores de histórias que mostram a cidade e contam os factos históricos da forma menos comum e tradicional. A experiência de sair do roteiro que vem nos livros e descobrir a verdadeira essência da cidade e entrar no estilo de vida das pessoas que lá habitam.

o que visitar no porto bluedragon

 

E se um dos grandes receios são os preços praticados para este tipo de passeios turísticos e visitas guiadas, a Bluedragon aposta igualmente no seguinte lema “o maior partido, pelo menor preço”. Neste sentido, convido-vos a explorarem o site e a descobrir os roteiros e os preços praticados.

E afinal, a cidade do Porto é Património Mundial da Unesco e está longe de ser monotemática. O Porto não é apenas a cidade do vinho do Porto, do futebol ou das francesinhas, por exemplo. Tem tantas outras coisas ainda por descobrir.

 

Hoje em dia, quando me perguntam que cidades visitar em Portugal, o Porto é dado como escolha obrigatória. Se combinarmos isso com a experiência da Bluedragon, acredito que seja possível, após a minha próxima visita, sentir uma maior intimidade com a cidade.

 

E se a nossa vontade se concretizar, visitaremos o Porto lá pela primavera, a altura ideal para um bike tour Porto e porque não combinar com um walking tour Porto?

 

Já agora, o que visitar no Porto?

Na vossa opinião, quais são os mesmo lugares imperdíveis?

 

 

 

*Este texto foi escrito em parceria com a Bluedragon.

 

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Gravidez: Quando o stress leva a melhor! | Testemunhos Reais #8

A importância do Yoga durante a gravidez e na maternidade

25.02.20 | Vera Dias Pinheiro

gravidez-stress-yoga-maternidade

 

 

Sempre me disseram a gravidez muda uma mulher, mas nunca me disseram que também muda um bebé.

Foi assim que tudo começou. Em 2009 estava grávida e feliz! Um sonho que começou a crescer devagarinho dentro de mim e de forma galopante aos 33 anos, e sim, foi mesmo o chamamento da maternidade em mim!

 

Na altura pensava que tinha tudo controlado, fui a um curso de preparação para o parto no hospital, era saudável, alimentava-me bem, continuava bastante activa e, mesmo sendo professora de yoga, também continuava bastante stressada. Tinha acabado de mudar de emprego e estava a fazer de tudo para ser bem-sucedida, e fui! O stress realmente levou a melhor!

 

Quando chegou a altura do parto o medo instalou-se, a dor, a falta de apoio. Hoje, olhando para trás, é tão fácil ver o que me faltou, mas na altura eu nem me apercebi. Percebo que tive dificuldade em ajustar-me à minha nova realidade, continuei a minha vida agitada como se nem estivesse grávida, não parei o ritmo, procurando sempre corresponder às expectativas que os outros tinham de mim, ao mesmo tempo que tentava seguir todas as recomendações normais deste período, acreditando que tudo fazia parte do caminho para ser mãe. Não podia estar mais errada!

 

Mesmo já sendo praticante de yoga eu não ouvi a minha voz interior que me pedia para desacelerar, não ser tão exigente comigo própria, para delegar funções, e fiz o erro mais recorrente que as mulheres na mesma situação fazem – não pedi ajuda, não me informei melhor. Quando o fiz, já não tinha muito tempo, estava a semanas do meu parto, e depois foi uma escalada de acontecimentos que me deram a entender que eu não estava nada preparada nem informada para o grau de transformações físicas e emocionais que uma gravidez pode trazer consigo, nem o que realmente era dar um consentimento informado sobre as intervenções a que poderia estar sujeita aquando do parto e pós-parto. Eu saí de toda a experiência completamente exausta tanto física como emocionalmente!

