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As viagens dos Vs

Mulheres nutridas, famílias felizes

As viagens dos Vs

A maternidade como ela é... cansa. Como é que ninguém me avisou?

06.05.19 | Vera Dias Pinheiro

maternidade como ela é

 

Não sei em que fase vocês estão com os vossos filhos, que desafios enfrentam e que personalidades vos surpreendem. Por aqui, estamos – digamos – a viver um período tenso, de birras, por um lado, e de uma série de emoções e sentimentos a despontar com todos os desafios que isso apresenta numa criança, para quem tudo é novo.

 

Não me lembro da última refeição, sentados a quatro, sem choros ou gritos, ou que tenha conseguido ter uma conversa normal com o meu marido. De certa foram, é algo que eu já estou à espera e imagino que com a minha capacidade de indiferença, a Laura lá vai cedendo na sua teimosia. Mas o Vicente não cede com a irmã e a irã não se deixa ficar para trás.

 

Agora já não funciona dizer “porque sim” ou “porque eu mando”, é preciso explicar, argumentar e, muitas vezes, dar uma volta gigante para dizer uma coisa que se podia explicar logo desde o início. Já apanho o Vicente a tentar enganar-me, a esquivar-se das coisas que eu digo e a assumir a “culpa” do irmão mais velho, aquilo que eu jamais quero que ele sinta.

 

Mas depois, sinto que são duas crianças cheias de amor e de mimo. São crianças felizes, teimosas e exigentes, mas felizes! Parecem mil quando estamos em qualquer lugar e passam de melhores a priores amigos literalmente numa questão de segundos. De um momento para o outro, são gritos e choros como se o mundo estivesse a acabar ou, então, como hoje no regresso da escola, a Laura atira um boneco à cara do irmão do nada.

 

Por outro lado, sabem ser bastante cúmplices e o tempo em conjunto tem contribuído para que sejam grandes companheiros de brincadeiras e de conversas e nenhum arrufo abala esse sentimento de irmãos.

 

Há uns dias falávamos de rotinas e eu, sem qualquer hesitação, prefiro a da manhã. Eles acordam cedo, a probabilidade de estarem mais bem-dispostos é maior e, como eles sabem que vão para a escola, com mais ou menos “luta”, a coisas acaba por ser resolver relativamente bem. Ou, pelo menos, eu deixo-os na escola e vou para o ginásio, o que me permite ter ali uma hora só para mim, que me faz esquecer qualquer furação que tenha enfrentado pela manhã.

 

Contrariamente ao final do dia, em que já estamos todos cansados, já não fazemos as coisas com tanta leveza e também a própria rotina do final do dia é bastante mais pesada que a da manhã.

 

Tenho que os convencer a ir tomar banho, temos que, pelo meio, ter o jantar pronto a horas, tenho que os convencer a lavar os dentes, tenho que os convencer a ir para a cama e, por fim, já imploro para que, pelo menos, fiquem sossegados na cama até adormecerem.

 

Durante a semana, a coisa piora, porque a Laura ainda dorme a sesta na escola e ao fim-de-semana já não e, dessa forma, adormece mais rápido. Lembram-se de todo o ritual que a Laura tem para dormir, não se lembram? Enfim…. Sem mais comentários!

 

Depois, a minha única vontade é atirar-me para a cama, mas não, lembro-me do caos que ficou a cozinha e lá vou eu – já em sacrifício – arrumar e deixar tudo pronto para o dia seguinte.

 

Porém, sou mãe e, talvez por me sentir a amadurecer (aka envelhecer) levo as coisas de uma outra forma, porque sei que esta continua a ser das melhores fases, ainda me cabem no colo, ainda me obedecem com relativa facilidade, ou pelo menos, ainda não têm o poder de me contrariar e de dizer que já não são crianças. Nesta fase, eles ainda são meus e nem pensar mudar isso e daqui a nada tudo muda e eles crescem.

 

Verdade?

Boa noite.

 

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