Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

As viagens dos Vs

Mulheres nutridas, famílias felizes

As viagens dos Vs

Viajar de avião com crianças de 6 e 3 anos

26.06.19 | Vera Dias Pinheiro

viajar de avião com crianças

Comecei cedo a viajar com crianças. O Vicente estreou-se logo com três meses e os dois primeiros anos foram ricos em viagens de avião e viagens longas de carro. Posto isto, eu que sou uma mãe pouco dada a dar novas tecnologias aos filhos como forma (principal) de se manterem entretidos, rapidamente percebi que é preciso MESMO  entreter as crianças durante estas viagens e, portanto, Tablets, iPads, DVDs portáteis são os melhores amigos nestas alturas e não há que ter medo em usar.

 

Contudo, os primeiros anos não foram fáceis e planear uma viagem tinha sempre uma elevada percentagem que não controlamos. A única coisa que eu tentava fazer era conjugar os horários com os horários mais favoráveis relativamente aos deles. Todavia, bastava um atraso na hora do voo ou ficar tempo a mais em terra à espera da decolagem, para perdermos o controlo de tudo.

 

E para aí até aos 2 anos é difícil mantê-los entretidos durante muito tempo com a mesma coisa e aí sim, há toda uma panóplia de acessórios que levamos: pinturas, jogos, tablets, nós próprios que tentamos entretê-los de todas as formas possíveis e imagináveis.

 

Eu sou mais tranquila, mas o meu marido, por sua vez, fica muito stressado com o facto de poder estar a incomodar os outros passageiros ou se somos avisados por algum(a) hospedeiro(a). Mas percebo e entendo os pais que não conseguem relativizar. Neste voo, vinha uma menina que esperneava por não querer estar sentada e muito menos colocar o cinto e foram uns longos minutos de tensão, ainda por cima, pelo atraso na autorização para descolar.

Posso dizer que a pior viagem de avião que fiz com filhos, tinha o Vicente cerca de um ano e meio, numa viagem de Roma para Bruxelas, já super atrasado, e passei praticamente a viagem toda em pé, junto ao cockpit a abanar o Vicente para conseguir que ele adormecesse. Fiquei com os braços e as pernas dormentes, mas sabem como é, só pensamos nessas coisas depois… Já de carro tivemos várias daquelas de nos levar completamente à loucura e da nossa vontade ser parar mesmo ali o carro!

 

Agora, com seis anos, admito que basta ter um iPad e uma quantidade razoável de episódios da Netflix do agrado do Vicente para até nos esquecermos que ele está ali ao nosso lado – basicamente, o Vicente esgota os minutos todos do ano a que tem direito para usar o iPad….

 

  • Imagens em galeria:

 

A Laura com três anos ainda não se “vícia” desta forma. Para ela levamos o DVD portátil com alguns Dvd com episódios dos desenhos animados que mais gosta, mas não fica vidrada. É preciso ter sempre alguns extras, no caso, os livros de actividades com autocolantes são os que maior sucesso fazem por aqui e, para além disso, a plasticina e ainda, para além disso, a nossa paciência, claro.

 

Esta viagem, em particular, correu muito bem, foi talvez das melhores que fizemos com filhos e, no final, ainda tivemos direito a visita aos pilotos. Devo dizer, uma estreia para todos, pais e filhos. Uma breve explicação sobre como tudo funciona e olhos esbugalhados dos mais pequenos, admirados com tudo aquilo que estavam a ver.

viajar de avião com crianças

viajar de avião com crianças

 

É normal que as crianças sejam muito impacientes e que não percebam os atrasos e as burocracias que existem neste tipo de coisas. É também normal que nós, cheios de boa vontade, entremos em stresse e percamos a paciência, porém, são momentos que quero sempre voltar a repetir com eles e as viagens, seja de que forma for, são ganhos de experiências, momentos únicos e cumplicidades.

Portanto, no balanço que faço, o conselho que vos posso dar é: faço, sem medos. Arrisquem, porque por muitas dicas que vos possa dar, isto é sempre muito imprevisível.