 

Adoraria ter prestado mais atenção à forma como estava a viver a minha vida nessa altura, e ter compreendido mais cedo que a responsabilidade de uma mãe se estende muito para além da ligação física com o seu bebé e move-se para a qualidade das suas experiências mentais, dos seus pensamentos e das suas emoções. Eu estava a viver em constante stress e pressão e não me apercebi o quanto isso não estava a fazer bem a mim, nem ao meu bebé.

Hoje sei que não nos tornamos mães apenas quando o nosso bebé nasce, mas a partir do momento em que pensamos ter um bebé.

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As minhas gestações e toda a minha experiência da maternidade foram a maior e mais profunda caminhada de transformação que alguma vez experimentei. Muitos cursos de preparação para o parto preparam-nos para as diferentes fases do parto, alívio da dor, primeiros cuidados a ter com o bebé, mas nenhum nos explica como o nosso ambiente físico, emocional e mental pode influenciar as experiências e perceções do nosso bebé no útero, e moldar a vida do nosso filho após o nascimento.

 

Quando uma mulher grávida sofre de altos níveis de stress ou ansiedade, ela pode desenvolver mais queixas físicas em comparação com outras mulheres grávidas, pode estar mais predisposta a ter um nascimento prematuro, um parto de cesariana, baixo peso do seu bebé e baixo nível de APGAR no recém-nascido. Pode também estar mais em risco de desenvolver stress pós-traumático e depressão pós-parto. As hormonas do stress desencadeadas pela ansiedade na mãe afectam também o desenvolvimento físico, emocional e mental do bebé. Os efeitos a longo prazo incluem aumento da reatividade emocional do bebé, problemas de atenção e dificuldade no vínculo entre ambos.

 

Depois desta minha experiência, eu tomei a decisão que, se voltasse a ter outro filho, tudo teria de ser diferente, começando por mim. Fui explorar ferramentas claras e eficazes que me ajudassem a gerir o meu stress durante a gravidez, comecei a pesquisar o que é que as culturas ancestrais tinham a dizer, a ouvir mais os meus sentimentos e voz interior, a sentir-me mais conectada com a minha intuição materna e o meu bebé.

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Compreender o quão desconectada eu estava da minha própria feminilidade e instinto maternal ajudou-me a adaptar os meus 15 anos de ensino do yoga à gravidez, a libertar tensões físicas e emocionais por meio de alongamentos suaves, a ultrapassar medos e preconceitos, através da meditação, respiração e técnicas de relaxamento, refletindo sobre mim e fazendo crescer o meu vínculo com o meu bebé.

 

{Obrigada}

 

 

 

Outros Testemunhos:

#1 "Mãe, porque é que eu sou gorda?

#2 Cancro: "A mãe está doente!"

#3 No Papel Da Madrasta

#4 A Minha Experiência Num Retiro Espiritual

#5 Quando O Cancro Bate À Nossa Porta

#6 Conviver Com Uma Doença Inflamatória Do Intestino

https://asviagensdosvs.com/violencia-domestica-o-que-falha-1487295

 

Se tiver uma história que queira partilhar comigo e neste espaço,escreva-me através do seguinte endereço de e-mail

 blogasviagensdosvs@gmaill.com

 

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6 Dicas Para Reduzir O Desperdício Nos Produtos De Cosmética

O Meu Propósito Sustentável: Combater O Desperdício

24.02.20 | Vera Dias Pinheiro

reduzir o desperdício nos produtos de cosmética

 

Na minha opinião, ser sustentável é algo que deve começar dentro da nossa casa, colocando em perspectiva aqueles que são os nossos hábitos e o nosso estilo de vida. Ora, muito antes de sentirmos necessidade de comprar “coisas sustentáveis” para nos adaptarmos a um estilo de vida mais amigo do ambiente, creio que a grande maioria de nós acaba por ter ainda enraizado certos comportamentos muito pouco sustentáveis.

