Deixem que se fale do maior amor de todos: o amor-próprio!
Ainda é preciso falar de amor, ainda é preciso lembrar as pessoas o que é o amor e que fundamentalmente, se não se amarem a si mesmas… bom, dificilmente conseguirão amar outra pessoa ou retirar, desse sentimento, a plenitude das coisas boas que esse sentimento (vivido com os outros) nos traz.
Pensava eu que, numa altura em que fazemos um esforço tão grande por afirmação do amor-próprio, pelo quebrar de estereótipos e pela afirmação de quem somos, tal como somos, as tais pessoas reais, não seria urgente falar de amor para além do óbvio.
Mas é preciso lembrar hoje, no dia dos namorados e em todos os outros dias, que o amor é muito mais do que os presentes, as flores, as rosas vermelhas, os corações, as mensagens “pirosas”, como, aliás, se espera que sejam… o amor antes de estar no outro, deve estar em nós!
Todos os dias é possível ler, ver e ouvir notícias de casos trágicos, violentos e macabros de violência de alguém contra alguém. E se quisermos ser objectivos, desde o início de 2019, nove mulheres morreram vítimas de violência doméstica. É assustador, eu sei! E é ainda mais assustador quando nos apercebemos o quão desprotegidas estão estas mulheres (e homens, porque também os há vítimas de violência), ao ponto de só quando a fatalidade acontece é que se tomam as devidas medidas.
Menos dramáticos, ou pelo menos menos fatais, são os fenómenos que surgem nas redes socias, os tais anónimos, perfis falsos – a rede! – que se cria, assustadoramente desconhecidos e que faz uso de outro tipo de violência, a psicologia, gratuitamente, dada a quem nem sequer conhecem. E porquê? Pode ser pelo simples facto de não se gostar de uma determinada roupa, ou porque engordou, ou porque emagreceu, no fundo, nas redes sociais tudo se torna válido, não existindo um padrão, porque não existe um motivo que não seja – pelo menos para mim – a frustração que as pessoas sentem pessoal e profissionalmente. O vazio emocional que nem sequer chega a ser colmatado, muitas vezes, nas relações que têm e a incapacidade de dar amor a si mesmo.
Falar de amor é pegar em tudo isto – que não é tudo, mas que já é tanto – e tomar consciência que, no princípio de tudo, estamos nós! Que antes de cuidar de alguém, é precioso aprender a cuidar de nós. É igualmente urgente que quebrar de uma vez por todas o mito de que o amor próprio é supérfluo ou acessório, porque quanto mais as pessoas – como eu e tu – estivermos satisfeitas consigo mesmo, a todos os níveis, menor é a sua necessidade de espelhar a sua frustração no outro.
O amor-próprio pode não ser a chave para acabar com o mal no mundo, mas sabem? Tenho a certeza que nos tornaria a todos melhores pessoas, melhores chefes, melhores pais, melhores amigos, melhores maridos e melhores mulheres. Porque o amor é, e deve ser sempre, a base de tudo.
E sabem o que me custa? Custa-me ver que a maioria de nós já olha com desconfiança para o outro, já parte do pressuposto que agimos com mau íntimo, com maldade. E isso deixa-me triste, profundamente triste.
Tenho uma palavra pública aqui e nas restantes redes sociais, abro a minha vida – ou parte dela - a quem me quiser ler. Trata-se de um público que eu não controlo, que desconheço e cujo alcance é imprevisível. Estou sujeita ao retorno, seja ele qual for, mas o meu papel e aquilo que quero passar aqui é que não se esqueçam de vós – sejam homens ou mulheres.
O que vos quero dizer é que é, independentemente de os caminhos serem mais ou menos tortuosos, existe uma alternativa e que, no meio do caos, da falta de tempo, do stress, só existe uma coisa que podemos controlar: o amor que nos damos a nós mesmos nas mais pequenas coisas. E é aí que vamos dar tudo, porque o amor-próprio aumenta a nossa auto-estima, torna-nos mais confiantes e isso permite-nos agir e ter uma maior capacidade de reagir ao medo, as situações adversas e ao desconhecido. E contribui também para que nos saibamos defender (dos outros).
Sei que dou o melhor de mim à minha família, sei que sou o pilar para que, aparentemente, tudo o resto flua e progrida, mais do que eu própria. Já passei por situações que me deixaram numa posição mais “dependente”, mais frágil, mas isso não definiu o resto, porque foi nesses momentos que aprendi a olhar para dentro e perceber o que é que eu tinha dentro de mim que me podia fazer dar a volta e adaptar-me.
Não deixem que “matem” os vossos sonhos! Não tenham receio de gostar de vocês e, sim, de se sentirem bonitas, por dentro, mas também por fora!
Feliz Dia De São Valentim!