UA-69820263-1

Fim-de-semana cheio de emoções e de comemorações

23.06.19 | Vera Dias Pinheiro

brunch de aniversário sheraton

 

Acho que este foi o primeiro fim-de-semana, em muitos destes últimos tempo, em que consegui descansar e sentir o que são o sábado e o domingo. Estamos a passar os últimos dias num airbnd e a aproveitar para tratar das últimas coisas e inevitavelmente fazer as despedidas. Todavia, está a ser perfeito para recuperar fisica e emocionalmente das últimas semanas.

Para o Vicente, em particular, estes dias não têm sido fáceis. Há muita emoção no ar, ele sente o peso das despedidas na forma como as pessoas se dirigem a ele, mesmo que seja com as palavras de incentivo e de boa sorte na nova etapa. Já o vi muitas vezes a disfarçar as lágrimas nos olhos e, uma e outra vez, fala das saudades que vai ter e que não queria deixar Lisboa…

 

E é normal, porque temos bons amigos e pessoas queridas que preenchem a nossa vida e muitas outras que se tornaram importantes e presentes nas nossas rotinas do dia-a-dia. As lágrimas caiem com facilidade e os abraços servem para colmatar o silêncio, porque as palavras são poucas. Desde as educadoras, as auxiliares, todas as outras pessoas que fazem parte da escola que tão importante foi na vida de todos nós e que nos trouxe outros amigos, os pais de amigos do Vicente. Ganhei uma grupeta valente de super-mães, unidas e únicas na entreajuda. Não vou exagerar se disser que passamos a última festa de aniversário praticamente de lágrimas nos olhos do início ao fim, entre partilhas, desabafos e a sombra da despedida. Foi o último dia em que os melhores amigos estiveram todos juntos!

 

E, depois, o aniversário do pai no sábado que juntou todos os nossos amigos e suas famílias. Um grupo grande, mas, ao mesmo tempo, pequeno pela cumplicidade que todos têm entre si, incluindo as crianças que brincam como se estivessem juntas todos os dias. E a comemoração deste aniversário foi também outras das coisas que tivemos que organizar porque era importante ser intimista e dar para que, embora sendo um grupo grande, estivessem todos o mais junto possível. Também era importante, sendo um almoço, haver uma oferta alargada para satisfazer todos os gostos sem esquecer as preferências dos mais pequenos.  

 

Depois de muito pensarmos, lembramo-nos de um dos almoços em família de que mais gostamos, seja pela comida, pelo ambiente, simpatia do staff, liberdade para as crianças e localização, ainda se lembram do Grande Almoço de Domingo no Hotel Sheraton Lisboa?

Agora o Grande Almoço de Domingo deu lugar ao “grande” Brunch de Domingo no Bistrô do Sheraton Lisboa, e logo a palavra Brunch associado a um espaço para as crianças poderem brincar com a possibilidade de haver animação, conquistou-nos ou não fossemos nós grandes apreciadores de um belo Brunch!

Por outro lado, e tendo avaliado muitas outras opções, a facilidade em conseguir organizar tudo num curto espaço de dias e a disponibilidade para fazer isto acontecer para um grupo tão grande de adultos, mas de crianças também, foi singular e, durante o evento, foram todos bastante simpáticos e compreensivos com a agitação de 16 crianças a precisar de se mexer e gastar energia. E isso é algo que nos deixa mais descansados e, como tal, permite-nos desfrutar, igualmente, muito mais do momento.

 

 

Relativamente ao brunch, penso que a opinião foi unânime: óptima qualidade, variedade, opções mais de pequeno-almoço, frios e três pratos de refeição de almoço para todos os gostos e ainda um kids corner repleto de iguarias deliciosas ao qual os mais pequenos não ficaram indiferentes.  

 

brunch com crianças hotel sheraton lisboa

 

Mas imaginei que as crianças precisassem de algo extra para se manterem entretidas e preparei-lhes uma surpresa com ajuda da Joana da Fábrica dos Saltos, uma empresa de aluguer de insufláveis a preços bastantes simpáticos. E se era impossível ter um insuflável no restaurante de um hotel, recorremos ao Plano B. A Joana apresentou-me a Mariana, da Riscos com Pinta, que faz animação para crianças.

