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A Escola dos Nossos Filhos: Pequeno Desabafo Sobre As Escolhas

22.10.19 | Vera Dias Pinheiro

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Quando o meu papel, enquanto mãe, se desdobra nas suas ínfimas funções para além do de cuidadora, a coisa complica-se! As decisões que tomamos passam a um outro nível e, embora o princípio de tudo seja o bem e o melhor que queremos para os nossos filhos, não temos certezas absolutas de nada. Mais! Estamos a lidar com um ser humano com personalidade própria e, como tal, a margem da surpresa aumenta para o nosso lado, porque a reacção pode ser diferente da esperada.

 

Em termos escolares, já vos falei por aqui acerta do processo de escolha de escola e da diferente que existe entre a escola do Vicente e a da Laura. Se na escola oficial belga sinto que a autonomia e levada ao extremo e que no inicio isso choco-me um pouco, pois vi a Laura completamente suja do almoço porque ninguém ajudou a comer, pedir-me um casaco que consiga abotoar sozinha, para não ficar com frio ou, mesmo no lanche, pedir para comprar determinados purés de frutas por serem aqueles que ela consegue abrir sozinha. Neste momento, com dois meses de escola, a Laura apanhou completamente o ritmo e se já era bastante autónoma e independente, imaginem agora, que não permite que ninguém faça nada por ela…

 

Em contrapartida, aquilo que me angustia na escola do Vicente é a dimensão e o excesso de alunos face a capacidade da escola e dos próprios recursos humanos. Nunca tive feeling com aquela escola e por instinto, a minha opção seria a mesma escola que a da irmã. Porém, foi mais uma vez esmagada pelo que é suposto fazer-se, pelo que é normal, pelo facto do ensino ser em português, apesar do ambiente francófono. Mas o meu coração não estava descansado e não fosse ter sido tão bem recebido por todos os colegas e querer-me parecer que já tem ali bons companheiros de brincadeiras, acho que já tinha assumido um arrependimento por ter declino a outra vaga.

 

A exposição do vicente perante uma escola que vai desde o infantário até ao secundário, tudo misturado, e a um certo ambiente fechado, onde se deixam andar as coisas como estão, ao invés de se tentar mudar o mínimo que seja, mesmo com todas as dificuldades, não é algo que ele tenha maturidade para.

 

Eu sei que quero o melhor para os meus filhos e estar aqui foi uma decisão que tomei 99% com base nisso. Sim! Estou cá por eles e pela oportunidade que esta experiência pode terna vida deles e na sua estrutura como pessoa. Mas as dificuldades são muitas, assim como o desconhecido! Conhecer a cidade é uma coisa, outra bastante diferente é olhar para esta cidade e aferir qual a melhor escola, qual a melhor zona para viver, qual o melhor compromisso entre uma coisa e outra. São demasiadas decisões e todas elas com um grande impacto.

 

Encontrar o equilíbrio perfeito leva tempo, tempo que não temos com os timings definidos para tomar as decisões e para agir. E, depois, no final, quando a poeira assenta e começamos a focarmos nos detalhes, onde é que temos margem para pensar que talvez podeseemps não ter tomado a melhor decisão? Só ter essa sensação já é o suficiente para me tirar o sono e trazer aquele sentimento de culpa que invariavelmente sentimos quando os nossos filhos sofrem consequências de decisões que nós tomamos por eles.

O Vicente está feliz com estes colegas, mas o Vicente preferia a escola de Portugal e, melhor ainda, aqueles amigos também. As saudades estão lá sempre, contudo mais ainda quando se sente ameaçado ou passa por situações menos boas!

 

A questão que me coloco é, fundamentalmente, como conseguir ajudá-lo numa escola com aquela dimensão? Como ajudá-lo a defender-se sem ser igual aos meninos que se portam de forma incorrecta com ele e com outros, por vezes, os mais pequenos, os mais novos, os mais indefesos e os mais frágeis?

 

Não falo de bullying (ainda), falo de situações que acontecem – que eu desejava que fossem, contudo, um pouco mais tarde e que aos seis anos estivesse um pouco mais protegido de um ambiente assim – essas situações, aos meus olhos demasiado graves, mas talvez comuns – mas volto a dizer, não para uma criança de seis anos, talvez lá para o secundário.

Eu sei que lhes quero dar o mundo, mas podia ser o mundo faseado e não todo assim de uma vez… só para variar um pouco da forma como as coisas acontecem na minha vida!

 

E só por mais esta "pequenina" coisa, o meu orgulho nos meus filhos é ainda maior. 

 

Boa noite!

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