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As viagens dos Vs

Mulheres nutridas, famílias felizes

As viagens dos Vs

Não te deixes acomodar! Não tenhas medo da tua mudança!

04.02.19 | Vera Dias Pinheiro

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Aceito os momentos em que a minha energia não está no seu auge. Permito-me até alguma preguiça quando os níveis de cansaço atingem os limites máximos. Faço escolhas, pois aprendi que não serei capaz de apagar todos os fogos. E, por fim, tenho como barómetro aquilo que me traz maior satisfação. E assim vou fazendo as minhas escolhas no dia-a-dia, devendo muito menos satisfações aos outros do que a mim mesma.

 

Contudo, impera algo que nem sempre consigo vencer: a facilidade com que nos deixamos acomodar ao que nos é mais confortável. A mudança é algo que acarreta inevitavelmente muitas outras coisas, pequeninas, mas que nos moem, burocracia difícil de resolver, problemas que desconhecíamos, imprevisto, adaptações. Enfim, a lista é longa e pode ser desmotivante. Afinal, se até não estou mal assim, porque é que vou estar com todo o trabalho para mudar.

 

Esqueço-nos é que a mudança é sinónimo de progresso e, na forma como eu olho para a minha vida, o meu grande medo é o de não viver tudo aquilo que eu poderei viver. É o de não agarrar todas as oportunidades e, acima de tudo, o de não ter a capacidade para identificar as oportunidades precisamente por estar demasiado acomodada no confortável.

 

Vou fazer 36 anos e, se há algum tempo atrás, quando me despedi, o meu medo pairava sobre a minha carreira – sobre aquilo que a sociedade e os seus padrões normais esperariam de mim – estou numa fase em que o meu maior receio é o de não viver em tempo útil, de saúde, de dona das minhas capacidades mentais e motoras para aproveitar a vida e olhar para trás com o sentimento de que fiz tudo.

 

Sinto que as mudanças são olhadas de lado, são sentidas como uma ameaça, para as quais, a reacção que sentimos dos outros, é que como “os meus sentimentos”. Sou fiel à minha crença de que as mudanças vêm por um bom motivo à nossa vida, que dão trabalho, mas que se estivermos conscientes disso e aceitarmos essa mudança como uma oportunidade, a nossa vida muda e muda para melhor.

 

Vou fazer 36 anos e quero sentir a vida de verdade, com emoção, com altos e baixos e com mudanças… que exigem de mim adaptações, reinvenções e sei lá mais o quê! Talvez sim, a mesma rotina, durante muito tempo, me aborreça, talvez sim, pertença aquela pequena percentagem de pessoas que se sente cidadão do mundo e que a ideia de andar com a casa às costas e do desafio, é bem aliciante e é aquilo que, no fundo, me alimenta e me faz sentir agarrada à vida de verdade. E o tempo de o fazer é agora, é neste presente em que sou activa, tenho saúde, tenho força, entusiasmo e acredito que sou capaz.

 

Talvez a minha sorte maior, é ter feito um caminho de bem-estar comigo mesma. Contudo, o facto de estar sozinha não ser um sinónimo de solidão, não significa que não dos outros e dos meus balões de oxigénio, porque preciso. Mas lido bem com este lado “solitário”.

 

Espero não cair em contrassenso quando digo que gosto de pessoas, porque isso é verdade. Eu gosto de pessoas de verdade, gosto de pessoas que me entreguem algo, que acrescentam algo à minha existência, que dão de si, mesmo que sejamos completos estranhos e seja uma conversa circunstancial. E talvez isso, seja fruto das minhas vivências fora do meu país e da minha zona de conforto, onde a entrega às coisas tem necessariamente que ser maior, onde assumimos quem somos sem filtros ou véus. 

 

Vou fazer 36 anos e quero essa mudança! Quero coisas novas e um novo desafio que me retire de novo da minha zona de conforto, que me faça aprender mais qualquer coisa como pessoa, que me faça descobrir como ser humano e que me faça sentir a vida nua e crua. Afinal ainda há um tanto de coisas que quero fazer. Talvez o difícil tenha sido o processo de descoberta, agora é tudo mais fácil, quando aquilo que te é pedido é “somente” que abraces a mudança.

 

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