Posso dizer que assim que chegou cativou de imediato as crianças e o difícil foi dizer adeus, porque ninguém queria deixá-la ir. Fizeram pinturas faciais e tatuagens com as tintas da Snazaroo e modelagem de balões.

brunch com crianças hotel sheraton lisboa

 

Contudo, neste ambiente de festa tão bom pelo aniversário do pai, ao mesmo tempo, havia uma certa nostalgia no ar, a da despedida. E, no final, não deu para fugir ao adeus, aos votos de boa sorte, aos desejos de felicidades, aos planos para as visitas a Bruxelas e para as vindas a Portugal.   

ACS_0592.JPG

ACS_0591.JPG

 

Por isso e para esquecer um pouco esta parte mais dura desta nova etapa da nossa vida, optei por reservar os últimos dias para estarmos apenas os quatro, num ambiente normal, numa casa normal, sem caixas ou coisas no meio do caminho que nos lembre constantemente da mudança. Reservei estes dias sem últimas visitas, sem despedidas e sem momentos sentimentais no aeroporto. Pelo menos, quero tentar resguardar o Vicente e a Laura um pouco na transição e, assim que chegarmos, sei que podemos contar com os amigos com filhos para encontros no parque e jogos de bola logo que cheguemos para que eles possam perceber que não vão perder nada, mas pelo contrário, acrescentar coisas e pessoas novas à vida deles.

 

 

Agradecimentos especiais a quem ajudou a tornar tudo isto possível:

UA-69820263-1

Mudar de casa: levar tudo ou destralhar a fundo antes da mudança?

21.06.19 | Vera Dias Pinheiro

destralhar a casa

 

É uma boa questão e que, aliás, vocês mesmas me colocaram. No entanto, para mim a resposta é simples: destralhar (sempre!) antes de qualquer mudança. E avanço logo com a minha justificação: não encher a casa nova, uma espécie de tábua rasa cheia de potencial para boas energias, com objectos e coisas das quais não precisamos, as vezes, lixo mesmo (porque não temos coragem para deitar fora) ou outras coisas que vamos guardando sem qualquer sentido, por exemplo, lembrei-me agora dos cabos, fios e carregadores enfiados numa caixa sem qualquer tipo de utilização.

 

Portanto, alguns meses antes da mudança, comecei a remexer em todas as divisões da casa com o objectivo claro e praticamente implacável de apenas levar o essencial para a casa nova. O que não é uma tarefa fácil, diga-se de passagem. Esta “moda” do minimalismo, que eu defendo e tento aplicar ao máximo na minha vida, vem combater uma outra moda completamente oposta: o de acumular muita coisa. Vivemos praticamente com o sentido da necessidade e do consumo muito activo.

 

Contudo, na hora de me desfazer das coisas, eu já não fico sentimentalista e nem sou muito apegada às coisas. É fácil desfazer do que não preciso e, acima de tudo, tenho muita facilidade (e gosto) em dar, seja a amigas, pessoas conhecidas e, claro, aos “meus meninos" da Escolinha de Rubgy de São João da Talha.

 E desde que mudamos para esta nossa última casa, eu já fiz um esforço enorme para me focar no essencial, não pretendemos encher a casa de móveis, nem encher com demasiados “bibelôs”, nem levar connosco as coisas das quais não precisávamos. Mas o ser humano acumula e tem uma tendência exagerada para não se limitar a ter uma única coisa ou, então, vamos fazendo o up grade, mas mantendo o antigo lá num canto escondido do armário.

Enfim, de qualquer das formas, fazer uma mudança de casa é sempre um processo duro e, ao mesmo tempo, assustador, porque é sempre uma surpresa a quantidade de coisas que temos em casa, dá um trabalho imenso e, no final, as coisas pequeninas tornam-se um autêntico inferno na nossa vida.

Portanto, pela minha experiência: se mudam de casa, aproveitem para irem mais leves! Canalizem a oportunidade para se “desapegarem” das coisas que não vos fazem falta.

