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As viagens dos Vs

Mulheres nutridas, famílias felizes

As viagens dos Vs

É preciso dizer BASTA! Agressão não é amor.

07.03.19 | Vera Dias Pinheiro

violência doméstica

Hoje soubemos que mais uma mulher faleceu vítima de violência doméstica. Esta foi a primeira notícia que li esta manhã, a segunda foi a anunciar que hoje tinha sido decretado, pela primeira vez, Dia de Luto Nacional por todas as vítimas mortais de violência doméstica.

Posto isto, tudo o resto que tivesse para vos dizer fica completamente suprimido pelos factos que são notícias constantemente. Fica suprimido perante estes crimes de “amor” que acontecem repetidamente; pelos culpados que se entregam a seguir na polícia e pelos agressores que, pelo contrário, são absolvidos porque a fatalidade ainda não aconteceu. Atestam-se as faltas de provas…

Curioso que, nos dias de hoje, em que tanto se fala de empoderamento das mulheres, este assunto esteja mais vivo do que nunca. Curioso que, ao mesmo tempo em que lutamos cada vez mais pela igualdade e pelos direitos das mulheres, sentimos que, voluntaria ou involuntariamente, se compactua com os casos repetidos de violência doméstica, quer física quer psicológica. As agressões passam entre os pingos da chuva como se os factos nunca fossem suficientemente fortes por si só para salvar uma mulher da morte!

Podia aproveitar a oportunidade para voltar a frisar a importância do amor próprio. Podia reforçar que nutrir o nosso espírito nos dará a força para sermos capazes de dizer BASTA! Para sermos capazes de virar as costas ao primeiro sinal – ameaça - de agressão. O amor próprio de cada mulher devia ser superior ao medo, à perda, à solidão e a tudo o que demais a possa assustar, mantendo-a aprisionada a um amor que é tudo menos amor.

O meu maior desejo é que, neste processo de empoderamento e em que estamos tão preocupadas com o ódio mulher-mulher, cada uma se insurja contra o seu agressor a tempo de escapar do pior. E que assim, as notícias e os casos efectivos deste tipo de violência pudessem ser cada vez menos. Que cada mulher procure ajuda uma, duas, três, as vezes que forem precisas porque a sua vida é mais importante do que qualquer outra coisa.

O que é que acontece para que estas mulheres sejam brutalmente mortas? Agredidas? Como é que deixamos passar? Como é que se pode aceitar ou até tolerar? Eu não sei! Fico incrédula, angustiada, fico a pensar e a remoer em tudo isto. Perturba-me a indiferença e a facilidade com que não nos queremos meter e com que o nosso silêncio compactua com este tipo de situações.


Nunca sofri bullying, a nível das relações amorosas, nunca me levantaram a mão, nunca o contrário sucedeu e nem eu cresci perto de casos destes. Não sei o que é o amor cego, os ciúmes excessivos, ou qualquer outro tipo de perturbação que possa estar na sua origem. Mas o que eu sei é que não é o certo! Não é o justo e não é legítimo! Que não se aceite jamais o mínimo sinal de violência como merecido!

Quero acreditar que educo os meus filhos para nunca serem agressores ou agredidos. Quero acreditar que os educo com igualdade e respeito pelo outro, independentemente do género, da raça ou da religião. E, acima de tudo, que sejamos mais activos como pessoas e como membros da sociedade, pois a responsabilidade é de todos nós!

 

07.03.2019, Luto Nacional pelas vítimas de violência doméstica pela primeira vez em Portugal.

 

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