Vão poder continuar a encontrar-me por cá, em Lisboa, sabiam?
O momento que vivo pessoal e profissionalmente nada têm a ver com a primeira vez em que me mudei para Bruxelas. Há seis anos atrás, foi o pretexto que eu precisava para mudar a minha vida a 360 graus, pude fazer uma paragem a sério, uma espécie de licença sabática, e pensar sobre muita coisa e, nesse percurso, encontrar-me comigo mesma e com a minha essência.
Mas ainda assim tive medos! Medo do que estaria para além daquilo que é o suposto certo; medo se conseguiria dar a volta; medo se teria ou não os skills necessários para ser uma empreendedora e criar algo meu e que esse algo se tornasse, no médio-longo prazo, sustentável.
Já vos disse várias vezes que aquilo que mais fiz, nesse período, foi acreditar e agir como se aquilo que eu idealizava e queria muito já fosse real.
Agora, a viver uma fase mais segura profissionalmente, a crescer, com um trabalho, embora com bastante liberdade e em regime de homeoffice, tinha relações com outras pessoas, o networking acontecia, as reuniões, os eventos e tudo mais que são tudo elementos importantes para se sobrevier como trabalhadora independente.
Os medos estão cá e as dúvidas também. Contudo e mais uma vez, prende-se mais com a reacção dos outros e com o facto da mudança ter sempre essa conotação pesada de como se, de repente, a pessoa deixasse de existir ou passasse a ser completamente inacessível.
Mas vamos lá ver, vivemos, mais do que nunca, numa era do digital. As redes, a web, o wireless e até mesmo o homeoffice, no sentido de “trabalha onde quiseres”, são uma realidade e o futuro. Aquilo que eu faço hoje em dia vou continuar a fazer da mesma forma “amanhã” em Bruxelas. E se eu não dissesse nada, ninguém iria notar a diferença, porque ela não existe!
E foi aí que tive que fechar os olhos e visualizar muito bem a forma como eu vejo o meu futuro, longe das observações dos outros que mesmo sem intenção, semeiam a dúvida e abalam a nossa confiança.
Portanto, a partir daqui dar os passos seguintes foi mais fácil. Foi assim que, de repente, tive um click na minha cabeça e lembrei-me dos escritórios virtuais, a solução ideal para quem como eu trabalha na sua casa, mas precisa, por variadíssimos motivos, ter uma morada para o seu negócio, com porta aberta e disponibilidade 24 horas, sete dias por semana.
Solução encontrada, faltava saber onde! E de todos os espaços de cowork que eu conheço e nos quais até cheguei a sondar a opção de alugar um espaço de trabalho, o LACS, situado na Rocha Conde D'Óbidos, em Lisboa, reúne algumas das coisas que a mim me dizem muito, sobretudo nesta fase de despedida.
Desde que moro em Lisboa, tive sempre proximidade com o Rio Tejo, tem a vista para a Ponte 25 de abril; a vista aberta e limpa de prédios e o facto de ser uma zona mais refugiada do trânsito caótico de Lisboa. É um espaço e conceito em si inspirador porque está muito ligado à criatividade e, portanto, reúnem-se ali pessoas e empresas muito ligadas a isso. O ambiente é super descontraído e também multifacetado. Sabiam, por exemplo, que existem nos espaços do LACS um cabeleireiro e um tatuador? Pois, eu não fazia a mínima ideia.
Posto isto, era o sítio ideal para manter a minha ligação a Lisboa e ao meu trabalho cá. A necessidade de ter algo físico era importante nesta fase de divulgação das alterações da minha vida. E foi assim, sem grandes dúvidas, que o destino me puxou para o LACS e proporcionou esta parceria, e eu estou feliz.
Agora, sempre que vier a Lisboa e precisar de trabalhar, fica mais fácil; se precisar de ter uma reunião, fica mais fácil; se receber alguma encomenda, fica mais fácil, pois sou logo avisada; se o meu negócio crescer, fica mais fácil e, num regresso, quem sabe, porque não passar de escritório virtual a físico?
Na verdade, não é o ir embora que me assusta, tenho em mim esse estado constante de nunca estar satisfeita, de ser independente e sonhadora, a quem a rotina não assenta. O que me assusta é ser assim e o resto das pessoas não acompanhar, assusta-me com esta minha constante vontade de voar, de alargar horizontes e de continuar a aprofundar o meu lado mais sui generis e diferente dos outros, me sinta um pouco mais a parte. Por isso era tão importante ter quem me ajudasse a manter a minha ligação cá, de pés assentes e fisicamente, porque o resto acontece com a facilidade de um click. Verdade?
Desta forma, quando vier a Lisboa, já temos local para nos encontrarmos. 😊