 

Mas vamos por partes para não darmos em doidas, afinal, precisamos canalizar a nossa energia para a mudança em si propriamente dita.

  • Por onde começar?

Eu selecciono o tipo de itens e divisão da casa. Faço uma separação entre o que fica, o que é lixo e o que é para dar.

Crianças

  • Brinquedos:
  1. Comecei por tirar todos os brinquedos que já estávamos fora da faixa etária dos dois e com os quais eles já não brincavam;
  2. Retirar jogos e brinquedos partidos ou nos quais faltam peças assim como objectos perdidos ao acaso.
  • Roupa:

Vistoria a toda a roupa, perceber o que ainda vestem ou não, o que já não está em condições para ser usado (e aproveitar para perceber se precisam de alguma coisa, porque estamos em entrar em época de saldos).

Cozinha/Despensa:

Aqui foi o meu inferno! Foi a divisão da casa que ficou para último e que me custou mais. Ainda assim, quando me mentalizei e já sob pressão da empresa de mudanças em casa:

  1. Loiça lascada ou com similar;
  2. Pequenos eletrodomésticos ou utensílios que nós simplesmente não usávamos ou sequer precisávamos realmente;
  3. Tachos, frigideiras e panelas… é aproveitar para deitar fora, por exemplo, aquela frigideira gasta que continuamos a aguardar sem saber muito bem o porquê, pois os ovos mexidos até ficam sempre agarrados no fundo.
  4. Sacos, saquinhos, bolsas, sacos termicos, aquelas coisas que somos capazes de 20 de cada e que rebemos e compramos também por nossa iníciativa, nas promoções do supermercado a achar que pode vir a dar jeito.

Foi este tipo de coisas que eu pus logo de lado.

  • Nas minhas coisas pessoais, foi basicamente o mesmo!

 

E sem saber explicar muito bem como, foi fácil livrar-me de mais algum excesso de coisas, sem remorsos ou sequer pena. Talvez por se tratar daquelas situações limite na nossa vida, mais extremistas, em que é preciso tomar decisões.

E, para além disso, uma casa nova, para mim, tem sempre esta coisa especial de recomeçar do zero e de podermos imputar à nossa casa e, por extensão, à nossa vida, uma nova energia, mais limpa e focada no que é realmente essencial.

 

Acreditem que, quanto mais mudamos, mais necessidade temos de ter menos coisas e, sobretudo, pensamos muito na necessidade de adquirir algo extra que não seja para cumprir uma função especifica, do género, a estante para guardar livros, os cestos para arrumar os fracos na cozinha, sei lá, coisas deste tipo.

 

Portanto, esta parte do “largar coisas” dá-me até algum prazer, a mim, pois para quem vive comigo, pode dar algum medo. 😉

 

UA-69820263-1

Vão poder continuar a encontrar-me por cá, em Lisboa, sabiam?

19.06.19 | Vera Dias Pinheiro

escritório virtual lacs lisboa

 

O momento que vivo pessoal e profissionalmente nada têm a ver com a primeira vez em que me mudei para Bruxelas. Há seis anos atrás, foi o pretexto que eu precisava para mudar a minha vida a 360 graus, pude fazer uma paragem a sério, uma espécie de licença sabática, e pensar sobre muita coisa e, nesse percurso, encontrar-me comigo mesma e com a minha essência.

 

Mas ainda assim tive medos! Medo do que estaria para além daquilo que é o suposto certo; medo se conseguiria dar a volta; medo se teria ou não os skills necessários para ser uma empreendedora e criar algo meu e que esse algo se tornasse, no médio-longo prazo, sustentável.

Já vos disse várias vezes que aquilo que mais fiz, nesse período, foi acreditar e agir como se aquilo que eu idealizava e queria muito já fosse real.

 

Agora, a viver uma fase mais segura profissionalmente, a crescer, com um trabalho, embora com bastante liberdade e em regime de homeoffice, tinha relações com outras pessoas, o networking acontecia, as reuniões, os eventos e tudo mais que são tudo elementos importantes para se sobrevier como trabalhadora independente.