 

Talvez seja uma coisa minha, mas sinto que se criou, de início, a falsa ideia de que para ser sustentável tinha que se gastar mais dinheiro. Afinal, quando o tema virou assunto na ordem do dia, praticamente todos os dias, o grande culpado para o estado actual do nosso planeta era unicamente o plástico. E nessa guerra aberta para acabar com tudo o que fosse de plástico, sentíamos como que “obrigados” a comprar uma série de outras coisas, os tais recipientes em vidro, em todas as formas e tamanhos e de preferência a combinar para ficar bem na nossa decoração, entre outras coisas.

 

Quando sem nos darmos conta acabamos por fazer muito desperdiço, desperdício esse que talvez pudesse ser canalizado para uma segunda vida ou, inclusivamente, ser evitado. Falo igualmente da importância de uma reciclagem adequada, porque existem detalhes aos quais é preciso ter atenção, nomeadamente no que diz respeito à reciclagem do papel – cheguei a fazer alguns instastories a falar precisamente sobre essa questão, pois nem todo o papel e cartão vai directamente para o ecoponto azul.

 

E, depois, falo de todo o desperdício em geral, o desperdício de água, alimentar, de roupa, no fundo, de bens e recursos em geral. E neste campo, a minha primeira grande batalha foi aprender a destralhar sem peso na consciência, a ser moderada no consumo e passar a ter sempre presente aquela premissa de que: ou compras efectivamente algo que te faz falta, ou para cada coisa nova que entre, outra antiga terá que sair e, mediante o seu estado, decidir se é lixo ou se tem uma segunda vida. Entretanto, seguiu-se a reutilização e até imaginação para conseguir adaptar algo que já tenha em casa, face a uma necessidade. E neste aspecto, a mudança de casa recente foi a prova de que a lição está mais do que bem aprendida.

 

Mudamos para uma casa totalmente diferente da anterior em todos os aspectos, um deles a dimensão e contam-se pelos dedos de uma mãos o que compramos de novo. Basicamente, adaptamos tudo o que já tínhamos, alteramos configurações, mudamos objectos de divisão. No fundo, remexemos e baralhamos tudo e, no fim, percebemos que não precisamos de nada essencial. Também foi importante o facto de não termos pressa, isso contribui muito para evitar as compras de impulso.  

 

Mas havia uma área da minha vida, na qual eu sentia que ainda havia muito para fazer para evitar o desperdício: na minha casa de banho, mais concretamente nos meus produtos de cosméticas - skincare em geral. Ou seja, nos cremes e afins que acabam por ser abertos, vários ao mesmo tempo, ainda que para efeitos diferentes, mas algumas vezes nem isso, era só mesmo a curiosidade de experimentar assim que recebia um press-kit ou comprar algo que eu achava precisar muito, só por impulso. Era uma área da minha vida, face à qual eu sintia que geria com pouca consciência do seu desperdício. Sem mencionar que todos os produtos de beleza – todos mesmo – tem uma validade!

Foi algo que melhorou bastante também com a mudança de casa, o facto de ser confrontada com a quantidade de produtos abertos, outros esquecidos por acabar e ter tido consciencia da quantidade de produtos que tinha e para que finalidade - e perceber que, entretanto, não há muita coisa que me faça falta realmente. Ora, tudo isso mexeu um pouco comigo, pois o desperdício é daquelas coisas que sempre me incomodou, sobretudo o alimentar.

 

Portanto, o meu foco neste momento está nesta divisão da minha casa. Afinal, se eu sou aquela chata que corta as embalagens para usar tudo até à última gotinha de produto, como é que, ao mesmo tempo, tenho três ou mais cremes para um só rosto? Mesmo atendendo ao facto de que as nossas necessidades mudam com frequência, acaba por ser excessivo e inevitavelmente acabo por não usar nenhum realmente até ao fim.

reduzir o desperdício nos produtos de cosmética

 

Deste modo, apresento-vos as minhas 6 dicas para reduzir o desperdício nos produtos de cosmética:

