"Inspira, Vera! E Confia! "... Foi Assim Que O Meu Dezembro Começou
Inspira, Vera! E confia! É desta forma que recebo o mês de dezembro, marcado sempre com tanto entusiasmo, mil ideias para o advento e tudo para que a magia do natal prevaleça o mais possível na vida dos meus filhos e na nossa também. Mas este ano é diferente, dezembro chegou e eu não me sinto capaz de fazer planos para o advento, porque não sei que planos a vida tem para mim, para nós! Inspiro e repito, de forma muito lenta, para mim, “confia e aceita”, pois assim só consigo viver a outra parte da minha vida.
Dezembro chegou e o espírito com que se viverá esta contagem decrescente até ao natal será o mesmo dos últimos meses: viver um dia de cada vez! Viver um dia de cada vez, mas sempre com o coração fora do peito, numa espécie de bipolaridade entre encarar a realidade e a fé que ainda não me abandonou, pois “enquanto há vida, há esperança”. Repito, mais uma vez!
Todos os dias repito as coisas mais banais, faço as mesmas perguntas, ligo o mesmo número de vezes, olho para os meus filhos, para a minha família nuclear e agradeço por este ninho de amor e de cumplicidade que nos ampara as quedas e os dias tristes. Repito todos os dias, como se aquele dia pudesse ser o último. Limpam-se as lágrimas, mas não se esconde jamais a tristeza. Arregaçamos as mangas e fazemos a vida andar para a frente, 99% pelo Vicente e pela irmã, 1% por mim… é verdade! Com rotinas fica mais fácil manter a cabeça à tona, com a rotina e a distância há momentos, cada vez menos, em que consigo fingir que está tudo bem. Mas quando o esforço é grande, é preciso parar e depois recomeçar. É sempre assim, todos os dias! Vivemos como se aquele dia pudesse ser o último.
Mas nesta altura do ano sobrevivo com a magia do natal que o Vicente e a Laura me transmitem e que, desde que nasceram, eu fui construindo com eles. E é assim, nesta avalanche de amor genuíno e de alegria das crianças que eu arranco os meus sorrisos e a força para continuar. Ontem recebemos o Saint Nicolas e hoje a árvore de natal, é certo que é com esforço, mas é certo que vamos andando (mais) um dia de cada vez.
Mas não pensem que este é texto triste, porque não é. A tristeza virá com o vazio, por agora, aprendemos o valor da vida, dos sentimentos, conhecemos as pessoas que temos à nossa volta e temos a capacidade de saber exactamente de quem precisamos. E mesmo que este dezembro seja atípico, confiamos que os choros possam vir um pouco mais tarde para que estas duas crianças não percam a alegria no seu natal.
Rodeamo-nos de amor, do verdadeiro e sincero, mas não escondemos a tristeza, porque ela faz parte do processo. Mas alimentamo-nos de amor e ele tudo sara, tudo nutre, tudo regenera. Que não nos falta o amor verdadeiro e incondicional nesta altura do ano e em todas as outras. Porque os votos e os desejos, as promessas e as palavras bonitas não devem ser usadas com cerimónia. Não é no fim que fazemos os planos, que se pedem as desculpas, que se marcam os programas ou se espera para dizer aquilo que nunca tivemos coragem para dizer. No fim, esperamos (sentir) a paz de que todos os dias foram importantes e de que, perante a iminência de um fim, tudo foi dito e tudo foi feito.
A vida é rápida e efémera, não espera que tu decidas quando e como! Ela traça os planos por ti, sem aviso! Hoje, ontem, amanhã (talvez) é o teu, o meu, momento de agradecer, de celebrar e de viver!
Dezembro chegou no meio desta confusão de sentimentos, que se atropelam uns aos outros, mas com a tristeza presente em todos os momentos e o medo. O vazio assusta-me, o adeus para sempre ainda mais. Contudo, dezembro torna claro aquele que é o verdadeiro valor da vida e que, podemos ter todos os presentes do mundo, mas nenhum é tão valioso quanto este: o de descobrir quanto vale a vida e quão importante é termos à nossa volta o amor verdadeiro e incondicional.
Em dezembro, e em todos os outros meses do ano, que sejamos mais uns para outros!
Bem-vindo, dezembro!