 

Os medos estão cá e as dúvidas também. Contudo e mais uma vez, prende-se mais com a reacção dos outros e com o facto da mudança ter sempre essa conotação pesada de como se, de repente, a pessoa deixasse de existir ou passasse a ser completamente inacessível.

 

Mas vamos lá ver, vivemos, mais do que nunca, numa era do digital. As redes, a web, o wireless e até mesmo o homeoffice, no sentido de “trabalha onde quiseres”, são uma realidade e o futuro. Aquilo que eu faço hoje em dia vou continuar a fazer da mesma forma “amanhã” em Bruxelas. E se eu não dissesse nada, ninguém iria notar a diferença, porque ela não existe!

E foi aí que tive que fechar os olhos e visualizar muito bem a forma como eu vejo o meu futuro, longe das observações dos outros que mesmo sem intenção, semeiam a dúvida e abalam a nossa confiança.

 

Portanto, a partir daqui dar os passos seguintes foi mais fácil. Foi assim que, de repente, tive um click na minha cabeça e lembrei-me dos escritórios virtuais, a solução ideal para quem como eu trabalha na sua casa, mas precisa, por variadíssimos motivos, ter uma morada para o seu negócio, com porta aberta e disponibilidade 24 horas, sete dias por semana.

 

Solução encontrada, faltava saber onde! E de todos os espaços de cowork que eu conheço e nos quais até cheguei a sondar a opção de alugar um espaço de trabalho, o LACS, situado na Rocha Conde D'Óbidos, em Lisboa, reúne algumas das coisas que a mim me dizem muito, sobretudo nesta fase de despedida.

IMG_6762.jpg

IMG_6761.jpg

IMG_6763.jpg

 

Desde que moro em Lisboa, tive sempre proximidade com o Rio Tejo, tem a vista para a Ponte 25 de abril; a vista aberta e limpa de prédios e o facto de ser uma zona mais refugiada do trânsito caótico de Lisboa. É um espaço e conceito em si inspirador porque está muito ligado à criatividade e, portanto, reúnem-se ali pessoas e empresas muito ligadas a isso. O ambiente é super descontraído e também multifacetado. Sabiam, por exemplo, que existem nos espaços do LACS um cabeleireiro e um tatuador? Pois, eu não fazia a mínima ideia.

lacs lisboa, rio tejo

 

Posto isto, era o sítio ideal para manter a minha ligação a Lisboa e ao meu trabalho cá. A necessidade de ter algo físico era importante nesta fase de divulgação das alterações da minha vida. E foi assim, sem grandes dúvidas, que o destino me puxou para o LACS e proporcionou esta parceria, e eu estou feliz.

 

Agora, sempre que vier a Lisboa e precisar de trabalhar, fica mais fácil; se precisar de ter uma reunião, fica mais fácil; se receber alguma encomenda, fica mais fácil, pois sou logo avisada; se o meu negócio crescer, fica mais fácil e, num regresso, quem sabe, porque não passar de escritório virtual a físico?

Na verdade, não é o ir embora que me assusta, tenho em mim esse estado constante de nunca estar satisfeita, de ser independente e sonhadora, a quem a rotina não assenta.  O que me assusta é ser assim e o resto das pessoas não acompanhar, assusta-me com esta minha constante vontade de voar, de alargar horizontes e de continuar a aprofundar o meu lado mais sui generis e diferente dos outros, me sinta um pouco mais a parte. Por isso era tão importante ter quem me ajudasse a manter a minha ligação cá, de pés assentes e fisicamente, porque o resto acontece com a facilidade de um click. Verdade?

 

Desta forma, quando vier a Lisboa, já temos local para nos encontrarmos. 😊

 

UA-69820263-1

Consulta Pós-Cirurgia e o Primeiro Dia Oficial de Mudanças

18.06.19 | Vera Dias Pinheiro

emigrar com crianças bruxelas

 

 

Lentamente começa tudo a ganhar forma e ritmo. Depois da paragem abrupta com a (má) surpresa da apendicite, parece que as coisas voltam a entrar nos eixos, continuando o seu caminho. E eu, cautelosa, pois já me chegam as surpresas, permito-me respirar um bocadinho de alívio.

