Todas as mudanças são precedidas de um pouco de caos!
Não se iludam, pois, o perfeito é apenas uma ilusão que criamos na nossa cabeça e que, de certa forma, nos guia e nos inspira a alcançar os nossos objectivos – certos de que a tal perfeição é inalcançável.
Neste sentido, digo-vos que não existe mudança – pelo menos que eu conheça ou tenha vivido – que não seja antecedida de algum caos. E hoje, alguém acrescentava, de um pouco de depressão também. E asseguro-vos que, aquela pessoa sempre pronta a mudar, a aventurar-se e a desafiar-se, também passa por este momento de depressão antes da grande mudança.
De certa forma, ansiamos muito com o desfecho das coisas, pensamos muito sobre o como será que vai ser de coisas que ainda não fazem parte do nosso presente, mas que acabam por condicioná-lo. Os momentos em que as coisas ainda só acontecem na nossa cabeça e na forma como projectamos e estruturamos tudo, são difíceis. Sim, eu já sei como tudo se processo, mas cada mudança tem as suas próprias características e as suas próprias especificidades.
E são essas particularidades que determinam também a nossa vontade de querer, acima de tudo e antes de qualquer coisa, proteger os nossos, proteger os mais susceptíveis aos efeitos dessa mudança. Tentamos ainda assim manter a rotina normal, viver o presente, mas a sombra da mudança já se apoderou de nós e nós já só queremos que ela aconteça, porque – lá está – estamos ansiosos para saber como é que ela vai correr, como é que cada um vai lidar com ela e como é que – eu – o ponto onde todos convergem, me aguento.
Muito provavelmente não percebem nada do que eu estou para aqui a dizer e se pudessem gritavam desse lado: “Desembucha mulher! Mas que raio de mudança é essa assim tão grande que te anda a condicionar?!” Contudo, a resposta, neste momento, é tão somente, a seu tempo saberão. Permitam-me apenas desabafar.
Por outro lado, chegamos a março, a iminência da primavera e talvez aquela fase em que todas as nossas reservas de vitamina D se estão a esgotar, em que olhamos no espelho e já nos apercebemos da nossa palidez de inverno e em que ao mínimo sinal de um dia mais ameno, já temos vontade de deixar o casaco em casa, mesmo que o mesmo ainda seja preciso, porque o tempo não está certo.
O terceiro efeito é um sintoma de falta de paciência que se apodera de nós. Diria que noto uma menor tolerância, sobretudo com as minicidades inerentes a quem tem filhos. Talvez por acharmos que, com o crescimento, há coisas que não voltam atrás, que não regridem. Por exemplo, que, quando começam a dormir bem, não voltam a dormir mal, que quando comem sozinhos, não voltam a implorar por ajuda, que depois de conversarmos e explicar alguma coisa, eles não se esquecem passados poucos minutos. Acumulamos um cansaço em relação aos filhos que eu achava difícil, porque bastava uma noite em paz para recuperar. Contudo, quando todos estamos menos tolerantes, as situações agudizam-se, entre os filhos, cuja relação começa a passar por muitas e repetidas fases de conflitos. A desarrumação sucessiva, face a qual sentimos estar a ceder demasiado espaço e a uma vontade (gigante) de que seja possível que as coisas aconteçam por si, como se fosse possível usar uma varinha mágica.
Entretanto, é bem possível que tudo isto se resuma apenas a isto: Mercúrio Retrógrado. Que, para os mais distraídos, começa amanhã e vai até ao dia 28 de março. Muita calma, paciência e nada de decisões precipitadas. Estejam preparados para os imprevistos, para os atrasos e para um certo impasse relacionado com decisões que posso estar à espera.
Boa semana e bom Carnaval!