  1. Fazer um inventário dos vossos produtos. É a melhor maneira de perceberem o que têm e o que eventualmente vos possa fazer falta.
  2. Arrumar os produtos de cosmética por categoria e/ou finalidade.
  3. Comprar apenas quando o produto equivalente chegar ao fim.
  4. Espere! Não abra os produtos por impulso, apenas por ser novidade e ter a tentação de querer experimentar. O produto selado e fechado tem uma maior durabilidade.
  5. Aguarde que termine mais do que um produto, assim tem tempo para pensar, reflectir e ponderar a próxima compra.
  6. Ofereça aquilo que não usa. Seja por recebeu um produto que não é o indicado para o seu tipo de pele, seja porque experimentou e não gostou ou não se deu bem. O importante é não deixar esse produto aberto esquecido no meio dos outros.

reduzir o desperdício nos produtos de cosmética

 

Se tiverem outras sugestões sobre o tema, partilhem comigo nos comentários. 😊

 

Outro artigo relacionado com o assunto da sustentabilidade, que poderão gostar de ler também, é este: 

4 Contributos para o mês de julho sem plástico

 

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Sobre A Aprovação Da Eutanásia Em Portugal

Os Motivos Que Me Levam A Ser A Favor Da Eutanásia

20.02.20 | Vera Dias Pinheiro

aprovação da eutanásia em portugal

 

Em primeiro lugar, acho que é preciso reforçar que um direito não nos obriga a nada, mas ter direitos, por sua vez, protege-nos.

 

Confesso que não li muito acerca do fundamento de quem é contra a eutanásia, prefiro pensar que se trata apenas de não ter noção do que é realmente um estado terminal de vida e o que é ver alguém que nos é realmente próximo em processo de morte. Para uns é rápida e indolor, mas, para outros é demorada, sofrida e em estado de degradação física e mental continua e assustadora.  

 

E eu sei que todos nós concordamos que a morte é das poucas certezas que temos na vida, porém quando chega a hora de falar sobre ela e de a enfrentar, a maioria das pessoas foge! Entra em negação ou em recusa! E a discussão sobre a eutanásia, para mim, é a prova disso mesmo.

 

No entanto, a minha opinião é tão somente isso, a minha opinião! Mas como pessoa que sou a favor deste direito, a eutanásia, eu estou feliz com esta notícia. E após ter vivido de perto a evolução do cancro num doente terminal - nunca entrei em detalhes quanto à gravidade, mas era bastante grave - se eu já tinha uma opinião favorável, essa não mudou quando me deparei com o facto de que, de repente, a minha mãe era um desses doentes.

 

O meu amor incondicional por ela fez-me desejar, logo que soubemos qual seria o desfecho, que nunca chegasse ao tal estado que os médicos falavam e para o qual diziam ter que me preparar. Na minha cabeça ficava sempre a dúvida de qual seria esse tal “estado” ao qual a minha mãe chegaria. Que raio de evolução tão grave poderia acontecer, que transformação o cancro a levaria a enfrentar que exigia que eu tivesse que me preparar para ver uma mãe totalmente diferente no fim da doença?

 

E sabem? É mesmo inimaginável, a não ser que tenham a infelicidade de passar por isso. Contudo, o meu desejo profundo é que ninguém tenha que chegar até ao tal estado, que eu vi com os meus olhos. Por isso, falar de eutanásia faz todo o sentido quando somos transportados para esta realidade que fica, na maioria das vezes, guardada dentro de quem a vive.

 

Quando recebo uma videochamada e a minha irmã me pergunta se estou preparada para ver a minha mãe, a minha primeira reacção foi achar que ela só poderia estar doida. Que ideia a dela para me perguntar uma coisa dessas… O que mais poderia ter acontecido, em menos de 24 horas (o momento do meu último telefonema para a Unidade onde estava internada há menos de uma semana) para que a minha irmã estivesse naquela aflição?