E porquê?

Porque a semana começou com o desbloqueio de várias coisas importantes: uma relacionada com o meu trabalho, a outra relacionada com a minha saúde e toda esta situação de ter sido operada e, por fim, a mudança.

 

E o dia de hoje foi uma espécie de DIA D. Comecei o dia com a consulta pós cirurgia e com a chegada da empresa das mudanças para que esta grande confusão pudesse, de alguma forma, começar a ganhar forma… a forma da partida!

Já sabem que, na minha vida, as coisas sucedem-se ao mesmo tempo e de forma, muitas vezes, tempestiva. Se ainda aqui estou, isso quer dizer qualquer coisa. Acho que posso considerar-me uma pessoa rija e que não se deixa ir abaixo assim de qualquer maneira, muito menos, quando as circunstâncias são de grande exigência.

 

Senti um grande alívio por saber que a recuperação está a correr bem e agora é só evitar os esforços físicos mais algumas semanas, ter atenção ao sol nas cicatrizes e rapidamente estarei na minha vida normal. E fiquei particularmente feliz após saber que, afinal, não era uma apendicite apenas no seu início e detectada a tempo, mas sim uma situação bem mais grave. Estou feliz e grata, mais uma vez, a toda a equipa do Hospital dos Lusíadas que me acompanhou desde que eu entrei nas Urgências a gritar de dores e por drogas também…

 

Quando cheguei a casa, feliz, aliviada e mais leve, encontrei a nossa casa num grande reboliço com caixas, cartões e outros materiais que dão agora forma à mudança. E mesmo que nos próximos dias o ambiente por aqui seja tipo acampamento e o “salve-se como puderes”, as coisas estão a acontecer… finalmente! E assim tirei outro peso dos meus ombros. Mesmo com os dias árduos que ainda temos pela frente.

 

Nesta fase, contrariamente a muitos daqueles que são os meus sentimentos, eu já só quero ir! Entendem? Quero ir e voltar a ter a nossa casa de volta, mesmo com outras paredes e num lugar um pouco mais longe daqui. Mas quero e preciso de ter o nosso porto seguro de novo, porque é disso que os lares se tratam: são o porto seguro de cada família.

E levando tudo aquilo que é nosso acredito que todos nós rapidamente nos sentiremos em casa.

 

E sobre o trabalho, falarei amanhã…

 

Moral da história:

Afinal, existe sempre um plano B que, muitas vezes, não é necessariamente pior do que o Plano A. Afinal, existe, quase sempre, uma alternativa ou outra forma para se fazerem as mesmas coisas.

Confiem! Acreditem! E transformem as adversidades em oportunidades!

UA-69820263-1

Tivemos a nossa primeira despedida…

17.06.19 | Vera Dias Pinheiro

peixe de água salgada, tropical marine center

 

Por esta altura, sentimos já que estamos ou a fazer as coisas pela última vez ou a dizer adeus a alguma coisa ou a alguém. E neste processo profundo de mudança e em que decidimos ir literalmente com a casa às costas – bom, não assim tão literal, porque a casa vai bem acomodada dentro de um camião e nós, descansados, dentro do avião. Mas ia eu a dizer, nesta mudança, houve desde logo algo que soubemos que seria muito difícil levarmos connosco… o nosso aquário, mais propriamente, os nossos peixinhos.

 

Curiosamente, está quase a fazer um ano que os recebemos, num misto entre entusiasmo e também muito medo, pois eu não fazia a mínima ideia onde me estava a meter. Era uma experiência completamente nova a de ter um aquário de água salgada em casa com um casal de peixe-palhaços lá dentro e tudo isto, volto a dizer, na nossa sala.

peixe de água salgada, tropical marine center

peixe de água salgada, tropical marine center

 

A reacção dos miúdos foi tipo “WOW” e de todas as crianças que vinham cá a casa. Mas a beleza não vinha apenas dos peixinhos coloridos, todo o ambiente e decoração trouxeram ainda mais conforto à nossa casa e sinceramente, olhar neste momento para aquele canto vazio dá-me uma certa tristeza.

