Férias de verão um pouco diferentes do planeado!
Se não estou enganada faz hoje um mês que chegamos a Bruxelas. A nossa ideia quando pensamos nesta mudança foi tentar fazer tudo de forma suave com os miúdos. Não queríamos mudanças drásticas para eles, do género chegar um dia e logo a seguir irem para a escola.
Portanto, como o meu marido começava a trabalha dia 1 de julho, decidimos vir logo os quatro nessa altura. Viríamos já definitivamente, apenas com uma pequena interrupção para a (já) habitual semana de férias no algarve. Aliás, uma semana muito desejada por mim, porque iria significar algum descanso – o descanso relativo quando se tem filhos – em que eu não iria preocupar-me com logística das refeições e das arrumações.
Como tal, até aqui, estive a organizar a casa, coisa que leva o seu tempo, assentar rotinas, fazer o reconhecimento do nosso bairro e da cidade. Sem pressas e sem grandes coisas. Tentei, ao máximo, criar as rotinas normais para que eles se fossem ambientando. Descobrimos os parques mais próximos de casa, os supermercados, habituamo-nos aos transportes públicos para passeios um pouco mais longe, eu dei as minhas primeiras voltas de carro para não criar qualquer tipo de fobia ou medo em conduzir nesta cidade onde os condutores são por norma bastante agressivos. Enfim… não houve passeios fora de Bruxelas nem grandes programas culturais. Mas tivemos sorte: apanhamos a partida do Grand Tour de França e as festividades do Dia Nacional da Bélgica – c’est pas mal!
E, aos poucos, tanto o Vicente como a Laura foram aderindo e respondendo à nova realidade e hábitos. Entretanto, conseguimos (finalmente) ter televisão em casa, francesa, e tem ajudado muito na familiaridade com a língua e noto isso sobretudo na Laura que é mais nova e ainda não tem a “vergonha” que o Vicente já tem com seis anos. Nestas semanas tivemos tempo igualmente para encontrar amigos de cá com filhos, crianças que vão encontrar-se também na mesma escola.
Neste sentido, posso dizer que estamos instalados e que já nos sentimos em casa. Agora é tempo de visitar Portugal, numa breve estadia, para as férias e umas visitas rápidas a alguns amigos e familiares.
Contudo, pelo meio, há grande margem para o inesperado e, afinal, dos quatro, três seguem para o Algarve e uma pessoa ficará um pouco mais a norte. O planeado teve que ser alterado por decisões maiores que qualquer necessidade de uns dias de descanso, sol, praia e amigos. Fico de coração dividido, mas com a certeza de que é o certo a fazer. Explicar-lhes não foi fácil, mas eles compreenderam e já estão mentalizados que a mãe só irá dar uns mergulhos na sua imaginação e “descansar” com as fotografias e vídeos que prometem enviar-me todos os dias.
No meu coração reina uma estranha serenidade. Pelo menos, uma tranquilidade que se sobrepõe a todos os outros sentimentos ou o suficiente para que não me sinta demasiado inquieta. Ainda assim, é possível que evite as redes sociais para não levar com as vossas fotografias na praia, em fato de banho, em jantares, em piscinas, etc… Uma pessoa aguenta, mas não precisa estar a ser lembrada disso constantemente!
No fundo, sinto que a minha vida se resume a uma grande missão de cuidar de alguém. Às vezes, ainda há algo em mim que tenta revoltar-se contra isso, porque basicamente assumem que estou sempre na boa nesta “missão”. Mas não estou sempre na boa, às vezes, sinto-me a faltar o ar e com falta de espaço para mim. Todavia, a idade trouxe-me a tal serenidade e a confiança de que “deixar ir e seguir a corrente” é o certo e que se eu aceitar, a vida encarrega-se de me trazer de volta tudo aquilo de que hoje sinto falta. Não é da forma ideal? Não, isso não é.
Bom, depois, se tudo correr normalmente, regressamos para a segunda parte desta mudança. Desta vez, esperam-se mais passeios pela Bélgica e arredores e, claro, a preparação para o próximo ano lectivo.
E agora, vou rapidamente terminar as malas porque o avião não espera, certo?
Beijinhos a todos.