 

Quando a câmara se vira, eu não encontrei mais a minha mãe. Vi alguém a morrer aos meus olhos e ninguém ia fazer nada, simplesmente íamos esperar, naquele estado de agonia e de aflição, que o fim chegasse. E quando é que chega? Há pessoas que ficam dias, semanas no tal estado, sabiam?

 

Todavia, no tal estado também já não existe amor à vida, nem tão pouco existe a pessoa que amamos. Existe apenas um corpo - que quero acreditar estar já vazio da sua alma - em luta, em conflito ou simplesmente em transição. Nesse momento, do nosso lado, há aflição, angústia e um sofrimento atroz que só acentua a dor da perda de quem amamos. Porque juntamente com a sua ausência, temos que lidar com todos os fantasmas e todos os “ses”: “e se ela sofreu” E “se ela percebeu que estava a morrer” e “se…” e “se…” e “se…”   

 

Ainda não havia eutanásia e ninguém ia fazer anda, mas Deus concedeu-lhe alguma dignidade no seu fim, aquela que já vinha a perder aos poucos, e foram poucas as horas que vivemos dentro daquele pesadelo.

 

A minha opinião é tão válida como qualquer outra, mas o meu amor pela minha mãe ou pelas pessoas que amo é, acima de tudo, querer que elas tenham dignidade em todos os momentos, mas, sobretudo, na doença e na doença oncológica, em particular. Se soubessem o quanto ainda existe por fazer por estes doentes e o quanto lhes falta para que vivam o seu fim com dignidade e alguma qualidade vida, a pouca vida que lhes resta… Se soubessem…

 

Por mais que se ame alguém e que queiramos muito ter essa pessoa na nossa vida, acreditem, pode haver um momento em que amar essa pessoa é deixá-la partir, porque só isso permitirá que descanse.  

 

Expliquei ao meu marido a minha vontade em deixar escrito os meus desejos caso venha a passar por uma situação de saúde com esta gravidade. Porém, agora já não precisa levar-me para nenhum outro lugar. Agora posso ficar no meu país, onde sei que a minha vontade será respeitada.

 

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Bruxelles: Aller-Retour || Healthy Brunch In Antwerp

DIVERS, The Healthy Brunch In Antwerp

19.02.20 | Vera Dias Pinheiro

 

*Scroll Down For French.

 

healthy brunch antwerp

 

Gostamos muito de um belo brunch, é verdade, e longe vão os tempos em que procurávamos a gastronomia típica dos lugares que visitávamos. Hoje em dia, é mais perceber onde se come um belo brunch e de preferência que seja saudável. Sim, somos esse tipo de pessoas.

 

Portanto, devo dizer que estamos a levar este lado de “connaisseurs de brunchs” muito a sério. E porquê? Porque fomos até Antuérpia de propósito para ir ao brunch. É certo que a cidade é linda para se passear também, mas a chuva e o frio estavam daquele jeito que desmotivam até os mais audazes e corajosos, tipo eu!

 

Onde fomos?

DIVERS

Volkstraat 9, 2000 Antwerpen

 

Especialidade?

Bowls em geral e bowls de açaí

Sem lactose e com opções sem glúten.

 

O que comemos?

  • 2 Bowls diferentes, uma com frutos vermelhos de base e outra com ananás.
  • Tosta de abacate
  • Tosta de manteiga de amendoim e banana.

Nota: Na verdade, as opções dividem-se somente entre as tostas e as bowls, de qualquer forma tem variedade e ficamos com muitas outras sugestões debaixo de olho para uma próxima visita.

healthy brunch antwerp

 

healthy brunch antwerp

 

Sobre o espaço?

O espaço é pequeno, mas acolhedor e aceitam reserva de mesa, o que é óptimo. De qualquer forma, e sendo domingo, nunca chegou a estar cheio nem confuso e nem tão pouco fila de espera. Se queremos voltar? Sem dúvida, ficou totalmente aprovado.