ACS_0977.JPG

ACS_1797.JPG

 

Foi praticamente um ano – e muitos me deram os parabéns, pois foi notável para alguém completamente amadora, como eu, ter entrado de cabeça nisto, sem saber nada e ter conseguido manter todos os peixinhos VIVOS, o próprio aquário a funcionar e tudo isso.

 

Contudo, a verdade é que eu apenas fiz aquilo que qualquer um de nós, que quer iniciar-se em algo do qual não percebe nada, que foi ir buscar a informação a quem a têm. E embora eu saiba que serei apenas e só uma amadora na aquariofilia, conheci pessoas que amam os peixes e que dominam o assunto como experts que são e foi uma experiência fantástica. Aprendi imenso, fiquei desperta para assuntos que me passavam ao lado e desfiz mitos acerta dos peixes de estimação.

Como tal, naturalmente que não poderia deixar de referir a Tropical Marine Centre (TMC), onde foi a minha vez de me sentir tipo “WOW” e o André Corga, a pessoa responsável, que me explicou sempre tudo, respondia às minhas mensagens e a quem eu não conseguia contar o sucedido ao camarão por estar cheia de remorsos e a achar que tinha sido culpa minha.

Esse momento foi, sem dúvida, o mais complicado, mas quando ultrapassei os tais erros de principiante, senti-me muito mais à vontade com o meu aquário. E se eu alguma vez duvidei de que os peixinhos não são resistentes e que são animais de estimação que curta duração, desenganem-se, é o oposto!

 

Porém, como qualquer animal de estimação, é preciso conhecer e perceber o que precisam para os instalarmos em nossa casa, o que precisam enquanto estiverem em nossa casa e toda a manutenção associada, no caso a limpeza e a alimentação são as duas coisas fundamentais. Por isso, se um dia decidirem ter um peixe de água salgada em vossa casa não hesitem, basta que se desloquem à loja certa e, nesse caso, aconselho sempre a consultarem a lista de lojas que trabalham directamente com a TMC, no seu próprio site.

 

Resta-me agora saber que foram adoptados por dois amantes, daqueles mesmo à séria, de peixes de água salgada e que ficaram felizes quando a oportunidade surgiu. Tive a grande sorte de serem eles a tratar do transporte dos quatro peixinhos… senão ia ser um estado de nervos para mim!

 

Entretanto, passadas poucas horas recebi logo novidades….

peixe de água salgada, tropical marine center

 

O Carlos e o Nuno têm um projecto/plataforma que se chama FRAGROOM que pretende ser uma plataforma dinâmica de troca de informações para os entusiastas da aquariofilia de água salgada. Podem encontrá-los no Instagram e Youtube e eu, no caso, já estou a segui-los para conseguir “sacar” notícias dos meus peixinhos, claro!

 

Qualquer animal de estimação exige de nós uma atitude consciente e responsável, seja na hora de os trazermos para nossa casa, seja no momento em que percebemos que não temos mais condições para os termos. Não é apenas uma brincadeira de um determinado momento, é uma responsabilidade que esperamos que dure durante muito tempo. E

 

Portanto, este era assunto que me estava a causar alguma ansiedade, pois queria, o quanto antes, encontrar-lhes um novo lar para não chegar ao ponto de colocar em causa o cuidado e o seu bem-estar.

E, no final, houve um Final Feliz para eles!

 

UA-69820263-1

Não foi bem assim que imaginei os nossos últimos dias em Portugal...

16.06.19 | Vera Dias Pinheiro

últimos dias em bruxelas, emigrar com crianças

 

Sem Santos Populares, sem Feira do Livro e sem outras pequenas coisas às quais tive que dizer não ou mesmo cancelar, porque a verdade é que foi preciso abrandar o ritmo no meio do caos da mudança.


Estava tudo controlado e havia tempo para tudo, mesmo que sempre a correr de um lado para o outro. Porém, de um momento para o outro, fui obrigada a parar e a recomeçar com calma. E nesse processo tive que ganhar forças para definir prioridades, escolher o devo ou não fazer e, acima de tudo, perceber em que medida é que em determinadas situações estava ou não a agir mais prol dos outros do que de mim mesma.