O grande objectivo deste espaço é oferecer uma alimentação o mais "clean" possível e, ao mesmo tempo, contribuir para uma maior ingestão de vegetais na mesma. Sem extremismos e sem dietas, DIVERS oferece comida saudável cheia de sabor e de nutrientes bons para a nossa saúde. 

 

 

E antes da chegada do momento em que cedemos perante a chuva e o frio, houve tempo para um breve passeio e matar as saudades que já tinha de Antuérpia. Na mira estava uma livraria e foi até que nos dirigimos, The Other Book Shop

antwerp, belgium

 

antwerp, belgium

 

_______________________ FRANÇAIS _______________________

 

C'est vrai qu'on aime un beau brunch, et nous sommes déjà loin des temps où on cherchait uniquement la cuisine cuisine typique des lieux qu'on visite. Aujourd'hui, il s'agit plutôt de trouver les endroits où on mange bien et de façon saine. Eh oui, nous sommes comme ça.

 

Je dois donc dire que nous prenons très au sérieux ce côté des «connaisseurs de brunch». Et pourquoi? Parce que nous sommes allés à Anvers exprès pour aller au brunch. C'est vrai que la ville est belle aussi pour se balader, mais la pluie et le froid étaient si mauvais qu'ils découragent même les plus audacieux et courageux, comme moi!

 

Où est-on allé? DIVERS (Volkstraat 9, 2000 Anvers)

Spécialité? Bowls en général et bowls açaí. Sans lactose et avec des options sans gluten.

 

Que mange-t-on?

  • 2 bowls différents, un à base de fruits rouges et un à l'ananas.
    Toast à l'avocat.
    Toast au beurre de cacahuète et banane.

Remarque: En fait, comme les options se répartissent, uniquement entre les articles et les bowls. De toute façon, il y en a beaucoup de variété et nout jetons déjà un coup d'oeil pour une prochaine visite.

 

À propos de l'espace?

L'espace est petit, mais confortable et accepte une réservation de table, ce qui est super. Quoi qu'il en soit, et étant un dimanche, il n'y a jamais eu trop de monde, de confusion ou même d'attente. Voulons-nous y retourner? Sans aucun doute, il a été entièrement approuvé.

 

Le grand objectif de cet espace est de proposer une alimentation la"plus saine" possible et, en même temps, de contribuer à une plus grande consommation de légumes. Sans fondamentalismes, DIVERS propose des aliments sains, pleins de saveurs et de bons nutriments pour notre santé.

 

Avant l'arrivée de la pluie et du froid, in a eu l'occasion de faire une courte promenade et de se souvenir combien Anvers noua manquait déjà. On avait ciblé une librairie à visiter et on a réussi à la trouver just'avant notre départ, The Other Book Shop.

 

antwerp, belgium

 

 

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Fiz 37 anos e tive zero de vontade para os festejar!

17.02.20 | Vera Dias Pinheiro

sem vontade para festejar o aniversário

 

Fevereiro até é um mês querido, mais curto que todos os outros e, de certa forma, é o mês do amor e isso traz sempre boas energias e é o mês do meu aniversário. Tinha tudo para ser um mês querido, mesmo com o frio e a chuva que, a maioria das vezes, assinala esse dia, o 16 de fevereiro. Mas não é e nunca foi um mês que me trouxesse particular alegria.

 

Talvez por ter demasiadas expectativas intrínsecas em cima dele e das datas que nesse mês se assinalam e, no final, os planos saírem todos furados e as expectativas todas ao lado. Este ano não foi de todo a excepção à regra. E, a partir de agora, será para sempre um mês triste, aquele em que vi a minha mãe partir.  Contudo, e se eu acredito que nada acontece por acaso, a minha mãe partiu no mês do aniversario das duas filhas – não fosse correr o risco de ser esquecida por nós, como se isso fosse possível. Mas com a “dependência” dela em relação a nós e a forma como sempre viveu para as filhas toda a sua vida, não deixa de ser curioso.

 

Acima de tudo, quero deixar registado que tenho o meu coração em paz e que se tudo isto aconteceu desta maneira, é para nos ensinar algo e, consequentemente, trazer algo de bom à minha vida. Mas aquilo que eu sinto é uma incapacidade enorme de expressar alegria genuína, de ter vontade para tirar prazer das coisas como antes… fiz 37 anos e tive zero vontade de festejar e se o fiz foi pelos meus filhos.

 

Mas não só… fi-lo também porque durante muito tempo da minha vida e da relação com a minha mãe, eu ficava furiosa com ela quando a via incapaz de tirar partido dos momentos e de ver o lado bom das coisas, independentemente da tristeza e dos momentos difíceis que pudesse estar a passar. Pedia-lhe muitas vezes para olhar para as filhas e para os netos e perceber quão sortuda ela era por ser tão amada e tão requisitada por nós.

 

A minha mãe perdeu a sua mãe ainda mais cedo do que eu, aliás, eu não tenho qualquer memória dos meus avós maternos. E sei que a morte da minha avó nunca foi um assunto resolvida para ela e que nos momentos de suposta alegria, como o natal, os aniversários, etc… era quando ela se sentia precisamente mais triste. Mas eu, ingénua nestas coisas das dores, insistia com ela para ultrapassar essa tristeza e olhar para a família que ela (e o meu pai) tinha construído e que estava ali para ela.

 

E agora, que me sinto desprovida dessa alegria interior, debato-me com a vozinha interna da minha cabeça que me lembra todas as vezes em que tive que ajudar a minha mãe a erguer-se para a vida. E neste processo, sei, com toda a certeza, que não quero acabar nesse lugar e não quero que os meus filhos sintam a mesma pressão (e responsabilidade) que eu senti em relação à minha mãe.

 

Porque, afinal, a vida é feita de ciclos e enquanto são os ciclos naturais a acontecer, então, quer dizer que ainda está tudo bem. É certo que, para mim, este ciclo que fechou, aconteceu demasiado cedo e repentinamente. As coisas foram sucedendo-se, umas atrás das outras, e nós só tivemos tempo de reagir e tentar adaptar. Mas não deixo de me sentir numa espécie de encruzilhada entre o que está para trás, os meus pais, e o futuro, os meus filhos. E independentemente da minha incapacidade em gerir o que sinto, sei que tenho que ter os olhos postos no futuro.

 

Com isto, sinto que se fechou um ciclo e que agora, a minha mãe, onde quer que ela esteja, está munida de tudo o que antes lhe poderia faltar para me poder ajudar no meu caminho. Agora sinto como se não existissem impossíveis para ela. E eu sinto que, para mim, as coisas também mudaram e é bom que eu aceite e encaixa uma nova mudança na minha vida, mesmo que esta de Bruxelas ainda nem esteja completamente ultrapassada.

 

Mas a vida tem-me ensinado que as mudanças são boas, mesmo aquelas que fazemos completamente às cegas, sem qualquer noção do que nos espera. Portanto, posso ter tido zero vontade de assinalar o meu aniversário, posso não ter feito uma mega festa ou jantar, posso ter estado de semblante mais triste e fechado e até “recusado” chamadas só para continuar nesta espécie de bolha em que estou, mas isso não significa que não abrace os meus 37 anos com esperança e muita fé. Não significa que seja um ano deitado fora, nada disso! A vida é para ser celebrada todos os dias.

 

Posso não ligar a datas comemorativas, mas comemoro a vida com a consciência do valor que ela tem e o quão frágil ela pode ser. Estou triste, mas esse é o meu estado, contudo estou grata por tantas coisas boas que tenho à minha volta e, acima de tudo, por ter a capacidade de as reconhecer diariamente e de as agradecer.