É que eu sou esse tipo de pessoa. Sou aquela pessoa que facilmente dá por si a fazer as coisas mais pelos outros do que por si mesma. E sem coragem para dizer um não!

 

Contudo, nesta recuperação, sou constantemente alertada para a necessidade de dosear os esforços e a intensidade com que faço as coisas. Mas há coisas das quais eu não posso fugir, nomeadamente cuidar dos meus dois filhos, que só isso já é trabalho suficiente; o meu trabalho e toda a transição necessária de ser feita e, por fim, e não menos importante a mudança. E assim percebi com clareza que estas são as minhas prioridades e onde devo investir as minhas forças.

E uma mudança deste género, quem já passou por isso saberá, não é feita de animo leve, não se trata apenas de colocar tudo em caixar e pronto! Comecei cedo a planear, organizar e também a destralhar. O que, por um lado, foi a melhor ideia que podia ter tido, mas, por outro, tem vindo a tornar a nossa vida cá em casa cada vez mais caótica, desarrumada e confusa. E não é fácil lidar com isso, nunca é, mas nesta recta final, começo a sentir-me mais nervosa e ansiosa.

Mas não sou apenas eu, o Vicente e a Laura também. Os dois passam os dias a brincar aos aviões e a perguntar quando vamos no “avião para Bruxelas” ou, por exemplo, quantos dias ainda vão estar na escola. Ai!!! É muita pressão! Muita mesmo!

 

A esta altura do campeonato, já não existe propriamente vontade de estar nesta casa e contam-se os dias para que comecem a encaixotar e levar coisas daqui. O trabalho que temos pela frente é ainda muito, porque as coisas parece que se multiplicam, tanto as que são para destralhar, como as que são para levar. Torna-se desesperante não conseguir colocar uma ordem, um início é um fim. É tudo um caos!

Entrentanto, os dias passam-se, a data aproxima-se rapidamente e fica, no entanto, uma certa pena por não ter aproveitado os últimos dias por aqui tal como tinha planeado. Para além disso, tive que deixar de treinar, algo que me faz tão bem a cabeça e a tudo; os encontros que tive desmarcar; o arraial de Santo António onde queria levar os miúdos; a Feira do Livro, uma paragem obrigatória todos os anos...

Vejo-me apenas rodeada de caixas e mais caixas, de coisas fora do sítio e sempre em grande esforço para manter a calma, todos os dias, de manhã à noite. Contudo, a recta final custa sempre mais, não é verdade? Pelo menos sempre ouvi dizer que sim.

Houve alguém que comentou o seguinte:

“Por vezes, há momentos em que sentimos que a nossa vida está sem “suspenso”. Quando finalmente, chegarem a Bruxelas a vida volta a fazer play e recomeçam do ponto onde estavam antes de tomar a decisão da mudança. E vida volta a girar e as rotinas voltam ao dia-a-dia. E a nova casa “volta” a ser a vossa casa/lar.” Uma seguidora nesta fotografia.


E, talvez, seja mesmo isso, porque, neste momento, vivemos dividimos entre cá e lá. Despedir-nos de cá e instalar-nos lá, e sim, esta parte envolve muita burocracia, desde documentos, de assuntos relacionados com a casa e com as escolas. E, desta vez, vou com outras preocupações, afinal, agora vou com duas crianças crescidas e não podemos cair lá de para-quedas. Se há coisa que quero garantir é que sintam em todo este processo segurança, tanto quanto possível nesta primeira fase. Por isso, temos feito todos os esforços para ter tudo tratado antes de chegarmos com eles e tem sido uma loucura.


Mas agora estamos mesmo quase! Estamos a poucos dias, pouquinhos mesmo de se dar o tal “click” e as coisas voltarem a engrenar. Ainda não consigo respirar de alívio, contudo já vislumbro uma luz ténue ao fundo do túnel.

 

UA-69820263-1

Pág. 1/2