 

A vida não se resolve da forma como idealizamos, porém acredito que se confiarmos, mesmo sem entendermos o porquê de certas coisas, no final, tudo fica bem.

E eu ainda não perdi a minha fé!

 

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Há coisas que só o tempo tem o poder de melhorar ou curar!

Mas quanto tempo o tempo tem?

14.02.20 | Vera Dias Pinheiro

a cura através do tempo

 

Hoje é sexta-feira – para os mais distraídos – e eu fiz-me uma mulher durante estes cinco dias. Limpei as lágrimas, respirei fundo e ergui a cabeça. Não há tempo para parar o tempo, infelizmente. Não há tempo para fingir que a vida não é carregada de obrigações e de responsabilidade e não há tempo sequer para tirar umas férias sozinha numa ilha deserta – que é basicamente a minha vontade. Tenho dois filhos que precisam de mim e sobre quem não posso libertar tudo isto que me pesa no peito, tenho um marido que viaja e trabalha bastante e a quem não posso pedir que tire uma licença para eu poder fazer o meu luto em paz. Tenho a casa, não me livro das tarefas domésticas nem por nada, e tenho o meu trabalho, cujo retorno resulta 98% do tempo da energia com me entrego e faço as coisas.  

 

Rapidamente é fácil perceber para que lado a balança vai neste tipo de situações, certo? Sei – porque vocês partilham comigo – que muitas, muitas, de vocês já estiveram ou estão em situações iguais ou semelhantes à minha. Portanto, o “aperto” da vida adulta é real (e geral).

 

Mas eu, e vocês, aguento-me! E nesta semana sem o pai, eu portei-me como gente crescida e fui exemplar. Fui ao ginásio quatro vezes, tomei o meu banho, arranjei-me, cuidei dos miúdos, não encomendei Uber Eats uma única vez, não desmarquei a consulta do Vicente – o que me obrigou ao exercício de falar sobre dentes e aparelhos ortodônticos em francês, sempre com o olhar do Vicente em cima de mim para ver se me apanhava em falso – fui ao supermercado, estivemos no mercado da quarta-feira, também não deixei a louça acumular na cozinha e, todas as manhãs, saímos de casa sem atrasos. E, por fim, não menos importante, até que me senti pro-activa no meu trabalho.

Ufa!

 

No fundo, ocupei a cabeça, cuidei de mim, venci o lado “negro” que, nestes momentos da vida, nos puxa para baixo e acabamos até por descuidar um pouco da nossa imagem. Mas neste aspecto, aprendi que devemos sair de casa sempre com a nossa melhor cara, mesmo que por dentro estejamos completamente na m**** - desculpem o palavrão. E, por isso, é normal que 95% das vezes as pessoas me encontrem com boa cara e com aspecto cuidado. Talvez, este seja mesmo um lema de vida que eu tenho.

 

Mas, depois, chego ao fim desta semana e olho para dentro e percebo que nada disto contribuiu para que eu realmente me sinta melhor. E porquê?

“Então, porque é que não está a resultar? Porque é que eu não me sinto melhor?”, desabafava eu com uma amiga.

 

"… porque é tudo uma questão de tempo!", respondeu ela e acrescentou:

 

“O tempo perguntou ao tempo
quanto tempo o tempo tem!
o tempo respondeu ao tempo
que o tempo tem tanto tempo
quanto tempo o tempo tem.”

 

{Um pequeno a parte}

Lembro-me de ser criança e ouvir na rádio esta lengalenga, talvez na rádio Renascença, pois era a que os meus mais ouviam na época, e perguntar o que é que significava esta coisa do tempo.

 

Porém, esta percepção da “cura” pelo tempo é algo que só aprendemos por nós próprios e em todas as quedas e percalços que vamos tendo ao longo da vida, os dissabores e os desgostos.  

E na vida é mesmo tudo uma questão de tempo, só ele tem o poder de ajudar ou melhorar tudo.   

 

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